Centenário de um grande oeirense
Da Redação
(*) Por Ferrer Freitas
Se vivo fosse teria completado 100 anos no dia 4 de novembro um grande oeirense, Carlos Borromeu de Carvalho Souza. Figura ímpar, cidadão de conduta ilibada, eram seus pais Benedito Francisco, amplamente conhecido por Dito Francisco, e dona Raimunda, filha do major Selemérico Newton de Carvalho. Não sei precisar os nomes de todos os seus irmãos, pois eram muitos. Privei com alguns em Oeiras, caso do Francisco (Chico) que trabalhou na Colônia Agrícola Nacional do Piauí (CANPI), hoje município Colônia do Piauí, na função de enfermeiro, o que fazia de muito bom grado. Sua lembrança advém do fato dele ter morado em nossa companhia, pois meu pai, João Burane, também lá trabalhava à época, anos cinquenta, cujos administradores foram Gusmão, Antônio Tapety, Lauro e outros.
Lembro ainda (e bem) de Selemérico Newton, pai de um dos meus melhores amigos de infância e adolescência, Antônio Adovaldo (por onde anda, meu Deus!). Outro seu irmão, Paulo Gutemberg, foi muito moço morar no Rio de Janeiro e por lá ficou anos a fio até mudar-se, se não me engano, para Natal, RGN, onde faleceu. No Rio residimos, eu e o Paulo, em ruas próximas no bairro do Catete. Agora, das irmãs, a lembrança mais forte que guardo é de dona Célis, professora do Grupo Escolar Costa Alvarenga, bem próximo de sua residência na praça de mesmo nome, dona Geni, esposa de Luiz Guanabara, Adileia, figura mansa, católica fervorosa, e Antonieta, que também viveu por alguns anos no Rio. Outro irmão do homenageado, Gaudêncio de Carvalho, viveu em Brasília e lá se projetou como poeta festejado. São deles os belíssimos versos que me permito citar: “Nem todos os passos morrem/Uns permanecem, ficam/Ouvimos quando pisam o corredor de nossas vidas.”
Num ano de mil novecentas e tantas lembranças, como gostava Gerson Campos, Carrim (assim Borromeu também era conhecido na intimidade) foi ao Rio de Janeiro onde eu residia há uns dois ou três anos anos e ficou hospedado com o mano Paulo. Na oportunidade tive a alegria de conhecer, em sua companhia e na do Adovaldo, que também lá residia , o porta aviões Minas Gerais, ancorado na baia de Guanabara à visitação pública. Muitos anos depois teve um triste fim na Índia, maior centro mundial de sucateamento de navios, segundo apurei.
Católico fervoroso de participar ativamente de missas e novenários, sobretudo na Catedral de Nossa Senhora da Vitória, Carlos Borromeu foi casado com dona Alcina de Carvalho Sousa, natural de Simplício Mendes, de cujo consórcio nasceram onze filhos, a saber: Noélia, Lúcia, José Afonso, Carlos Dimas, Fátima, Eugênio, Francisco, Rogério, Domingos, Paulo e Marcos. Seus últimos anos de vida foram em Teresina, com os filhos, onde veio a falecer, Um gesto de grandiosa humildade, que não posso deixar de ressaltar, marcou seu tempo do lado de cá. Como não queria ser sepultado de sapatos em hipótese alguma, doou-os ao vigilante da residência do filho Carlos Dimas, Como se diz em Oeiras, Carlos Borromeu de Carvalho Souza foi um grande oeirense! Acrescento: um grande ser humano!
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras