A profundidade da dor e a superficialidade da exposição
31/03/2024 - 18:01Espalhar fotos e vídeos de vítimas fatais de acidentes constitui um ato criminoso.
*Crônica escrita por Milena Palha, especialmente para o show Elas cantam Elas realizado em Oeiras no dia 09 de março em homenagem ao dia da mulher.
Há quem arrisque dizer que o Dia das Mulheres deva ser comemorado todos os dias, entretanto, em meio à correria que a vida nos imprime, isso seria uma utopia! A grande verdade é que nós adoramos este dia em que somos o alvo de doces e bem-vindas homenagens. A mais durona de nós se rende, mesmo que intimamente, aos mimos daqueles que nos rodeiam.
E hoje aqui escrevo, não como a escritora, mas como a mulher, que se reconhece nas dores e nas delícias de cada uma das homenageadas deste dia. E perdida em meus pensamentos, na busca da melhor forma de expressar esse sentimento tão especial, eis que entre mimos, mensagens e homenagens, fui levada a uma viagem pelo mundo feminino, a um encontro com as mulheres do nosso planeta. E nesta viagem, me prendi a um lugar muito especial, onde as mulheres esbaldam motivos para serem, justamente, enaltecidas. Esse lugar é o meu berço, onde estão minhas raízes, é minha querida e amada terra natal, Oeiras/PI. Senão, vejamos.
Quantas almas desprovidas de sorte, desacreditadas da vida, se reergueram pelas mãos valentes e caridosas de Maria de Cota, que abrigava, em seu corpo franzino, o espírito gigante de uma linda mulher? Maria de Cota, que em sua simplicidade e heroísmo, conseguiu em suas limitadas posses, obrar milagres em prol da solidariedade a amor ao próximo.
Saberia alguém estimar quantas mentes pequeninas foram apresentadas ao formar das palavras, aos alicerces do saber, ao ampliar do conhecimento, instruídas por Eva Feitosa, Rita Campos, Sinhá Torres, Espírito Santo, Leonília e Zilda Rego, Tetê Palha, Isaura Sá dentre tantas outras, mestras devotadas, iluminadas, que acolhiam como filhos, seus pequenos aprendizes? Quantos médicos, advogados, juízes, empresários, administradores, contabilistas, professores, engenheiros, arquitetos, fotógrafos, artistas, agrônomos e outros diversos profissionais tiveram seus cabedais iniciados pelas mãos destas professoras? E quantos outros têm sido conduzidos ao Universo do saber sob a égide de Cassi Neiva, Adleuza Pacheco, Vitória Régia, Inezinha, Espírito Santo Lopes, Cristiane Barros, Socorro Barros, Socorrinho Rêgo, Magda Barros, Rossana Ferreira, Ivaneide Alves, Tiana Tapety, Marineide Soares?
Quem, sem conhecer, ante a graciosidade de Ediliane Freitas, Ticiane Tapety, Marcelle Sá, Fabiana Silva, Amor, Mariquinha Santana, Gabriela Reis, Hélcia Barroso, Dalvinha Barroso, imaginaria as guerreiras, as empreendedoras, as mulheres de negócios, que fomentam a econo¬mia da cidade, levando ao mundo empresarial, a delicadeza feminina, com firmeza e efetividade?
Qual dos acolhidos, em suas enfermidades, por Dra. Alice, Denise Barroso, Lívia Rêgo, Junia Marques, Inez Pacheco, Geórgia, Kércia Rego, lembrou-se que por trás daqueles cuidados haviam mães devotadas, esposas dedicadas, donas de casa com milhares de afazeres e preocupações, como tantas outras?
Ao ver a desenvoltura e tranqüilidade ante os grandes juízes, seria difícil arriscar dizer que Sânia Mary, Rosa Menezes, Leidiane Ferraz, Rosana Sara, passaram noites a fio debruçadas em processos, livros, leis, doutrinas, jurisprudências, petições... e ainda se transformaram em mil durante dia para dar atenção aos filhos, ser carinhosa com o marido, ajudar aos amigos, ser presente na família e ainda ter tempo pra ser bela.
E em um setor onde a maioria absoluta das iniciativas são masculinas, Maria José Valentim, com firmeza, doçura e retidão em suas convicções, acreditou e fundou a Igreja Batista de Oeiras, levando alento a muitos corações que ali se identificaram.
Quantos corações já foram delicadamente embalados pelas doces melodias extraídas com maestria dos Bandolins de Rosário Lemos, Nieta, Zezé, Lilásia, Petinha comandadas por Celina Martins.
E quantas outras Marias, Evas, Ritas, Adleuzas, Carmens, Renatas, Fernandas, Anastácias... vivem anonimamente por aí, fazendo a diferença, adocicando o mundo? Mudando realidades, edificando pessoas, construindo oportunidades, abrilhantando a vida? Eu não arriscaria estimar! São milhares, são milhões... São mulheres! E a elas, eu me curvo, em admiração profunda, em alegria plena por fazer parte desse universo ímpar! FELIZ DIA DAS MULHERES!!!