"Tristeresina"
Da Redação
(*) Por Ferrer Freitas
Natural de Oeiras, como muitos sabem, resido em Teresina há mais de 40 anos. Antes vivi no Rio de Janeiro por cerca de 12. Na realidade, computando os anos 1959/60/61, período em que cursei o antigo científico no Diocesano e Liceu, tenho portanto 43 de residência´ nesta Terê, como muitos a chamam carinhosamente. E posso afiançar que não era tão quente naquele tempo, culpa, a meu ver, da crescente desarborização de ruas, praças, avenidas e quintais. Por isso vem deixando de ser, a cada dia que passa, a “cidade verde” do escritor maranhense Coelho Neto, natural de nossa vizinha Caxias.
Mas, o que pretendo nesta oportunidade é discorrer sobre dois assuntos que me entristecem profundamente. Aliás, o primeiro é assunto do momento, a pichação de prédios (públicos e privados) e de muros de residências. O segundo é a utilização de calçadas de lojas para estacionamento de automóveis e motos. Com relação ao anterior, não consigo entender o que leva pessoas , a maioria jovens , a saírem emporcalhando a cidade com mensagens fúteis ou desenhos tolos. É muito triste! O que fazem para chegar a fachadas de altura considerável, correndo o risco de acidentes , é uma grandeza! .
Já o estacionamento de veículos nas calçadas obriga o pedestre a desviar-se pela faixa lateral estreitíssima da via asfaltada ou corre o risco de levar uma trombada, mesmo de leve, pelas saídas em ré dos automóveis. É mais ou menos aquilo tão a gosto do povão: “se correr o bicho pega; se ficar o bicho come.” Como faço caminhadas na parte da tarde, sou obrigado a passar por esse dissabor, culpa maior, no meu entender, do poder público que não devia permitir que os espaços para pedestres sirvam de estacionamento .
Para não me alongar mais, merece ser dito que o título desta croniqueta tem tudo a ver com o poema (texto) de Torquato Neto "Andar Andei" que me apraz transcrever pequeno trecho: "... não é minha cidade/é um sistema que invento/me transforma/e que acrescento à minha cidade...".
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras