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O ator oeirense Flávio Guedes que atualmente reside em Teresina foi destaque da última edição da Revista Mais Foco de circulação estadual. A matéria destaca o talento e o trabalho do ator, considerado como um dos melhores do Piauí.
Flávio Guedes interpreta Jesus Cristo na Paixão de Cristo em Oeiras. Durante a entrevista Flávio Guedes destacou este trabalho, mais por uma questão de edição, esta passage, marcante da vida do ator ficou de fora.
Confira a matéria na íntegra:
O ator Flávio Guedes Barbosa sonha com o dia em que poderá viver exclusivamente da arte de interpretar. Guedes começou sua atuação teatral, aos 14 anos, impulsionado por uma colega de sala de aula do Colégio Jean Piaget, Naiane Rego, filha do então diretor do Cine Teatro de Oeiras, Chico Rego, que lhe identificou para a arte. Na época, recitava poemas em datas comemorativas na disciplina Educação Artística, na oitava série, ensino fundamental.
O diretor Chico Rego também se encantou com o aspirante a ator e tentou incluí-lo numa peça que não passou da fase de ensaios. Achou o talento a ser lapidado em Guedes. Mas a primeira peça pelas mãos do diretor não saiu. A revolução foi que, definitivamente, a arte tinha lhe entrado pelas veias – e o teatro conquistou Guedes como paixão. “Acharam que eu tinha jeito para ator, não fui eu”, filosofa.
A primeira peça ninguém se esquece: “O Cabeça de Cuia”, lenda piauiense ocorrida entre os rios Poty e Parnaíba, que conta a história de um pescador chamado Crispim, que revoltado espanca a própria mãe até a morte. A segunda peça teve um pouco mais de profissionalismo. Lorena Campelo, diretora teatral de Teresina, foi a Oeiras fazer Oficina de Teatro no prédio histórico Major Selemerico, e entre os alunos lá estava Guedes. Voltou a participar de oficinas no período de 1994-97.
Em 1.998 se apresentou no Teatro 4 de Setembro, em Teresina, atuando na peça “O 24 de Janeiro”, de José Expedito do Rêgo.
Depois participou de festivais em Oeiras, Picos, Simões, Fronteiras, Floriano, Teresina, Nascente- PE e Campos Sales- CE ganhando como melhor ator. “Perdi a conta do número de peças e performances”. Paralelo ao seu desempenho no teatro, a decisão de estudar para concursos e concluir um curso superior para melhorar a realidade financeira. Ele destacou que os profissionais não são valorizados como deveriam. “Depende de como encaramos a profissão, mas não é muito valorizada”, diz o ator que é considerado por Sávio Barão, diretor do PBC[Projeto Bar Cultural], de Picos, o melhor nome da arte de interpretar do interior piauiense, além de ser “o ator que mais fatura com teatro”.
Guedes é especialista em Língua Portuguesa, Arte e Educação, pela URCA - Universidade Regional do Cariri, formou-se em Pedagogia, em 2003, pela UFPI- Universidade Federal do Piauí, Campus de Picos. Além de atuar que sempre foi sua paixão é professor oficineiro de teatro.
Atualmente mora em Teresina onde trabalha no Banco do Brasil S/A, emprego que conquistou através de concurso público, em 2.003. Para se virar antes de ingressar na instituição financeira, há três anos e meio, Guedes ministrava aulas das disciplinas de Português, Matemática, História e Geografia nas escolas públicas de Picos, Mário Martins e Premen, estaduais; e na Unidade Escolar de Mirolândia, da rede municipal de ensino.
Segundo o artista, quando houver condições de trabalhar exclusivamente, com atuação e oficinas para formação de novos atores terá realizado seu sonho de dedicação total a arte de encenar. Dedicação esta que fez com que fosse aprovado, na primeira fase, no vestibular da Universidade Nacional de Brasília [UnB] para o curso de Artes Cênicas, em 2.002, quando tentou ir para um grande centro cultural, para fixar residência, pela primeira vez. A Ida foi desfeita por questões financeiras.
Prêmios
Aos 27 anos, com dezenas de peças, monólogos e performances encenadas por todo o Estado, seu nome ganhou projeção e 29 troféus nas categorias ator, ator-coadjuvante e ator de monólogo. O mais curioso é que, mesmo cercado destes registros, Guedes, revelou que toda apresentação é uma experiência nova e desperta medo e timidez.
“A insegurança é direto sempre bate, porque todo público é diferente. Mas nunca fui vaiado embora censurado. Uma pessoa que estava assistindo um dos espetáculos começou a rezar com um terço na mão”, diz, entre risos.
Ele revelou que até já perdeu o registro do número de peças e performances nas quais atuou, mas que é muito tímido e o teatro é uma forma de superação. “No dia-a-dia sou extremamente tímido, no Banco do Brasil, por exemplo, sou travado. Tenho dificuldade de comunicação, mas disfarço minha timidez através do teatro que me ajuda bastante.”
O teatrólogo piauiense, José Gomes Campos, definia o dom de interpretar como “fazer teatro é pontilhar a dura realidade da vida com o doce passatempo do faz de conta”, expressão absorvida por ele e repetida quando se pede para se definir em relação à arte que pratica.
O mundo do teatro exige certas abdicações pessoais como relata o ator Flávio Guedes, que já passou seis meses com a rótula da cabeça raspada para interpretar um padre franciscano em peça de Dias Gomes. “Já usei artifícios com enchimentos para transformações radicais, raspei os pêlos dos braços, da barriga e das costeletas do cabelo. São arrumações que nem todo mundo faz, mas tudo tem limite existem coisas que não faria como extrair um dente frontal, porque ele não nasceria novamente e minha imagem pessoal seria afetada”, diz o ator de 1,74 de altura e 60 quilos, dos quais “com certeza três são na barriga”, brinca.
Ele acrescentou ainda que existem sacrifícios que são necessários para o melhor desempenho no palco, como ficar sem comer antes da apresentação de peças e citou “As Mãos de Eurídice”, de Pedro Bloch, como uma delas. “Só me alimento depois das apresentações, porque como me agito muito, posso passar mal e vomitar no palco. Com certeza perco peso durante os ensaios e a apresentação”.
Atualmente Flávio Guedes tem se empenhado para a realização de um novo desafio na linguagem cênica, o cinema. O ator produziu e dirigiu dois curtas metragens gravados em Picos no final de 2008 e agora dirige o longa Senhora dos Remédios que versa sobra a chegada da padroeira picoense nessa cidade. Filme este que tem estréia prevista para o início de 2010 e já começou a ser gravado na fazenda Boqueirão, uma das locações do longa.
Na área teatral ainda encabeça a direção de um espetáculo onde também atua com os funcionários da agência do Banco do Brasil onde trabalha, no Teresina Shopping.