Estado
Delegado Baretta critica morosidade da Justiça e diz que impunidade gera violência
Análise é do delegado Francisco Costa, o Baretta, sobre a onda de homicídios em Teresina.
Por: Da Redação em 11/09/2022 - 15:49
Um crime de homicídio para ser julgado demora entre 7 a 10 anos. A morosidade no julgamento e a impunidade acabam sendo um dos principais fatores para a crescente violência no Piauí. A análise é do delegado Francisco Costa, o Baretta, em entrevista ao Cidadeverde.com sobre a onda de homicídios em Teresina.
De acordo com o delegado, que é coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a única forma de frear a onda de violência e homicídios é encarcerando o criminoso, principalmente quando o autor do crime for responsável por um homicídio.
O coordenador do DHPP afirmou também que a polícia não consegue estar em todos os lugares onde esses crimes acontecem. Isso porque muitas vezes a vítima e o homicida estão em lugar particular, como por exemplo, fazendo uso de entorpecentes, quando o crime acontece.
"Como a Polícia vai estar lá? Não tem como. Homicídio é o crime mais grave, é um crime contra a vida. Esses indivíduos fazem do crime o seu meio de vida. Além disso, a reincidência entre eles é muito grande. Esses indivíduos [acusados de homicídios] são os mesmos que roubam, assaltam e traficam", afirmou o delegado Baretta.
Questionado sobre estratégia da polícia para combater a onda de homicídios em Teresina, o delegado aponta o encarceramento como uma das soluções. Mas, segundo Baretta, não basta prender. É preciso que o acusado pelo homicídio fique na cadeia.
"Enquanto a policia continuar prendendo e o indivíduo continuar sendo solto, eles continuam praticando o crime. O sistema criminal brasileiro é feito não só pela Polícia, mas pelo Judiciário, Ministério Público e pela polícia. Os três precisam caminhar juntos", pontuou o coordenador do DHPP.
O delegado rebateu ainda as críticas quanto ao Código Penal Brasileiro. Para Baretta, o regulamento não é ultrapassado.
"A aplicação da lei tem que ser em favor da sociedade. Porque a lei de medida cautelar que botou tornozeleira [e libertou acusados] é recente. Estão fazendo lei para beneficiar bandido. Por exemplo, a pessoa mata o pai e a mãe e no Brasil tem direito a sair da cadeia no Dia dos Pais e das Mães. O intérprete da lei é que precisa analisar", criticou Baretta.
É por conta dessa falta de impunidade, segundo Baretta, que a violência continua crescendo e sendo cometida em sua maioria pelas mesmas pessoas. Por isso, o delegado defende a manutenção da prisão daqueles que cometem crimes contra a vida.
"O crime de homicídio é o mais grave. É por isso que ele inaugura os crimes em espécie. Ele precisa ser exemplar. Se roubam seu carro, a polícia recupera ou você tem seguro. Mas a vida não. Ela não volta", completou o delegado Francisco Costa, o Baretta.
Fonte: Nataniel Lima/ cidadeverde.com