Sesapi cancela processo de contratação de organizações sociais para gestão de hospitais regionais
03/10/2024 - 09:50Entre os hospitais incluÃdos estava o Hospital Regional Deolindo Couto (HRDC) de Oeiras.
As autoridades de saúde e pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão alarmados com o aumento dos casos de hepatite Delta entre as comunidades ribeirinhas do Amazonas. Essa forma de hepatite, considerada a mais severa entre as hepatites virais, pode ser silenciosa e levar a complicações graves, como cirrose, câncer e morte.
Apesar da frequência alarmante da doença, apenas uma fração dos portadores está recebendo tratamento, conforme informações da Fiocruz. Desde junho deste ano, uma equipe de profissionais de saúde e pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia tem trabalhado com comunidades ribeirinhas na região sul do Amazonas, especificamente em Lábrea (AM).
Segundo o Centro de Testagem Rápida e Aconselhamento (CTA) da Secretaria Municipal de Saúde de Lábrea, existem cerca de 1.400 casos de hepatite Delta notificados na cidade, mas apenas 140 pacientes estão sendo acompanhados. A equipe da Fiocruz percorreu as comunidades de Várzea Grande e Acimã, localizadas no Rio Purus, realizando testes rápidos e exames laboratoriais em um esforço conjunto para diagnosticar e rastrear hepatites virais, com ênfase na hepatite Delta. Dos 113 moradores testados, 16 foram diagnosticados com a doença.
A partir do diagnóstico positivo, as amostras são enviadas ao laboratório em Fiocruz Rondônia para avaliação e processamento. Os pacientes diagnosticados recebem suporte da equipe de saúde de Lábrea e do Ambulatório de Hepatites Virais, que ajuda na condução clÃnica dos casos diagnosticados.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais de 2023, publicado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 4.393 casos de hepatite Delta entre 2000 e 2022. A região Norte do Brasil, onde fica o Amazonas, apresentou a maior incidência, com 73,1% dos casos confirmados. Em 2022, 108 novos diagnósticos foram realizados, com uma grande parte sendo localizada na Região Norte.
A hepatite Delta frequentemente se apresenta de forma assintomática, mas está associada a um aumento significativo de casos de cirrose em um curto perÃodo, podendo resultar em complicações severas, incluindo câncer e até a morte. Quando os sintomas aparecem, eles podem incluir cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal e alterações na coloração da pele e dos olhos.
O Ministério da Saúde destaca que a principal forma de prevenção é a vacinação contra hepatite B. A transmissão da hepatite Delta pode ocorrer através de relações sexuais desprotegidas, da mãe para o filho durante a gestação, e pelo uso compartilhado de materiais para consumo de drogas. Portanto, é crucial evitar o compartilhamento de objetos de higiene pessoal e sempre utilizar preservativos durante relações sexuais.
Atualmente, não há cura para a hepatite Delta; o tratamento visa controlar os danos ao fÃgado. As terapias estão disponÃveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e a recomendação é evitar o consumo de bebidas alcoólicas. Um grande desafio é a testagem da doença, já que a rede pública possui testes de carga viral apenas para hepatite B, deixando a detecção da hepatite Delta em ressalva. A Fiocruz Rondônia, reconhecendo essa lacuna, implementou o teste de carga viral para o HDV, utilizando um método molecular desenvolvido por eles, proporcionando um diagnóstico mais eficaz e oportuno para os pacientes no estado de Rondônia e Acre.
Essa iniciativa é fundamental para garantir que os pacientes recebam o tratamento adequado e em tempo hábil, contribuindo assim para a saúde pública na região amazônica.