A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semarh) realizou, nesta quarta-feira (21), uma coletiva de imprensa sobre a situação da seca no estado. Na terça-feira (20), o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, reconheceu a emergência em 126 municípios piauienses. O reconhecimento gera recursos de enfrentamento a seca. Este é o pior cenário registrado nos últimos cinco anos.
Segundo o secretário da pasta, Feliphe Araújo, o estado está prestando apoio aos municípios no enfrentamento da crise hídrica. Para isso, será promovida a capacitação das prefeituras por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), ferramenta que garante maior transparência na gestão de riscos e desastres no Brasil.
“A nossa prioridade no momento é capacitar as prefeituras para o uso do sistema S2ID, uma exigência do governo federal. Também serão criados os conselhos municipais de defesa. Esse reconhecimento do Governo Federal é muito importante, pois antes eram menos de 50 municípios com decreto emergencial. Agora, teremos acesso a mais recursos, considerando que a seca deve se prolongar até o final do ano”, comentou o secretário.
Ainda de acordo com Feliphe Araújo, a seca tem impactado diretamente a vida de muitas famílias, que vêm perdendo suas produções e animais. As ações do governo buscam mitigar esses prejuízos.
“Está sendo realizado um estudo paralelo para a construção de adutoras e reservatórios, visando amenizar essa situação. Por isso, fizemos esse movimento. O Governo do Estado contará com recursos a serem aplicados tanto do Tesouro Estadual quanto de projetos do Banco Mundial que já estão em andamento, como o controle de barragens, implantação de cisternas, distribuição de cestas básicas, regularização de poços e ações de fiscalização para evitar o desvio de recursos hídricos. Mas precisamos de mais recursos, pois esse problema pode se estender ainda mais. O decreto do Ministério vai acelerar essas ações”, completou.
Monitoramento da seca
Foto: Rayane Venancio
A climatologista e coordenadora da Sala de Monitoramento e Previsão de Eventos Climáticos Extremos da Semarh, Sara Cardoso, explicou que a seca no Piauí deve se intensificar nos próximos meses, especialmente no centro do estado. A situação é provocada pela falta de chuvas, que já compromete a produção agrícola e a sobrevivência de animais.
"A situação é grave. Já há perda de animais, enxames e produção de mel, afetando principalmente os pequenos produtores. A tendência é de avanço da seca este ano", comentou a climatologista.
Sara também chamou atenção para o risco de queimadas no segundo semestre de 2025, período com maior incidência de incêndios florestais.
"Estamos treinando brigadistas, e mais de 100 municípios já têm pessoas capacitadas. Mas é preciso conscientizar a população. O solo está seco e os incêndios podem começar mais cedo", destacou.
Os recursos serão aplicados em diversas frentes, incluindo infraestrutura hídrica, abastecimento por carros-pipa e apoio às famílias que tiveram sua produção afetadas. Ainda nesta semana, a Semarh lançou o cadastramento para monitoramento de barragens. Atualmente, a secretaria estima que existam mais de 500 barragens no estado do Piauí, mas apenas cerca de 60 estão sendo monitoradas.