
Morre em Oeiras o senhor Domingos Francisco de Sousa, aos 84 anos
04/05/2025 - 09:46Homem de fé e trabalho, construiu uma família numerosa e deixou um legado de simplicidade e dedicação
Na semana passada toda a população do Piauí
acompanhou estarrecida mais dois assassinatos de mulheres no Estado, justamente na semana que antecedeu ao Dia Internacional da Mulher, comemorado ontem. Alexandra Gomes Folha, 32 anos, foi morta pelo ex-companheiro em sua casa e na frente da filha de 12 anos, e Tallyne Teles, 24, foi encontrada morta em um matagal próximo ao litoral após ser levada de Teresina. Os dois casos em questão servem para mostrar à sociedade quão chegou a violência contra o belo sexo no Piauí, um estado de pouco mais de 3 milhões de habitantes que só no ano de 2008 testemunhou os assassinatos de 35 mulheres, número considerado muito elevado, mas que pode ser ultrapassado se os casos continuarem se repetindo.
Os números, que mostram uma média de quase três assassinatos de mulheres por mês, são de uma pesquisa mensal realizada pelo Sindicato dos Policiais Civis e Penitenciários do Estado do Piauí (Sinpoljuspi) que há quase 10 anos mede o índice de violência praticada contra a vida no Estado, demonstrando números verdadeiros para desmascarar muitas vezes os números oficiais maquiados com o objetivo de não alarmar a população. Os dados da pesquisa são coletados diariamente através das informações divulgadas pelos meios de comunicação do Estado, jornais impressos, TV, rádio e internet.
Segundo os dados da pesquisa, deste total, 23 assassinatos foram registrados no interior e 12 na Capital, o que dá um percentual de 66% e 34%, respectivamente. Os dados apontam ainda que 54% das vítimas tinham entre 22 e 45 anos e 29% tinha até 21 anos de idade. Outro dado estarrecedor aponta que em 51% dos casos, a mulher foi assassinada em um crime passional caracterizado pelo envolvimento de um homem ciumento, que não aceitou o fim de um relacionamento conturbado ou que queria se vingar de uma traição. Este número é cinco vezes maior se comparado com a segunda causa levantado pela pesquisa: o assassinato com o objetivo de estuprar a vítima, que ficou com 11% do total de mortes.
Com relação à situação econômica das mulheres mortas em 2008, os números mostram que 80% delas tinham uma profissão definida, mas os pesquisadores, os estatísticos e até mesmo o presidente do Sinpoljuspi, Jacinto Teles Coutinho, admitem que pode haver um incorreção destes dados, não da pesquisa em si, mas dos meios de comunicação pesquisados. Muitos deles teimam em qualificar as vítimas como “domésticas”, quando em muitos casos elas são donas-de-casa.
De qualquer maneira este dado é muito superior quando a pesquisa trata de vítimas de sexo masculino. Na maioria dos meses pesquisados, no máximo 10% dos homens têm profissão definida, sendo a maioria desempregada ou mesmo vivendo fora do mercado formal de trabalho, como camelôs, pedreiros, mototaxistas, dentre outros.
A pesquisa mostra também que 49% das mortes foram praticadas com uma arma branca, ou seja, uma faca, facão, punhal etc. Vinte e três por cento foram por armas de fogo, geralmente revólveres, e outros 23% foram com outros instrumentos, como pau, pedra ou mesmo as mãos usadas para estrangular as vítimas, impedindo que elas gritem e peçam socorro.
58% das mortes foram na zona Norte
Com relação à capital os dados mostram que a maioria dos delitos acontece em bairros de classe média baixa, como os da zona Norte. Esta zona, conforme a pesquisa, foi responsável por 58% de todos os assassinatos de mulheres ocorridos em 2008. Dentre eles, um que a população ainda não esqueceu é de uma menina de 12 anos assassinada a facadas e por estrangulamento pelo amante da mãe, de quem já vinha sofrendo abusos há pelo menos dois anos.
Quando a população estava prestes a esquecer o caso, tudo voltou à tona com a notícia de que o acusado foi libertado menos de um ano após cometer o delito que foi registrado no bairro Parque Alvorada.
Depois da zona Norte, a zona que mais registrou mortes violentas de mulheres foi a Sudeste, com um total de 19%. Esta zona é a mesma onde na semana passada a dona-de-casa Alexandra Folha foi morta pelo ex-companheiro que ela havia abandonado justamente pelo seu histórico violento que já o tinha levado para a cadeia por pelo menos duas vezes. Até o fechamento desta edição o acusado continuava foragido.
A zona Sul teve a participação de 17% no total de assassinatos de mulheres e a zona Leste, ainda considerada a de classe média alta, onde a população tem um padrão de vida melhor e onde as pessoas têm mais condições de estudar, ocorreram oito por cento dos crimes, em números absolutos, um assassinato de mulher em 2008.
Ameaça é o tipo de crime mais denunciado
Se por um lado os policiais das delegacias distritais de Teresina e demais municípios tiveram um ano de 2008 puxado investigando e concluindo inquéritos que apuravam assassinatos de mulheres, por outro, os policiais lotados nas delegacias especializadas na Defesa dos Direitos das Mulheres (DM) – que apuram os demais delitos contra o belo sexo – também não tiveram moleza. Só na DM do bairro Buenos Aires, na zona Norte, a mais violenta, foram registradas 2.167 ocorrências.
Dividido por 12 meses este total dá uma média de 180 ocorrências por mês ou ainda seis por dia. Neste período foram instaurados 255 inquéritos, onde 142 deles tiveram os acusados autuados logo em flagrante porque foram pegos às vezes cometendo o delito.
Segundo a chefe do cartório da DM da zona Norte, Noeme Ferreira, o mês mais violento foi o de julho quando foram registrados 169 ocorrências, seguido por maio, considerado o mês das mães e das mulheres como um todo, com um total de 228. O crime mais denunciado foi a ameaça de morte com 155 casos, seguido pela injúria com 91 casos. A injúria consiste em atribuir à alguém qualidade negativa , que ofenda sua dignidade ou decoro. Este crime está previsto no artigo 140 do Código Penal Brasileiro.
Conforme ainda o levantamento da Delegacia da Mulher da zona Norte, o terceiro crime mais denunciado em 2008 naquela especializada, com um total de 70 casos, foi a violência doméstica que é punida com a Lei Maria da Penha. De número 11.340, a lei decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, dentre as várias mudanças prevê o aumento no rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. A lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006.
A agressão física ficou em quarto lugar neste triste ranking de violência contra as mulheres, com um total de 40 casos. A delegacia ainda promoveu cerca de 908 audiências entre as partes com o objetivo de um entendimento e recebeu 16 solicitações de mulheres pedindo que a DM intercedesse no sentido de obter o afastamento do agressor do lar.
Diário do Povo