
Cultura em Oeiras, uma reflexão

“As artes cênicas invadem o Piauí de 25 a 29 de outubro com a segunda edição do Festival Nacional de Teatro - Pontos de Cultura - Troféu Aci Campelo. O evento contará com espetáculos de 21 grupos de todo país e acontece na cidade de Floriano. Durante os cinco dias de evento, além de apresentações teatrais, Floriano receberá ainda oficinas e palestras abertas aos alunos da rede pública e privada de ensino, educadores, universitários e para o público em geral. Assim, o Pontão de Cultura alia diversão a formação de plateia, sempre trabalhando em difundir as artes cênicas no Estado.
Esse ano foram selecionados 21 grupos de teatro para o Festival, e dentre eles estão: o Núcleo de Teatro e Bonecos, de São Luís, com "A Mulher Ambulante"; Cia. do Sol. do Rio de Janeiro, com "Profetas da Chuva"; e a Cia. Circo Teatro Capixaba, do Espírito Santo, com "O Drama de Orfeu".
O Festival é uma realização do Pontão de Cultura "Cultura Viva ao Alcance de Todos" e Grupo Escalet de Teatro, e visa formar uma rede nacional de pontos de cultura e grupos de teatro independentes. Tem ainda apoio do BNDES, BNB, FUNARTE e do Ministério da Cultura através da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural.
Serão realizadas diversas oficinas, que abrangem as mais variadas temáticas. Uma delas será ministrada pelo alagoano Guilherme Ramos, que é ator, diretor teatral, escritor/poeta/dramaturgo, compositor e músico prático. Ele introduzirá os participantes da oficina no mundo da História da Arte, com foco na literatura (mundial e brasileira), além de discutir o próprio sentido do ‘fazer artístico’".
A boa notícia, estampada acima, dando conta de uma atividade cultural relevante em nível nacional na vizinha “Princesa do Sul”, evidentemente merece ser saudada, mas, ao mesmo tempo, enseja uma reflexão...
A quase 60 dias do final do ano, absolutamente nada (sequer boatos) indica que a (já não tão) esperada 7ª edição do Festival de Cultura de Oeiras vá ocorrer ainda em 2011, o que fará aumentar a descontinuidade desse evento que se pretendia anual. Marcado por fortes indícios de superfaturamento, o VI Festival – onde foram gastos cerca de R$ 700 mil reais do Ministério do Turismo – ocorreu em 2009.
Irônico é, também, o fato de hoje contarmos com o restaurado Cine-Teatro Oeiras, local ideal para apresentação de peças teatrais e que este local esteja tristemente subaproveitado.
Diante destes fatos, que apontam para uma paralisia inercial das atividades culturais em nossa cidade, creio ser esta uma oportunidade para – ao invés levar com a barriga e fazer qualquer coisa, como um Festival meia-boca (ou 1/4 de boca) apenas para dizer que fizemos – assumirmos, desde já, a tarefa de preparação de um amplo seminário provisoriamente intitulado “Oeiras 2012: a Cultura que queremos!” onde deve ser posta em questão a estratégia política de incremento da cultura na Primeira Capital no próximo ano.