
Quando a máquina apita: IA e os novos rumos da arbitragem esportiva
17/06/2025 - 13:21Por Aline Gonçalves Jatahy
Rogério Newton
Leio em uma revista: está sendo construída a “primeira cidade ecológica do mundo”, Dongton, numa ilha da costa oriental chinesa, perto de Xangai. Está quase pronta. Abrigará 50 mil pessoas. Em 2040, 500 mil. Os ônibus, movidos por baterias elétricas. A água, reaproveitada. O lixo, reciclado. Os alimentos virão de fazendas vizinhas. Casas e prédios cobertos de gramado ou hortas para mantê-los frescos e absorverem a água da chuva.
Dongton, cercada de parques. Circulação nas áreas residenciais em veículos não poluentes. As casas aproveitarão ao máximo vento e luz naturais. Dois sistemas de abastecimento: um, de água potável; outro, de água reciclada, para os demais usos.
Não me parece apenas “um sonho feliz de cidade”. Desde 2007, mais da metade da população mundial vive nas megacidades. Quase ia dizendo “sobrevive”, pois morar nas grandes cidades não é fácil. Não é em lugar algum. “Viver é perigoso”, diria Guimarães Rosa, amante do sertão.
Mas já que se há de viver, não devemos tornar nossas cidades insuportáveis. E é isso que parece acontecer. As grandes cidades “tiram dos olhos o gosto de olhar”. As pequenas imitam-nas como um menino imita o homem. O que fazer? Talvez repensar o conceito de “cidade grande”, como Walt Whitman:
cidade grande é aquela
que conta com os maiores homens e
mulheres:
se tiver umas poucas
choupanas em farrapos, ainda assim
será a cidade maior do mundo.
A maior parte da minha vida morei em Oeiras, que povoa minhas utopias, e Teresina. Com muito sol, terras férteis, água abundante, noites estreladas, parecem bons lugares para se viver. O problema é a realidade. Embora a “reinvenção das cidades” se imponha como medida de sobrevivência, ainda não despertamos do sonho ou do pesadelo que construímos.
Não acordamos o coração, o meu tão pequeno. Mas nele cabem as cidades que amei.