
Tenente-coronel Félix assume o comando do 14º Batalhão da PolÃcia Militar de Oeiras
05/02/2025 - 12:13Com mais de 20 anos de experiência na corporação, o Tenente Coronel Félix tem um histórico de destaque na PolÃcia Militar do PiauÃ.
Dom Juarez concedeu uma entrevista ao Mural da Vila, onde falou sobre o seu ministério em Oeiras, o trabalho aqui desenvolvido e a importância que Oeiras tem em sua vida pessoal e ministerial.
Após 8 anos em Oeiras, Dom Juarez tomou posse no último dia 5, como bispo Coadjutor de Parnaíba.
Confira a entrevista concedida a Lameck Valentim:
Como se deu a sua caminhada dentro da Igreja Católica? Em que momento percebeu sua vocação?
Dom Juarez: Nasci em uma família católica e fui batizado aos seis meses de idade. Aí foi onde tudo começou sem que eu percebesse. Aos sete anos fui estudar na cidade e sentia grande admiração e atração pelas coisas da Igreja. Tinha um ardente desejo de receber a eucaristia até que, de forma extraordinária, consegui confessar e comungar. Pensava em ser ser bancário ou ser padre, no futuro. Mas foi durante a preparação para a crisma que comecei a refletir mais seriamente sobre a vocação, de forma que após a crisma, aos 17 anos, ingressei no seminário menor, onde fiz o ensino médio (chamado colegial, na época). Ao iniciar o curso de filosofia, logo no final do 1º ano, passei por uma crise vocacional e não teve jeito. Saí do seminário para trabalhar e ajudar a minha família que precisava de mim, pois sendo primeiro de sete irmãos queria ajudar os meus pais a cuidar dos menores. Assim passei 5 anos fora trabalhando. Essa foi a oportunidade de ser bancário, durante esses 5 anos. Podendo assim, fazer uma opção, e a fiz por ser padre. Retornei com mais convicção do que queria e estou aqui até hoje.
Oeiras é tida como a “Capital da fé”, cidade de forte religiosidade. Ao ser nomeado bispo de Oeiras, qual foi seu primeiro sentimento?
Dom Juarez: antes, sentia uma repulsa visceral, só em pesar na possibilidade de ser bispo. Era algo absolutamente além de minhas possibilidades. No primeiro momento, fiquei assustado e com medo, não por ser de Oeiras, mas pela complexidade própria do ministério. Quando disse sim, me entreguei inteiramente à missão e, não obstante os desafios, superei repulsa, susto e medo.
Como a notícia de sua transferência para Parnaíba lhe chegou, qual sentimento ela lhe trouxe? E o que motivou essa mudança?
Dom Juarez: No primeiro momento fui informado pelo sr, Núncio Apostólico (Embaixador da Santa Sé, no Brasil). Senti "temor e tremor". Fiquei apreensivo e dividido entre o conforto (bem estar), de ser bispo de Oeiras, onde estava acostumado, e o desafio de enfrentar a novidade, tendo que começar tudo de novo. Fui confortado pelo Evangelho daquele dia, 06 de janeiro, que providencialmente dizia: Coragem! Sou eu! Não tenha medo! (Mc 6,50). Afinal, não era eu, aquele discípulo que acreditava e tinha convicção do apelo que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo faz à missão? E do convite do Papa Francisco a sermos uma Igreja em saída?
Sua forte atuação na igreja é conhecida e muito bem vista pelos fieis. O Senhor já tem planos para o trabalho frente à diocese de Parnaíba? Poderia compartilhar conosco, falando-nos sobre eles?
Dom Juarez: O tempo de um Bispo Coadjutor, até que assuma como titular da diocese, é favorecido pela possibilidade de conhecer e dar-se a conhecer e, passo a passo ir construindo uma unidade com todos os seguimentos de uma só família diocesana, como deve ser a imagem de uma Igreja particular. Portanto, o meu plano de trabalho, é o Plano de Pastoral da diocese de Parnaíba, até agora construído por Dom Alfredo e seus colaboradores
Qual a importância em sua vida, ter sido ordenado Bispo em Oeiras? Quais lições e aprendizados que levará para sua vida como servo da igreja?
Dom Juarez: Fui ordenado bispo em Oeiras, por que havia sido nomeado bispo para trabalhar aqui. Poderia ter sido ordenado em um outro lugar, mas escolhi assim, pois vi que o povo que havia suplicado pela vinda de seu pastor durante tanto tempo (30 anos), merecia participar da alegria plena de sua chegada. Posso resumir as lições e aprendizados que aqui encontrei na seguinte frase: Oeiras me ensinou a ser Bispo. Por ser uma diocese pequena, com todos desafios e esperanças de uma diocese grande; e por ter sofrido a perda da sede, de fato, pois de direito continuou sendo, tivemos que reconstruir a consciência de sermos uma Igreja Particular; ou seja, a diocesaneidade. Tudo isso constituiu para mim um aprendizado de proposição, discernimento, diálogo e determinação. Pude contar com comunhão e participação da grande maioria das instâncias eclesiais e da sociedade civil, padres, religiosas, seminaristas, leigos(as) e autoridades. Todos operários corajosos, fieis que sentiram e construíram com a Igreja.
Percebe-se uma grande afinidade dos fieis com o Senhor, um notório sentimento de admiração e respeito. O Senhor acredita ter conseguido, em sua missão, ser “pai, pastor e amigo” de seu rebanho?
Dom Juarez: Difícil, é, em uma sociedade plural e diversificada, criar a unidade, respeitando a diversidade, e dialogando com o diferente. Tenho consciência de ter tentando dar testemunho de missionário e imprimir a marca da missão em nossa ação pastoral. A resposta, do ponto de vista da gratidão e do sentimento afetivo sinaliza essa paternidade do pastor. Do ponto de vista da maturidade cristã sendo realmente, uma Igreja missionária e servidora, já demos alguns passos e há muito o que se fazer. Estamos dentro de um processo promissor, que precisar ser realizado de forma sistemática e contínua, e que não permite erro nem descuido.
Ao deixar a diocese de Oeiras, seu coração considera cumprida sua missão à frente dessa porção do povo de Deus?
Dom Juarez: O período de uma missão se define não só pelo aspecto cronológico ou por aquilo que se faz, mas também pela sua relação e comunhão com outras necessidades da Igreja, este aspecto a missão definida pelo Kairós, o tempo de Deus. Neste sentido considero o meu tempo aqui se cumpriu. Do ponto de vista cronológico foi reativamente breve, oito anos, mas entre os bispos que passamos por Oeiras eu sou o segundo que mais tempo permaneceu aqui. Do ponto de vistas de realização, algo se fez na tentativa de responder às necessidades e aos desafios da evangelização, hoje, Há muito ainda para se fazer e talvez mais ainda se poderia ter feito, mas sou convicto de que fizemos tudo o que foi possível. A mudança é benéfica porque outro pode ver com maior clareza o que o anterior não conseguiu ver nem fazer. Do ponto de vista do Kairós Deus me chamou através da Igreja, para servir em outra diocese, desinstalando-me e saindo para outras paragens.
Durante esses anos de pastoreio em Oeiras, o que a Diocese e a Cidade acrescentaram à sua vida, como pessoa e como sacerdote?
Dom Juarez: O discípulo é um constante aprendiz; e o encontro que Deus me proporcionou realizar ao longo destes anos com a cidade e diocese de Oeiras, enriqueceram muito a minha vida e o meu ministério, ajudaram-me a amadurecer e, como disse anteriormente, me ensinaram a ser bispo. Aprendi a escutar, a auscultar, a dialogar a discernir. Aprendi a agir com determinação e com ternura. Aprendi a agir com coragem e audácia para realizar o que era urgente, e a esperar de forma serena e com equilíbrio, não sem sofrimento, diante daquilo deveria ser realizado e não foi. O Papa Francisco me orientou que as vezes o bispo precisa andar adiante, para mostrar o caminho, outras precisa andar no meio para ver a caminhada e outras vezes ainda, andar atrás para aprender a caminhar.
Quais foram os maiores desafios enfrentados na Diocese de Oeiras? Na sua concepção esses desafios também serão enfrentados por seu sucessor?
Dom Juarez: A unidade é um desafio evangélico, mas é também um desejo de Deus, e uma necessidade da Igreja: "Que todos sejam um" (J0 17,21). Unidade não é uniformidade, gostaria de deixar bem claro. Para não ser genérico ou abstrato, esta unidade na igreja particular de Oeiras, se faz necessária em torno de um Plano de Pastoral sistemático, definido, realizado e avaliado. Diante das muitas necessidades e urgências, foi preciso estabelecer prioridades sem perder de vista o todo. Na efetivação desse Plano, alguns deram passos significativos e os efeitos se fazem sentir; outros deram passos tímidos e tiveram poucos efeitos; outros não saíram do lugar, preferindo o seu projetinho pessoal ao projeto da Igreja; às vezes sob o argumento de que "sempre foi assim". Esse raquitismo pastoral atrapalha o processo de evangelização e construção do Reino. O próximo pastor certamente irá enfrentar isso também, mas espero que consiga dar passos além dos que foram dados.
Dentre seus projetos de cunho sócio religioso, quais o senhor considera como marcantes em seu Bispado em Oeiras?
Dom Juarez: Todos deixaram sua marca positiva, tanto aqueles de ordem estrutural (administração, construções e instalações de entidades paróquias e áreas Pastorais), como os de ordem pastoral (animação das pastorais em vista do cuidado para com as pessoas através da formação da fé e da assistência religiosa, como também, os de ordem sócio transformadora). Diante dos apelos da Igreja, hoje, de renovação e conversão pastoral das Paróquias, a catequese, como Iniciação à Vida Cristã, é a base para formação dos cristãos. A renovação e implantação da catequese com tudo aquilo o processo envolveu e supõe (Ano da Catequese, Assembleias, formação de catequistas nas paróquias, EMIDE), dá esperança de uma autêntica evangelização, hoje , nos levando enfrentar o problema da indiferença à fé, do secularismo e da exclusão. Há muita coisa boa acontecendo, em nossas paróquias. Outra esperança é o Dízimos Missionário como forma e comunhão e corresponsabilidade dos cristãos na auto sustentação da comunidade, através da partilha da fé e dos dons espirituais e matérias, para o bem de todos.
Agora que findou sua missão em Oeiras, o Senhor acredita que teria algo que poderia (ou gostaria de) ter sido feito e que não foi realizado? Por quê?
Dom Juarez: Temos muitos sonhos. Há muita coisa que gostaria de realizar; tanto no sentido de otimizar o que já existia e existe, como no sentido de criar e trazer o novo. Sempre podemos fazer algo a mais pelo bem das pessoas, pelo anúncio do Evangelho e pelo Reino de Deus. Tenho o sonho de que tudo possa acontecer. Se não comigo como bispo de Oeiras, haverá de acontecer com aqueles que virão depois.
Fazendo uma breve retrospectiva de seu bispado na Primeira Capital, o que mais lhe deu satisfação e alegria, e o que mais o entristeceu na Diocese de Oeiras?
Dom Juarez: Satisfação e alegria, tive tantas, em Oeiras. Este foi um tempo abençoado; um kairós da graça de Deus para mim pessoalmente e, creio eu, para todo o povo de Deus que aqui está. Só para citar algumas: a hospitalidade e o carinho que aqui encontrei; a convivência com as pessoas de Oeiras e com a sua "oeirensidade" que se expressa na fé, nas tradições, no zelo pelos seus costumes e no empenho pela preservação dos mesmos; no gosto pelo saber, pela ciência pela produção literária e científica. Isso motiva e eleva a qualquer um, que aqui vive ou por aqui passa. Queria falar também das respostas positivas de muitos, a um projeto de missão e evangelização da Igreja, acolhendo o novo e se dispondo a levá-lo adiante. Entristece-me, o fechamento e a resistência de alguns, ao achar que "já foi, já teve ou sempre foi assim"; Entristece-me, a ausência de pessoas muito queridas, que partiram pra outra vida, pois muitas delas foram muito presentes, em minha vida e na vida da Igreja, neste período. Entristece-me, o sofrimento que nos últimos anos de seca atingiu a todos, principalmente aos pequenos agricultores. Não pela seca, mas pela falta de preparação para se conviver com ela.
Agora, conhecedor do perfil dos fieis de Oeiras e dos problemas sociais da cidade, na sua opinião, qual seria o perfil ideal para o futuro Bispo de Oeiras?
Dom Juarez: Difícil traçar um perfil. Gostaria apenas de orar e pedir que todos oremos para que aquele que vem, seja um homem de Deus e do povo. Certamente, este já está no coração de Deus. E Deus irá revelá-lo no momento oportuno, através da Igreja.
14- Quais conselhos apresentaria ao seu sucessor, mesmo ainda não sabendo quem é?
Dom Juarez: Que ele escute a voz de Deus, leia os sinais dos tempos, cuide bem deste povo amado de Deus, que está na diocese de Oeiras, e tenha paciência e serenidade diante dos desafios e problemas, às vezes, parecem maiores do que nós.
Nessa sua despedida, o que recomendaria ao Clero e aos fiéis da Diocese de Oeiras?
Dom Juarez: Gratidão e Estima, é o que sinto pelo povo de Deus que está na diocese de Oeiras, padres, religiosas, seminaristas e agentes de pastoral leigos e leigas.
Perdoem-me, se não fui o bispo que todos mereciam ter ou que eu deveria ter sido.
Peço que cultivem com Misericórdia e Espírito Missionário, a semente que plantamos juntos, ao longo destes oito anos, para que produza muitos e bons frutos. Rezem por mim. “Para que todos tenham vida” (Jo10,10)
Dom Juarez, o Mural da Vila agradece o lindo trabalho que realizou enquanto esteve à frente da Diocese oeirense, a receptividade e a cordialidade, que lhe são tão marcantes, e deseja muitas bênçãos e luz em sua nova missão como Bispo da Diocese de Parnaíba! E, para finalizar nossa entrevista, gostaríamos de lhe pedir que nos deixasse uma mensagem de despedida aos leitores do Mural da Vila e a todo o Povo de Deus da nossa cidade.
Dom Juarez: O que disse acima. Que Deus nos abençoe!