Em entrevista, Emanuel Vital fala sobre o Dia da Consciência Negra e o legado de ‘’Negras e Negros do Rosário’’
19/11/2024 - 19:48Emanuel Vital é professor, jornalista, ambientalista e negro do Rosário.
Ela é uma firme defensora dos direitos humanos. Dra. Karla Andrade é Defensora Pública em Oeiras, formada em Direito pela Universidade Federal do Piauí e especialista em Direitos Humanos.
Ainda muito jovem foi aprovada em concurso públcio para o cargo de auditora fiscal do Tribunal de Contas do Estado do Piauí. Quando foi aprovada em concurso para a Defensora Pública resolveu assumir o cargo, principalmente para lutar pelo o que FAZ a vida ter sentido, lutar pelas minorias.
Atuando em Oeiras, é fascinada pela cidade. "Gosto do astral de Oeiras. É uma cidade charmosa, de pessoas inteligentes e com vida cultural".
Sobre o atual cenário político do Brasil, a defensora afirma que o resultado da eleição presidencial de 2018 foi um reflexo da onda conservadora que já vinha ganhando força em outros países, e afirma que "o nosso atual Presidente não é apenas conservador, é insensível e limitado. Ele é uma pessoa despreparada intelectualmente e moralmente".
Confira a entrevista feita por Lameck Valentim com a Dra. Karla Araújo de Andrade Leite, titular da 2ª Defensoria Pública Regional de Oeiras.
-A senhora enquanto mulher, defensora pública, como analisa a situação das mulheres no Brasil atualmente?
Estamos vivendo um momento histórico confuso. Ao mesmo tempo em que assistimos o retorno de uma onda conservadora, que reafirma falas discriminatórias e preconceituosas, também estamos vendo o crescimento do número de mulheres que se fortalecem na medida em que se percebem como sujeito de direitos e com consciência política também. Contudo, como Defensora Pública, preciso tratar cada mulher que me procura dentro de seu contexto social. Minhas assistidas são vítimas de opressões várias, que vão além da questão de gênero. Mas tenho a clareza e convicção de que o fato de ser mulher já nos coloca em uma situação de desigualdade que precisa ser rompida.
- Como a senhora avalia o caminhar do ativismo das mulheres negras hoje: esse ativismo é mais forte e tem encontrado mais espaços de repercussão? Quais as principais pautas de luta em meio a tantas desigualdades no que diz respeito à violência, acesso a serviços de saúde e representatividade política, por exemplo?
O feminismo negro tem utilizado muito bem as redes sociais, que é um canal democrático de comunicação. Temos excelentes autoras negras que iniciaram suas escritas em blogs. O feminismo negro nos ensina que as diversas formas de opressões devem ser consideradas com suas interseções. A mulher negra e pobre experimenta uma vivência de maiores dificuldades, de mais desrespeito, mais descrédito. Esta mulher precisa ter muito mais força para resistir às dificuldades várias. O feminismo negro vem para nos mostrar que as desigualdades de gênero e raça, quando somadas, são ainda mais perversas, e que precisam ser enfrentadas por políticas públicas responsáveis. Todas estas desigualdades são construções sociais que interessavam a grupos dominantes de homens brancos, que desqualificavam qualquer pessoa que ousasse quebrar esta estrutura dominante.
- Muito se fala sobre o “lugar de fala” da mulher, dentro do contexto do feminismo. Você consegue visualizar a importância do homem neste diálogo em prol da construção pelos direitos da mulher, pela igualdade? Qual a sua opinião? Você se considera uma feminista?
Eu sou feminista, e posso lhe garantir que o feminismo salva vidas. Primeiramente ele salva a vida da mulher que compreende a importância dela ser feminista, e num segundo momento ele fornece ferramentas para que você também salve a vida de outras mulheres. E não estou falando apenas da salvação do corpo físico, mas da alma mesmo. Mas é preciso fazer uma diferença entre movimento feminino, que seria o movimento apenas de mulheres, e movimento feminista, que é aquele que luta pela igualdade entre homens e mulheres, e nessa luta por igualdade precisamos de todas as falas, de mulheres e de homens também. Mas é claro que um homem, por mais solidário e humano que seja, não poderá jamais falar do meu lugar de mulher, porque a experiência de vida dele é outra. Ele não enfrenta os preconceitos que eu enfrento, ele não é cobrado pelas suas escolhas pessoais, como eu sou, uma vez que vivemos num mundo machista, onde tudo é relativizado para o homem (o homem pode, a mulher não deve).
- Além da agressão física, a violência de gênero se processa de outras formas, mas nem sempre elas são encaradas como tal. Quais são essas outras maneiras?
Quando a diferença de sexo é utilizada como desculpa para limitar direitos, estamos diante de uma violência. Veja, todos nós somos iguais em direitos, homens e mulheres, de forma que ninguém pode me dizer que eu não posso ou não devo fazer algo que para um homem seja permitido. Partindo deste ponto, podemos perceber que sempre que uma mulher for levada a fazer o que ela não quer, ou quando ela for constrangida de alguma forma por ter feito algo que não se encaixou nos padrões comportamentais impostos pelo mundo machista, ela estará inevitavelmente sofrendo uma violência. Assim ela é violentada fisicamente, sexualmente, psicologicamente, moralmente, patrimonialmente, etc.
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