
Em entrevista, Emanuel Vital fala sobre o Dia da Consciência Negra e o legado de ‘’Negras e Negros do Rosário’’
19/11/2024 - 19:48Emanuel Vital é professor, jornalista, ambientalista e negro do Rosário.
O arquiteto e agitador cultural oeirense Edmo Campos, concedeu uma entrevista ao blogueiro Júnior Vianna do blog Mosaico da Vila, parceiro do Mural da Vila.
Sua entrevista é uma verdadeira ZOOEIRA! Descontraída a conversa não poderia deixar de fluir de onde menos imaginemos, do bate papo do facebook, sem necessidade de prolongamentos nessa descrição ai vai à entrevista com mais um oeirense da gema.
Mosaico da Vila: O forró é sem duvida o estilo musical mais difundido nas cidades do nordeste, o que não seria diferente em Oeiras. Diante dessa realidade, o que levou a você idealizar um festival de pop- rock sabendo dos possíveis riscos de rejeição por parte dos oeirenses?
Edmo Campos: O forró sem dúvida alguma é o ritmo mais forte na região Nordeste, apesar dele ter se desvirtuado bastante da raiz. Porém, isso não quer dizer que seja único no gosto das pessoas. A ideia de fazer um evento diferente dos demais é uma forma de agraciar os que também gostam de ouvir outras coisas. Oeiras é uma cidade de grandes artistas, existe uma atmosfera propícia. Nós sabemos que o público é limitado, mas ele existe. Um festival de música pop não quer dizer que só venha a ter fã da música pop. O Zooeira é para quem tá cansado do arroz com feijão, do trivial. Veio pra dar uma sacudida.
Mosaico da Vila: Oeiras é tida como referência cultural pra muitos artistas, porém vive um “boom” de festas ao som de swingueiras, nessa perspectiva, você enquanto agitador cultural, como analisa a atual realidade cultural da cidade?
Edmo Campos: Na verdade eu acho supernormal, devido às circunstâncias em que os jovens da cidade e do país estão inseridos. A grande mídia vende isto, às rádios vendem isto e o que podemos esperar? Eles vendem, a juventude consome e replicam exatamente o que tem como referência. Você é praticamente forçado a engolir certas coisas. Até que um dia qualquer você se depara com sua filha pré-adolescente fazendo gestos obscenos incentivados por uma música aparentemente legalzinha. Aí você pensa (ou era pra pensar): Opa! Existe algo de errado aqui! Eu acho também que o poder público tem culpa também nisto. Eu conheço vários jovens com projetos culturais muito bons para cidade que reclamam da falta de apoio. Um jovem certa vez me disse que cansou de tentar apoio da Prefeitura alegando que eles nunca davam a devida importância ao seu projeto de dança de rua. Agora, dinheiro pra banda de swingueira tem, né? Frise-se, isto é a realidade do Brasil.
Mosaico da Vila: Em recente entrevista a revista Revestrés, o humorista João Claudio Moreno, afirma que: “O Piauí é tão carente que é fácil tornar-se referencia em qualquer coisa que se faça”. Nessa perspectiva se andarmos pelas ruas de Oeiras muitas obras são assinadas por você, assim podemos dizer que hoje o Edmo Campos é a referencia no que se trata de arquitetura na Primeira Capital?
Edmo Campos: Eu li esta entrevista e concordo plenamente com o João. Hoje, realmente tenho o privilégio de ter bons clientes na cidade, mas pouca gente sabe que nem sempre foi assim. Só fiz meu primeiro projeto aqui com quase sete anos de formado. Ou seja, santo de casa só não obra milagre se desistir no meio do caminho. Não me sinto uma referência, eu acho é que a cidade é mesmo carente de muitos serviços e a Arquitetura de qualidade é um deles. Como estou mais presente, até porque a cidade me inspira, acabo sendo lembrado mais facilmente. Bom, eu gosto mesmo é quando às vezes algum jovem da cidade me pede informações sobre a profissão, e claro eu incentivo bastante.
Mosaico da Vila: O portal da cidade de Oeiras é sem duvida uma de sua mais notável criação, como você reagiu quando o projeto original foi alterado sem o seu consentimento?
Edmo Campos: Putz! Eu tomei um baita susto quando estava chegando a Oeiras e vi aquilo. Eu quem te pergunto Júnior: Você mudaria a receita que um médico lhe passou sem antes consultá-lo? Mas no Brasil é assim, muitas profissões não tem o devido respeito do poder público. Agora, eu fiz a minha parte como profissional e cidadão, em vez de sair detonando todo mundo na internet (como muita gente vez na época), eu me dirigi à secretária de cultura da época e me ofereci (gratuitamente) para dar sugestões de como usar as cores e slogans da nova administração. Porém, ela não se interessou. Fazer o quê?
Mosaico da Vila: Você sendo um entusiasta das coisas de Oeiras, se lhe fosse permitido um pedido ao gênio da lâmpada o que desejaria para essa cidade?
Edmo Campos: Que as pessoas, principalmente os jovens, pudessem ter mais inciativa. Sei que muitos desistem, pois a luta é difícil, existe pouco incentivo. Mas sem empreendedorismo não evoluiremos nunca. Espero que estas instituições educacionais que tanto prometem por aí, possam de fato abrir as portas e consequentemente abrir a mente da juventude de Oeiras e região.
Entrevista concedida da Júnior Vianna, do blog Mosaico da Vila