
Morre em Oeiras o senhor Domingos Francisco de Sousa, aos 84 anos
04/05/2025 - 09:46Homem de fé e trabalho, construiu uma família numerosa e deixou um legado de simplicidade e dedicação
Por Agnelo Pereira dos Santos, historiador
Cercado por amigos e familiares, o oeirense Geraldo Barros fez oitenta anos nesse 31.03.12. Ele que veio de família humilde e soube como ninguém educar os nove filhos que hoje contribuem significativamente para a educação da sociedade oeirense. Geraldo Barros herdou do pai o dom e a arte de trabalhar a argamassa. Francisco Antônio de Barros, seu pai, foi um dos mestres de obra de Orlando Carvalho, que na década de trinta do século passado edificou o conjunto arquitetônico no entorno da Igreja Matriz de N. S. da Vitória, simbolizando o advento da modernidade na velha cidade, até então mergulhada no ostracismo.
Mas foi com o seu irmão, José Rolins Barros, pedreiro, e, como bom oeirense, músico, que o Sr. Geraldo aperfeiçoou a sua arte, e, como um excelente artesão do tijolo, ajudou na (re) edificação da cidade, dela obtendo respeito e admiração em todos os setores da sociedade. Vale ressaltar a capacidade do mestre em assimilar as transformações pelas quais passa a sociedade, trazendo no seu bojo novas técnicas construtivas e novas concepções de mundo, pois Geraldo Barros remonta ao tempo em que as casas oeirenses eram pintadas com tabatinga. Disse-me certa vez: “Eu comecei a trabalhar ainda na década de quarenta e não conhecia a tinta PVA, somente tabatinga. O pincel era feito de palha de carnaúba, riscada, ou então de uma raiz chamada canela de ema, que batida, ficava igual a um pincel”. O Sr. Geraldo testemunhou, portanto, a introdução dos aparados da invenção moderna nas construções, enriquecendo ainda mais a história de vida desse exemplar cidadão oeirense.
Ressalte-se ainda a sua união conjugal com Helena Barbosa Barros, que na mesma data completou cinqüenta e três anos. Dona Helena orgulha-se de sua origem. Seu pai, João Clementino Barbosa foi tropeiro e ajudou no transporte dos tijolos cozidos, a novidade da época, para construção do novo centro histórico da cidade. Com sua tropa de doze jumentos conseguiu sustentar os doze filhos.
Assim, pequenas, mas importantes histórias de vida são contempladas com os novos olhares historiográficos, trazendo para a construção histórica sujeitos anônimos até bem pouco tempo ofuscado pela historiografia tradicional. Geraldo Barros, pelos seus feitos e pela sua conduta pode e deve orgulhar-se muito da sua trajetória de vida, e, como o estadista Júlio César, pode serenamente olhar para trás e dizer: “Vini, Vidi, Vinci”. Parabéns!