Nos últimos anos, o Brasil teve sinais de retomada na indústria automotiva.
Quem está pesquisando um Peugeot 208 usado costuma olhar preço, consumo, seguro e manutenção.
Só que existe um fator que influencia tudo isso por trás: quando a produção nacional de veículos cresce, o mercado tende a ficar mais “previsível” em oferta de carros, peças e logística.
E isso ajuda a reduzir a dependência de importações, que normalmente sofrem mais com variação cambial, fretes, gargalos e mudanças de impostos.
Nos últimos anos, o Brasil teve sinais de retomada na indústria automotiva.
Em 2024, a produção total cresceu 9,7%, chegando a 2,55 milhões de veículos, segundo dados citados em balanço da Anfavea.
E, no primeiro semestre de 2025, a produção voltou a avançar, com alta de 7,8% e volume em torno de 1,226 milhão de unidades (considerando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), também com base nos números da associação.
Ao mesmo tempo, as importações seguem relevantes e, em alguns momentos, crescem forte.
Em 2024, por exemplo, o Brasil importou 467 mil veículos, o maior volume em dez anos, de acordo com dados divulgados pela Anfavea e reportados pela imprensa especializada.
Esse “puxa e empurra” ajuda a explicar por que fortalecer a produção local virou um tema tão importante.
Por que aumentar a produção nacional reduz a dependência de importações
Depender menos de carros importados não significa “fechar o mercado”.
Significa, principalmente, ter capacidade interna para atender uma parcela maior da demanda, com mais estabilidade.
Quando a produção local cresce, alguns efeitos comuns são:
● Menos exposição ao dólar no preço final, já que parte maior do custo fica na cadeia local.
● Mais previsibilidade de estoque nas concessionárias e nas vendas diretas.
● Peças com reposição mais constante, o que reduz tempo de espera e pode aliviar custos de manutenção.
● Logística mais curta, com menos risco de atraso em portos e rotas internacionais.
Além disso, quanto mais a indústria produz aqui, maior tende a ser o incentivo para desenvolvimento de fornecedores nacionais, tecnologia e mão de obra.
O que os números recentes mostram sobre essa retomada
A retomada acontece em ondas. Há meses melhores e piores.
Um exemplo é que, em novembro de 2025, a produção caiu 8,2% na comparação anual naquele mês, mostrando que o setor ainda sofre com juros altos e oscilações de demanda.
Mesmo assim, no acumulado e nas projeções ao longo do ano, a indústria continuou apontando crescimento moderado em 2025.
Outro ponto importante é o peso das exportações.
Em parte de 2025, a Anfavea e veículos de imprensa destacaram exportações mais fortes, especialmente puxadas pela Argentina, o que também ajuda a manter as linhas de produção ativas.
Por que as importações cresceram e por que isso preocupa a indústria
O aumento de importações não acontece “do nada”. Ele costuma vir de alguns fatores combinados:
● Chegada de novas marcas e modelos, especialmente eletrificados
● Oportunidades de preço e volume em mercados externos
● Momentos em que a produção local não acompanha o ritmo da demanda
Em 2024, além do volume total importado (467 mil), chamou atenção o avanço de veículos vindos de fora de acordos tradicionais e o impulso dos híbridos e elétricos importados, segundo o balanço reportado pela AutoData.
Esse movimento é visto com preocupação pela indústria porque pode elevar estoques de importados e reduzir espaço para o produto nacional, principalmente quando o crédito fica caro e o consumidor “segura” a compra.
Um olhar prático: como isso pode afetar o mercado de usados
No mercado de usados, produção local mais forte costuma influenciar de duas formas:
1. Liquidez: modelos com grande presença no país tendem a vender mais fácil.
2. Custo total: peças, mão de obra e disponibilidade reduzem surpresas no pós-compra.
Isso vale para diversos hatchs e compactos.
No caso do Peugeot, é bom entender o contexto de produção e cadeia industrial do grupo.
A própria Stellantis relembra que a produção do 208 em Porto Real começou em 2013, e que houve investimento para modernização e capacidade de produzir diferentes tipos de motorização.
Conclusão
O aumento da produção nacional de veículos é mais do que uma estatística industrial.
Ele mexe com preço, estoque, manutenção e até com a experiência de viajar pelo Brasil de carro.
Em 2024, o país produziu cerca de 2,55 milhões de veículos (+9,7%), e em 2025 seguiu buscando crescimento, apesar das oscilações e do cenário de juros elevados.
Ao mesmo tempo, o salto das importações em 2024, com 467 mil unidades, mostra que o Brasil ainda é bastante exposto ao que acontece lá fora.
O caminho para reduzir a dependência de importações passa por manter fábricas competitivas, ampliar a cadeia de fornecedores e dar previsibilidade ao setor.