Geral
Projeto do novo morumbi é modificado
Por: em 17/12/2009 - 11:58
Trava-se nos bastidores grande batalha pelo jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014: Brasília, Belo Horizonte e São Paulo pleiteiam o privilégio. Contudo, para abrigar o primeiro jogo da competição é necessário um estádio de projeto diferenciado, que demanda maior área de apoio e de imprensa.
A candidatura de São Paulo é coordenada pelo Comitê Executivo Paulista, braço operacional do grupo de trabalho criado pelo governo do estado e do qual fazem parte diversas secretarias. Além do São Paulo Futebol Clube (proprietário do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, desenhado por Vilanova Artigas) e do poder público estadual, o comitê é integrado também pela prefeitura (está previsto investimento de cerca de 34 bilhões de reais em obras de infra-estrutura de mobilidade urbana, que abrangem a ampliação da linha do metrô e de avenidas).
O fato de o estádio escolhido ser particular leva a uma natural divisão de tarefas: grosso modo, os investimentos dentro da área do clube são de responsabilidade privada e os externos serão de responsabilidade mista ou exclusivamente do governo.
Depois de revelar descontentamento com alguns pontos do projeto, o comitê da FIFA passou a expressar publicamente sua opinião, através de declarações de seus integrantes à imprensa. Até a metade do ano, a única equipe de projetistas que trabalhava no projeto era a do arquiteto Ruy Ohtake. Diante da pressão, para adequar-se ao pleito de sediar o jogo de abertura, o clube contratou o escritório alemão GMP para somar esforços.
Em um pouco mais de um mês - incluindo uma semana em que arquitetos alemães trabalharam no escritório da avenida Faria Lima -, o projeto do estádio foi inteiramente modificado. Mudou a cobertura, estruturada antes por duas grandes vigas transversais e agora através de compensação de forças, com um anel de tração e um de compressão, em sistema semelhante ao utilizado pelo GMP no Mineirão. “É a mesma ideia de uma roda de bicicleta”, diz Ralf Amann, responsável no Brasil pelo GMP. Uma parte saliente da estrutura reforça as linhas da arquibancada. “Trabalhamos pensando em valorizar o projeto de Artigas”, garante Amann. Dessa forma, a cobertura ganha expressividade, parecendo uma coroa. A linha de pilares novos que apoiam a estrutura será externa e possui configuração em V, uma contribuição de Ohtake ao projeto.
Ainda em relação ao desenho, o novo projeto criou um edifício colado ao estádio, no local onde estão as rampas de acesso na face oeste, para centralizar todas as áreas de apoio (centro de mídia, estar da área de hospitalidade e do setor very vip, escritórios da FIFA etc.). Internamente, o estádio ainda apresenta alguns problemas. O principal está relacionado à visibilidade dos dois anéis inferiores, mas, por uma questão de custo da obra, o clube não pretende mexer ali.
As maiores pendências da proposta estão do lado de fora. Não há área externa suficiente para acomodar toda a infraestrutura temporária que a FIFA solicita. Como solução, de forma geral, o clube dividiu o espaço em duas partes. A primeira, destinada à hospitalidade (que acomoda patrocinadores do evento), ficaria dentro do clube. Ali estariam disponíveis, junto a piscina, campo de futebol e outras dependências, 30 mil metros quadrados (a FIFA exige 35 mil). A outra zona temporária seria do lado de fora. A ideia é utilizar três terrenos vazios (que servem como estacionamento) para criar uma grande praça unificando as três glebas e, para isso, passando por cima de vias públicas. Parte do subsolo dessa área seria utilizada como estacionamento.
Na parte externa, também a ser ocupada pela hospitalidade, a FIFA pede 50 mil metros quadrados, e o projeto apresentado oferece 49 mil. Também ali ficaria o TV Compound e setores comerciais. Para a FIFA, não é ideal que vias públicas tenham de ser fechadas para que essa ilha se conecte ao estádio. A ligação aérea também não é considerada bem-vinda, por dificultar o acesso. Essa falha na circulação é, atualmente, um dos motivos do impasse.
Fonte: Arco Web