
Justiça mantém prisão de Ana Azevedo por envolvimento com facção em Teresina
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Elas já não têm mais a juventude de antes, tampouco a mesma quantidade de clientes. Em vez de roupas caras, joias e presentes, as prostitutas que trabalham nas ruas do centro ganham apenas o suficiente para sobreviver. Nada de luxo.
De acordo com levantamento da Associação de Prostitutas do Piauí (Aprospi), 300 mulheres trabalham com a venda de sexo no centro de Teresina. Somente na Praça da Bandeira elas somam 98, vindas de Campo Maior, José de Freitas, Altos, Parnaíba e outros municípios mais próximos.
Diferente da maioria das prostitutas, essas preferem trabalhar durante o dia. É uma forma de se sentirem mais seguras, já que à noite as ruas são tomadas por usuários de drogas. Os locais escolhidos são geralmente as praças e alguns bares da rua Paissandu, embora poucas ainda resistam por lá.
Segundo Socorro Félix, membro da Associação das Prostitutas, ainda é comum os donos de bares organizarem serestas. Cada estabelecimento tem o seu dia específico para o evento. “É nessa ocasião que algumas mulheres aproveitam para conseguir clientes. Mas o dono do bar não fica com nada delas”, afirma Socorro. A figura do cafetão ou cafetina é considerada, pela Associação, como crime de exploração sexual.
Mensalmente, as mulheres recebem preservativos e gel lubrificante. A responsabilidade pela distribuição é da Aprospi. “São 40 camisinhas masculinas, 10 a 15 femininas e três envelopes de gel. Mas lá na Praça da Bandeira eu já tenho que dar a cada 15 dias porque elas ficam me pedindo”, conta Socorro.
Isso comprova que as prostitutas conhecem a importância da prevenção, embora ainda resistam a utilizar o preservativo com os parceiros fixos. “Eu explico para elas que o risco está aí, só que fica mais complicada a aceitação”, afirma Socorro.
Boa parte das prostitutas que trabalham atualmente no centro de Teresina está longe do glamour predominante nos antigos cabarés da rua Paissandu. Ao invés disso, elas lidam diariamente com preconceito e muitos riscos. Um deles é o de agressão física, seja por fantasia sexual ou não.
É por isso que Socorro Félix, aos 43 anos e prostituta há 16, não abre mão do direito de escolher seus clientes. “Eu digo as regras e eles aceitam se quiserem. Por exemplo, gosto de sair com homens maduros. Aparecem muitos jovens, mas eles nunca cumprem o combinado”, disse Socorro.
Ela conta que entrou na prostituição por inocência e ainda permanece por falta de opção. “Uma amiga chamou para ficar na Praça da Cepisa esperando os homens passarem. Eu não sabia nem que a gente ganhava dinheiro com sexo e estranhei principalmente porque teria que tirar a roupa”, relata Socorro.
Mas ela não demorou muito até concluir que era mais lucrativo trabalhar com prostituição. “Dava para ganhar cerca de mil reais somente em uma tarde. E na época eu recebia R$ 5,00 por faxina”, compara. Porém, com o passar dos anos, o lucro já não é tão alto. “Tem dia que não faço um programa. Minhas colegas dizem que é porque não sei ganhar dinheiro, mas prefiro evitar os riscos”, diz Socorro.
Atualmente, convicta de que a prostituição não é o melhor caminho, Socorro começou a estudar e pretende conseguir outro trabalho. “Quem disser que gosta dessa vida está mentindo. A gente faz por necessidade”, alega a prostituta.
Nesse momento, a fortaleza de uma mulher que escolhe os homens para fazer programa e não aceita qualquer tipo de agressão é substituída pelo olhar triste e até envergonhado de quem carrega o estigma imposto por uma sociedade de hipocrisias.