
Falece em Oeiras, Maria de Souza Feitosa aos 83 anos
01/05/2025 - 07:33Matriarca da famÃlia Feitosa enfrentava uma doença pulmonar e deixou filhos, netos e bisnetos
No mês dedicado à Consciência Negra, o Mural da Vila apresenta a série de matérias especiais "REPRESENTATIVIDADE", na qual compartilha histórias de homens e mulheres negros que desempenharam e continuam a desempenhar papéis importantes na história de Oeiras.
Conheça a história de dona Evangelina dos Santos Ferreira Lima, uma mulher preta do bairro Rosário e amplamente conhecida em Oeiras, devido o sucesso dos seus biscoitos caseiros tradicionais em Oeiras, como a caridade, bolo de cêra. mariquinha, rosquinha de côco, pêtas e outros mais.
Conheça sua história.
Em um pequeno povoado chamado Cobra, hoje conhecido como Briona, que a história de Evangelina dos Santos Ferreira Lima começou a ser escrita. Nascida em 30 de julho de 1948, ela era filha do lavrador Raimundo Honorato dos Santos e da dedicada dona de casa Isaura Francisca da Costa. Mas o destino, por vezes, escreve capítulos sombrios em nossas vidas.
Evangelina, sendo filha única, viu-se privada da presença materna muito cedo, quando sua mãe partiu devido a complicações no parto. Seu pai, Raimundo, ficou sozinho para criar a pequena criança, enfrentando as adversidades com coragem e amor.
Aos 12 anos, diante das dificuldades financeiras que se abateram sobre a família, Raimundo tomou uma decisão difícil, entregando Evangelina aos cuidados do casal Walburg Ribeiro e Dona Nini, residentes em Oeiras. Foi ali que a trajetória da jovem ganhou novas páginas de aprendizado e superação. Frequentou a escola até a 4ª série, mas foi além dos livros que encontrou os verdadeiros ensinamentos de vida.
D. Nini, com seu coração acolhedor, guiou Evangelina no caminho da resiliência e determinação. Ensinou-lhe mais do que matérias escolares; transmitiu habilidades como crochê, ponto de cruz e bordado, além de valores que se tornariam alicerces em sua jornada.
Aos 23 anos, Evangelina escreveu um novo capítulo ao unir sua vida à de Abdenago Ferreira Lima. Juntos, construíram uma família que se tornou o epicentro de sua resiliência. Abdenago Júnior, Francisangela, Francisaura, Isabel e Flaviane, seus cinco filhos biológicos, juntamente com Abmael, o filho adotado, testemunharam a força de vontade que os pais transmitiam diariamente.
Contudo, a vida, como uma narrativa repleta de reviravoltas, trouxe desafios financeiros. O emprego de Abdenago na SUCAN foi perdido, e as nuvens da incerteza pairavam sobre a família. Foi então que a mão amiga de D. Nini se estendeu novamente.
Ofereceu a Evangelina a oportunidade de vender leite, uma tábua de salvação em tempos difíceis. Observando as habilidades culinárias de Evangelina, D. Nini percebeu que ela poderia criar algo extraordinário: biscoitos deliciosos. Generosamente, cedeu seu forno a lenha e seu caderno de receitas, dando origem a uma jornada empreendedora.
Em 1979, aos 31 anos, Evangelina começou a produzir biscoitos que se tornariam não apenas um meio de sustento, mas uma expressão de sua paixão e dedicação. D. Nini, sempre presente, não apenas forneceu ferramentas e receitas, mas envolveu suas próprias filhas no negócio, transformando-o em um empreendimento familiar.
As filhas estudavam durante a manhã e, assim que as aulas terminavam, dirigiam-se à casa de D. Nini, prontas para contribuir na produção e nas vendas. Uma sincronia perfeita entre educação e trabalho, entre compromisso e família.
O tempo passou, mas a tenacidade de Evangelina permaneceu inabalável. Criou seus filhos com os frutos de seu incansável trabalho na produção de biscoitos. Hoje, aos 75 anos, ela continua a produzir essas deliciosas iguarias em sua casa, como um testemunho vivo de resiliência e determinação.
A história de Evangelina dos Santos Ferreira Lima é mais do que um relato de vida; é um épico que ressoa com força de vontade e o apoio de uma comunidade solidária. Seus biscoitos, além de adoçarem paladares, carregam consigo a doce essência de uma mulher que transformou desafios em conquistas, ensinando-nos que, mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da resiliência pode guiar-nos para um amanhã melhor.