Sem acordo, motoristas e cobradores mantêm a greve

Concentrados em frente ao Sindicato, motoris
tas e cobradores de ônibus de Teresina, em greve aguardavam na tarde ontem, uma decisão da classe patronal. Como nenhuma decisão foi tomada até o fechamento desta edição, a greve entra hoje no seu terceiro dia, o que tem trazido muitos prejuízos aos usuários dos transportes coletivos.

Apesar de sinalizar com a possibilidade de aceitar a proposta do Tribunal Regional do Trabalho - TRT -, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários - Sintetro - afirma que só vai se manifestar a pós a decisão do Setut.
De acordo com o presidente do Sintetro, Francisco das Chagas Oliveira, há possibilidades da categoria aceitar a proposta de 8,05% no reajuste dos salários e 5,83% no tíquete alimentação, sem aumento na participação das empresas no plano de saúde dos empregados, mas só após uma resposta da classe patronal, para saber se eles aceitam a proposta do TRT.

De acordo com Assessoria de Imprensa o Setut a classe patronal se reuniu por toda a tarde de ontem, mas a proposta ainda não tinha sido aceita, e que qualquer decisão seria dado ao Tribunal, mas que diante de um documento entregue ainda na segunda-feira o desembargador poderia suspender a greve.

A greve começou na madrugada da última segunda-feira e gerou transtornos a milhares de usuários, sem contar os casos de vandalismo, com ônibus apedrejados e motoristas feridos, sem contar nos casos de vandalismo, com ônibus apedrejados e motoristas feridos.



Depredações marcam segundo dia de greve dos motoristas


O segundo dia de greve dos motoristas e cobradores de ônibus em Teresina, foi marcado por depredações. Foram pedradas, tiro, bombas caseiras e até mesmo estilingue foi usado contra os trabalhadores. Um levantamento das empresas aponta que pelo menos 18 ônibus foram parcialmente quebrados. Além de pedras e bombas caseiras, um dos ônibus - que fazia a linha Mocambinho/Porto Alegre - foi atingido por um tiro, por volta de 9 horas. O ônibus era da empresa Transcol. Além dele, mais cinco ônibus da mesma empresa foram quebrados na manhã de ontem.

Três ônibus foram levados para a garagem da empresa, enquanto os demais continuaram circulando. Na empresa Cidade Verde foram quatro ônibus quebrados até a manhã de ontem, sendo dois opcionais. Só um foi levado para a garagem e as demais continuam circulando. Um dos ônibus foi atingido quando passava pela avenida Barão de Gurguéia, zona Sul de Teresina. O motorista e uma senhora ficaram feridos. O ônibus estava superlotado, com cerca de 70 passageiros.

Na avenida Henry Wall de Carvalho cerca de quatro ônibus foram atingidos. Depois do ocorrido, ainda havia estilhaços de vidros espalhados pela avenida. Os motoristas atingidos foram prestar queixa no distrito policial. Um motorista da empresa Emtracol - de nome Neildo - foi ao Instituto Médico Legal para realização de Exame de Corpo de Delito.
Na manhã de ontem, representantes do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Teresina- Setut e do Sindicato dos Trabalhadores em empresas de Transporte- Sintetro participaram ontem, pela manhã, de mais uma reunião na sede do Tribunal Regional do Trabalho - TRT. Os empresários estavam dispostos a pedir o dissídio coletivo, mas trabalhadores ficaram de avaliar a proposta apresentada, com reajuste salarial de 8,05%.

Os trabalhadores do setor queriam um reajuste linear, mas os empresários não aceitaram. O juiz Francisco Meton Marques deu um prazo de três dias para os dois lados entrarem em acordo.

Antes da reunião, o advogado do Setut, Mário Roberto Pereira, afirmou que seria proposto 5,83% de reajuste salarial, como medida cautelar para por fim à greve. Este percentual é correspondente à correção salarial, de acordo com a inflação atual. O presidente do Sintetro, Francisco das Chagas Oliveira, afirmou que se dependesse deste percentual a greve seria mantida. Sobre o não cumprimento da liminar que determinava a circulação de 50% da frota, Francisco falou que o número de ônibus foi reduzido para algumas empresas, onde os funcionários não compareceram.

Como não houve recuo na proposta apresentada pelo Setut (mantida em 8,05%) os trabalhadores se comprometeram em avaliá-la. O sindicato realizou na tarde de ontem, uma assembléia para discutir o assunto. Os empresários também se reuniram ontem. O presidente do Setut, Herbert Miúra, disse que no primeiro dia, faltaram mais de 30 ônibus nas ruas, para garantir o cumprimento da liminar judicial.

Segundo ele, os primeiros ônibus do dia só foram liberados às 6 horas de ontem, quando o horário normal é de 4h40. "Se os sindicatos não chegarem a um consenso, cabe à Justiça determinar o fim da greve. Vamos aguardar a decisão do Tribunal", disse.

Além da proposta de 8,05%, o Setut propôs um percentual de 5,83% para o tíquete alimentação e zero para o plano de saúde. Os trabalhadores reivindicavam, inicialmente, que a empresa custeasse totalmente o plano de saúde, mas os empresários não aceitaram a proposta.

Depois de parar 100% da frota de ônibus no primeiro dia de greve, a decisão da Justiça foi cumprida na manhã, de ontem, quando 50% da frota regular estava circulando. O número de ônibus que passou pela avenida Frei Serafim na manhã, de ontem, era bem maior e os usuários tiveram que esperar menos tempo nas paradas.




Diário do Povo