Sertanejos sem comida e água podem perder o Bolsa-Família

Segundo dados da Fetag/PI (Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Piauí), 170 municípios do Estado estão sofrendo os efeitos da estiagem. A maioria já teve perdas agrícolas superiores a 80% da safra e não tem água para abastecimento humano e nem animal. São mais de 135 mil famílias que pedem auxilio, mas previsão para o seguro safra beneficia apenas 68 mil famílias. Para complicar a situação, o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) anunciou que poderá cortar benefícios de 170.951 famílias cadastradas no programa Bolsa Família, que seria a tábua de salvação para quem mora no semi-árido. A Fetag/PI iniciou um cadastro para pedir cesta de alimentos para as famílias que sofrem com a seca. Até agora foram recadastradas apenas 48,57% das famílias.


O secretário de Política Agrícola da Fetag/PI, Paulo Carvalho, o semi-árido já está numa situação crítica e falta água e comida para as famílias. Há previsão do Seguro Safra, mas é suficiente para atender menos da metade dos flagelados pela seca.


"Tivemos uma quebra de 80% da produção no semi-árido. Na região de Picos, o caju esse ano teve uma redução de 60%, isso porque ele precisa de pouca água. Na região de Pio IX, Caridade do Piauí, Fronteira e São Raimundo Nonato muitas comunidades têm problemas para encontrar água para consumo humano e animal. A única renda que eles têm é o Bolsa Família, ou a aposentadoria. Agora vai sair o garantia-safra, mas nem todos então cadastrados", comentou Paulo Carvalho.


A Fetag/PI informa que 30 municípios não vão receber a primeira etapa do Seguro Safra, que começa a partir do dia 18. Boa parte dos prefeitos não pagou o valor de R$ 6,50 por família como contrapartida para o seguro.


O Governo do Estado ainda tem cerca de mil poços lacrados e que não estão sendo utilizados. A Secretaria Estadual de Defesa Civil estava tentando colocar esses poços em funcionamento. A Fetag considera que seria mais eficiente e mais barato que manter carros pipas. Já está sendo feito um cadastro para solicitar cestas de alimentos para as famílias atingidas pela seca.
"Eles não têm perspectiva de receber nada. Somos contra a cesta básica, é um paliativo que não resolve o problema. Mas a situação é difícil. Ainda temos outubro, novembro e dezembro para que a chuva possa vir", comentou Paulo Carvalho.