
Festival cultural promove capoeira e vozes femininas na Vila do Mocha, em Oeiras
07/06/2025 - 09:34Evento da Escola Pro Capoeira reúne atividades formativas e roda de conversa como parte do projeto Vozes da Resistência
A rua Lizandro Nogueira, no centro de Teresina, é bastante movimentada devido à sua localização e os muitos comércios que existem. No entanto, a movimentação vem de tempos antigos, mais precisamente da metade do século XIX, quando se chamava de Rua dos Negros. O nome vinha do fato de que era lá que os escravos da capital do Piauí se encontravam para realizar o calojis, que em ioruba significa "ajuntamento". Era na atual rua do centro da cidade que os negros se juntavam para festejar e manifestar suas crenças e tradições.
É claro que tudo era feito sob o olhar desconfiado da polícia - pronta para reprimir ou acabar qualquer arroubo mais forte da alegria dos escravos ali reunidos. Esse movimento é o tema da pesquisa "Batuque na Rua dos Negros: Cultura e Polícia de Teresina na Segunda Metade do Século XIX", do mestre em História pela Universidade Federal da Bahia, Maírton Celestino da Silva.
A dissertação de mestrado do piauiense é um dos três ganhadores do concurso Novos Autores, realizado pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Maílson conquistou o terceiro lugar na categoria Pesquisa Histórica.
Os outros vencedores na categoria foram: "Mulheres, Escrita e Feminismo no Piauí", de Olívia Candeia Lima Rocha [1º lugar] e "História Entre Tempos e Contratempos; Fontes Ibiapina e a Obscura Invenção do Piauí", de Élson de Assis Rabelo [2º lugar].
A dissertação de mestrado do historiador piauiense Maírton Celestino da Silva na UFBA seguiu a linha de pesquisa intitulada " Trabalho, Cultura e Movimento Social". Maílson focou seus estudos na relação entre escravidão e polícia na cidade de Teresina durante o período de 1852 a 1888.
A reunião de negros escravos pelas ruas das cidades era comum no Brasil, mesmo que fosse sob a vigilância da polícia. Essa atividade caracteriza a coragem de enfrentamento dos escravizados, destruindo a imagem de que o negro era submisso como ressalta o pesquisador. "Submissão não significa passividade", afirma.
A Lei do Ventre Livre, promulgada em 1871, só veio reforçar a 'pseudo-liberdade' de expressão da negritude da época. O fim da escravatura só aconteceria 17 anos depois., através da Lei Áurea.
"Essas conquistas ajudaram a moldar as leis da época a uma nova situação. A nova política flexionava uma maior liberdade de expressão aos negros. Sem contar que a polícia já agia de forma branda ao perceber que até mesmo a população já relevava as manifestações por não se sentir incomodada", comenta o historiador.
Fonte: Jornal Diário do Povo