Tudo sobre a Operação Geleira da PF, que prendeu prefeitos e ex-prefeitos no Piauí

Tudo sobre a organização criminosa agia em prefeituras de todo o Estado e era investigada desde 2008 pela Polícia Federal. Os políticos foram presos por uso de notas frias, desvio de dinheiro público e outros crimes; a estimativa é que o rombo seja de mais de R$ 20 milhões. A operação contou com a ação de 325 agentes da PF em vários estados do país. Ao todo, trinta pessoas foram presas.

Os grupos identificados atuavam, principalmente, nos municípios de Uruçuí, Elizeu Martins, Landri Sales, São Raimundo Nonato, Ribeira do Piauí, Dirceu Arco Verde, Várzea Branca, Assunção do Piauí, Caracol, Oeiras, Coivaras, Palmeirais, Porto, Santa Luz, Alto Longa, Castelo, Fronteiras, Matias Olimpio, Nossa Senhora dos Remédios, São Lourenço e Curral Novo.

Confira a sucessão de fatos que envolvem o caso!

Governador exonera Chico Filho da presidência do Emater

O governador Wilson Martins (PSB) comunicou na manhã desta quinta-feira (20) a exoneração do presidente do Emater, Chico Filho, ex-prefeito de Uruçui e ex-secretário Estadual de Defesa Civil.

Chico Filho foi preso ontem (quarta) na Operação Geleira acusado de emissão de notas fiscais frias quando era prefeito do município de Uruçui. Na operação 30 pessoas foram presas, entre eles, nove prefeitos e ex-prefeitos, acusados de desvio de recursos do SUS e Fundef.

Segundo o governo, Chico Filho pediu o afastamento da direção do Emater e o governador aceitou. Chico Filho teve prisão preventiva de cinco dias e está detido no presídio Major César.

O secretário de Governo, Wilson Brandão, garantiu que o governador manterá o cargo na cota do PMDB. Wilson Martins irá conversar com o presidente do PMDB, Marcelo Castro para definir até segunda-feira o novo diretor geral do Emater. A cota foi indicada pela deputada estadual Ana Paula Carvalho (PMDB).

Nota do Governo do Estado na íntegra:

O Governador Wilson Martins aceitou na manhã desta quinta-feira (20) o pedido de exoneração do diretor-geral do Instituto de Assistência Técnica de Extensão Rural (Emater), Francisco Donato de Araújo Linhares Filho, Chico Filho. A informação é do secretário de Governo, Wilson Brandão.
Durante a operação "Geleira", deflagrada nesta quarta-feira (19) pela Polícia Federal, o governador Wilson Martins se encontrava em Brasília em uma série de audiências nos Ministérios da Integração, Saúde e Educação, retornando para Teresina apenas à noite. Hoje pela manhã, o governador recebeu e aceitou oficialmente o pedido.

Prefeitos faziam empréstimo de campanha com agiotas e pagavam com notas frias

As investigações da Operação Geleira apontaram que cada nota fria expedidas pelas empresas fantasmas custava de 10% a 20% do valor da nota repassada às Prefeituras envolvidas. Segundo o delegado Janderlyer Gomes, coordenador da operação, esse valor era repassado para agiotas como pagamento de dívidas contraídas durante as campanhas eleitorais.

"Esses agiotas recebiam o pagamento das dívidas mensalmente através da própria Prefeitura, através de notas frias. E para justificar esse desvio, eram feitos processos licitatórios e registros contábeis fraudulentos. As empresas vendiam, por exemplo, uma nota no valor de R$ 100 mil por cerca de R$ 20 mil", explicou o delegado.

As notas eram relacionadas a medicamentos superfaturados, material de expediente e até construções nos municípios.

"Várias construtoras foram alvos de busca e apreensão por venderem as notas frias. Empresas fantasmas também foram descobertas", disse o delegado.

Uma delas foi a construtora ATF, de propriedade de um homem identificado como Merinho, um dos presos da Operação Geleira. A prisão de Merinho foi feita na casa do ex-prefeito e atual diretor do Emater, Chico Filho, em Uruçuí.

Os documentos apreendidos pela polícia estão sendo analisados também para que seja desvendado como era feito o esquema de lavagem de dinheiro pela quadrilha. A polícia quer saber inclusive, se os R$ 40 mil apreendidos na casa do prefeito de Caracol, Isael Macedo Neto, fazia parte desta lavagem.

O inquérito da Operação Geleira, que culminou nas prisões de prefeitos, ex-prefeitos e gestores, será desmembrado em 12, sendo um para cada prefeitura. Segundo o delegado Janderlyer, cada prefeitura terá sua análise de processo separado para facilitar as investigações.

Um dia após as prisões ainda não houve pedido de relaxamento para os presos. Janderlyer acredita que haverá prorrogação dos pedidos de prisão temporária para provisória porque ainda há um acusado foragido.

Casal é preso na CAIXA por envolvimento na Operação Geleira

A Polícia Federal prendeu na manhã de quarta-feira (19) um casal que estava na agência central da Caixa Econômica Federal, em Teresina, utilizando documentos falsos para tentar obter um empréstimo. De acordo com o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF, Janderlyer Gomes, o gerente estranhou e ligou para a polícia.

O casal foi preso e encaminhado à superintendência da PF. "Para nossa surpresa, os presos eram sócios de dois contadores que estavam presos pela Operação Geleira", contou.

José dos Santos Matos, conhecido como Zé do Mato, e Antonia Nonata, a Toinha, já são conhecidos da Polícia Federal. Ela foi presa na Operação Valáquia e ele em outras operações. Eles foram presos novamente pela Operação Geleira ontem(quarta).

O casal é acusado de possuir uma empresa de contabilidade fantasma e, com documentação falsa, aplicam diversos tipos de golpes.

Já o casal, Rita de Cássia dos Santos e um homem identificado como Fábio, preso na Caixa Econômica, era sócio de Zé do Mato e Toinha. Eles foram autuados em flagrante por falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

"O casal que já estava preso pela Operação Geleira também foi autuado em flagrante pelos mesmos crimes cometidos pelos comparsas", explicou o delegado.

Polícia Federal quer que deputada Ana Paula explique pagamentos de notas frias

O delegado Janderleyer Gomes, coordenador da Operação Geleira, confirmou nesta quinta-feira (20) que a deputada Ana Paula (PMDB), irmã do diretor do Emater, Chico Filho, preso na operação, será convocada para prestar esclarecimentos sobre o seu possível envolvimento no esquema de notas frias. Se necessário, serão feitas acareações entre presos e envolvidos.

Um dos seus assessores parlamentares, que estava foragido, foi preso. Ontem, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão no gabinete da deputada na Assembleia Legislativa, foram encontrados documentos em que podem supostamente comprovar que havia pagamentos de notas fiscais frias partindo do gabinete da deputada.

O delegado informou que a deputada não será indiciada ainda, mas terá que explicar o porquê da existência dessa documentação em seu gabinete.

Hoje deverão ser ouvidas 13 pessoas na sede da Polícia Federal, em Teresina.

Ainda segundo o delegado Janderlyer, pessoas envolvidas no esquema, como funcionários públicos de prefeituras e secretarias de Saúde e Educação dos municípios, integrantes de comissões de licitação e assessores ainda serão ouvidos.

PF-PI tem 600 inquéritos contra prefeitos; Outras prisões podem acontecer

O delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Janderlyer Gomes, confirmou nesta quinta-feira (20) que a Operação Geleira terá desdobramentos no Piauí. Comeãça agora a fase de oitiva dos presos e mais pessoas podem ser indiciadas.
Segundo o delegado, dos cerca de 1.200 inquéritos em aberto na PF, 52% são sobre desvio de verba pública e montagem de esquemas com empresas fantasmas. O número de prefeitos envolvidos pode crescer nos próximos meses, no decorrer das investigações.

"Agora deveremos receber ainda mais documentos do interior e vamos intensificar os depoimentos dos envolvidos e possivelmente teremos mais indiciamentos. Posso adiantar que as buscas foram bastante proveitosas. É um número elevado de pessoas envolvidas que serão ouvidas nos próximos dias, nos próximos meses", explicou.

O início das investigações aconteceram ainda em 2008. Foram feitas escutas telefônicas e, no decorrer desse tempo, os agentes perceberam que as empresas se repetiam nos negócios com várias prefeituras.

A Operação Geleira resultou na prisão de sete prefeitos e dois ex-prefeitos, além de gestores, empresários, lobistas, e funcionários públicos.

QUARTA-FEIRA

Ex-prefeito de Ribeira denuncia esquema de falsificação de registro no Conselho Regional de Medicina(CRM)

Após saber da Operação Ribeira, o ex-prefeito de Ribeira do Piauí, Solano de Sousa e Silva, foi até a sede da Polícia Federal para denunciar Jorge de Araújo Costa, atual prefeito preso nesta quarta-feira (19). O gestor disse ter sido ameaçado de morte por ter descoberto um suposto esquema para fraudar a prestação de contas de serviços da saúde.

Solano levou documentos até a PF que comprovariam a falsificação de registros do Conselho Regional de Medicina para atestar a prestação de serviços no município. "Só que o médico não sabe, não conhece Ribeira. Tem vários médicos, inclusive", disse.

O ex-prefeito deu como exemplo um caso de médico que teria de receber R$ 10.800, mas teve o registro falsificado sem seu conhecimento. "Fui ameaçado de morte porque descobri o crime organizado", disse Solano Silva, denunciando ainda a participação de clínicas no esquema.

O delegado Janderlyer Gomes recebeu a documentação, considerada importante. No entanto, acrescentou que Jorge Costa é acusado de uma série de crimes com várias ramificações.

Jorge de Araújo Costa foi um dos sete prefeitos presos pela Polícia Federal, que cumpriu 30 mandados de prisão e 84 de busca e apreensão em 12 municípios. A operação investiga fraudes para desviar recursos federais destinados à saúde e merenda escolar.

Prefeito de Caracol é preso com R$ 40 mil e prefeito de Porto se entrega

O prefeito de Porto, Domingos Bacelar de Carvalho, o Dó Bacelar (PMDB), se apresentou no final da tarde desta quarta-feira (19) à Polícia Federal do Piauí. Ele tinha mandado de prisão expedido para a Operação Geleira, deflagrada contra gestores e empresários, todos acusados de desvio de recursos destinados à aquisição de medicamentos e merenda escolar.

Também foram presos:

Eliseu Martins - Teresinha de Jesus Miranda Dantas Araújo (PSDB)
Ribeira do Piauí - Jorge de Araújo Costa (PTB)
Landri Sales - Joedison Alves Rodrigues (PTB)

A PF também deu por encerradas as buscas por hoje. Foram cumpridos os 84 mandados de busca e apreensão e 30 de prisão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. De acordo com o delegado Janderlyer Gomes de Lima, muitas vistorias nos imóveis reforçam as interceptações telefônicas e confirmam acusações de fraude.

O delegado informou que foram achados na casa do prefeito de Caracol, Isael Macedo Neto, cerca de R$ 40 mil. Ele teria alegado estar juntando dinheiro do seu salário.

Também foram apreendidos cinco carros em Teresina, do Uno à Hilux, e outros que continuarão no interior.

Janderlyer disse ainda ter achado estranho, pessoas terem se apresentado e prestado depoimentos mesmo sem estarem com mandado de prisão em aberto. Ainda não existe nenhum caso de acusado que possa ser beneficiado por delação premiada - redução da pena por contribuição com as investigações.

Empresários do setor de medicamentos são a maioria entre os presos. Os que possuem curso superior e diploma vão passar a noite em celas especiais da penitenciária Major César Oliveira.

Acusados dormem na prisão

Os prefeitos, ex-prefeitos e demais presos na operação Geleira da Polícia Federal (PF) do Piauí são encaminhados, após depoimentos, para centros de reclusão na capital.
Segundo a comunicação da PF, os homens que possuam direito a prisão especial serão encaminhados à
Penitenciária Major Cezar, as mulheres em mesma situação irão para a Penitenciária Feminina e os demais para a Casa de Custódia.

A operação foi deflagrada nas primeiras horas desta quarta-feira (19) e prendeu acusados de desviar dinheiro público destinado a aquisição de medicamentos.

De acordo com o advogado de defesa dos prefeitos de Landri Sales e Eliseu Martins, Lúcio Tadeu, a soltura de seus clientes deve acontecer nas próximas horas.

“Trabalhamos com a tese de que após serem ouvidos, meus clientes não apresentam motivos evidentes para continuarem presos”, afirma.

Desvio de verba pública supera os R$ 20 milhões

A Polícia Federal do Piauí prendeu nesta quarta-feira (19) sete prefeitos e dois ex-prefeitos acusados de desvio de recursos na compra de medicamentos e merenda escolar no Estado.

No total, 30 pessoas foram presas entre eles um advogado, servidores públicos, assessores, empresários e lobistas. A ação foi batizada de “Operação Geleira” e prevê o desvio de mais de R$ 20 milhões. Foram cumpridos 84 mandados de buscas e apreensões em 12 municípios do Estado.
Veja relação: dos prefeitos presos:

Uruçui - Valdir Soares da Costa (PT)
Landri Sales - Joedison Alves Rodrigues (PTB)
Caracol - Isael Macedo Neto (PTB)
Eliseu Martins - Teresinha de Jesus Miranda Dantas Araújo (PSDB)
Ribeira do Piauí - Jorge de Araújo Costa (PTB)
Miguel Leão - Bismarck Santos de Arêa Leão (PTB)
Porto - Domingos Barcelar de Carvalho (PMDB).

Os ex-prefeitos presos são Francisco Donato de Araújo Linhares Filho, o Chico Filho, de Uruçui e presidente do Emater (Instituto de Assistência e Extensão Rural e a ex-prefeita de Marcos Parente, Juraci Alves (PTB).

Foram apreendidos documentos em Landri Sales, Marcos Parente, Uruçuí, São Raimundo Nonato, Várzea Branca, Caracol, Eliseu Martins, Ribeira do Piauí, Porto, Amarante, Miguel Leão, Floriano e Teresina.

Agentes também foram buscar documentos no gabinete da deputada Ana Paula (PMDB), na Assembleia Legislativa. Segundo o delegado Janderlyer o mandado não diz respeito ao mandato da deputada, mas sim em relação a recursos destinados ao mandato de Chico Filho, irmão da deputada, no final de 2008.

A investigação, que começou no final de 2008, apurou que empresários criavam empresas fantasmas para fornecer notas fiscais frias para prefeituras.

Foram desviados recursos do SUS, programa oriundo do Ministério da Saúde, e do Fundeb, do Ministério da Educação.

Em apenas três prefeituras (Landri Sales, Uruçuí e Eliseu Martins) o rombo foi de R$ 5 milhões. A investigação apurou que o dinheiro era usado para principalmente para pagamentos de dívidas de agiotas e corrupção de servidores.

Ele explica que essa operação é diferenciada por ser em conjunto com a Controladoria Geral da União, Ministério Público Federa. Acompanham as investigação o procurador Tranvanvan Feitosa e Luis Fernando Menescal, chefe da CGU no Piauí.

Janderlier Gomes de Lima, que comandou a operação, destacou que a rede criminosa constituía empresas “fantasmas” para o derrame de notas fiscais frias nas cidades. Ele garantiu que os presos vão responder por crimes de sonegação fiscal, apropriação de recursos públicos e lavagem de dinheiro.

“As empresas fantasmas repassavam as notas fiscais para as prefeituras envolvendo principalmente compra de medicamentos, além de saques irregulares nas contas das prefeituras e do Fundo de Participação”, disse o delegado federal.

O superintende da PF, Marcos Antônio Farias, informou na coletiva que a operação foi um sucesso e a ação subiu para o Tribunal Regional Federal, em Brasília, por envolver prefeitos.

Na manhã de quarta (20), houve busca e apreensão no gabinete da deputada estadual Ana Paula Carvalho (PMDB), irmã do ex-prefeito Chico Filho. A ação foi em conjunto com o Ministério Público Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e Secretaria Estadual de Fazenda.


Com informações do cidadeverde.com