
A cara de oeiras e a cara do joca oeiras
Uma vez, certamente brincando, Ferrer Freitas me “acusou” de estar assumindo ou tentando assumir o lugar dele, que recebera, de Dagoberto de Carvalho, o título de “A Cara de Oeiras”.
O que disse a ele é o que diria a qualquer um em qualquer tempo: Ferrer, eu só tenho uma única cara. O que eu não sabia, antes de conhecer Oeiras, é que a cara que eu tenho tem também um só nome: o de Joca Oeiras. E explico: meu nome de batismo é, como alguns de vocês sabem, Joaquim Luiz Mendes de Almeida. Mas nunca me senti bem com este nome. Já Joca Oeiras cai em mim como uma luva, me identifica no que é possível identificar, me qualifica, me define. Não almejo ser nada mais nem nada a menos. Às vezes acabo me qualificando como artista plástico, artista multimídia, jornalista (agora pode, né) mas não me sinto nada disso, só Joca Oeiras, é o que me basta. O epíteto de “Anjo Andarilho”, acho que é fácil entender, reforça o meu desejo de ser apenas o que realmente sou. Afinal. Anjos não existem, até prova em contrário, e andarilho eu deixei de ser, vergonhosa e lamentavelmente, já faz algum tempo.
O fato de não me sentir bem com adjetivos qualificativos – engenheiro, médico, professor, marceneiro, eletricista, poeta, cantor, veterinário etc. – agregados ao meu nome não me impede de almejar um título que solicitei, há quase sete anos, em 17 de janeiro de 2003, à câmara de vereadores de Oeiras, a saber, o título de Cidadão de Oeirense. Foi como se eu não tivesse solicitado, nem me deram, nem me negaram tal título. Uma frustração que carrego desde então. Um dia, quem sabe, os vereadores resolvam me conceder tal honraria. Só espero que ainda esteja vivo!
Feita esta grande e, no meu entender, necessária digressão, acho que, em seu artigo intitulado “De Caras e Coisas” o mestre Ferrer Freitas, ao citar os critérios que podem levar alguém a atribuir a outrem a “Cara” de uma cidade – a saber, a identificação que terceiros fazem dessa pessoa com a cidade – foi extremamente feliz e ele disse quase tudo, apenas esqueceu de citar a Dona Petinha Amorim e sua progenitora, Dona Lilásia Freitas, o Padre João de Deus e o inefável Zé de Helena. Para mim resta, no entanto, uma dúvida: pode o maior escritor piauiense vivo, o oeirense OG Rego de Carvalho, que tem, inclusive, Oeiras com cenário de seus livros, ser considerado a “Cara de Oeiras”?
Beijos e abraços
Do Joca Oeiras, o anjo andarilho