
Carta aberta pela revitalização do museu de arte sacra
Carta Aberta pela Revitalização do Museu de Arte Sacra de Oeiras
Carta Aberta ao Sr Prefeito Municipal, Dr B. Sá, à Secretária de Cultura e Turismo de Oeiras, Senhora Carla Martins, ao Sr. Bispo Diocesano Dom Juarez Sousa da Silva, ao Sr. Vigário Geral da Paróquia de Oeiras, Padre João de Deus, ao presidente Portela e demais vereadores da Câmara Municipal de Oeiras, a Chico Rego, presidente do Instituto Histórico de Oeiras, a Carlos Rubem, presidente da Fundação Nogueira Tapety - FNT e a todas as demais entidades e pessoas físicas que, porventura, nutram interesse no desenvolvimento da cultura e do turismo na Primeira Capital do Piauí.
Oeiras, 8 de Novembro de 2009
Senhores:
Sei, perfeitamente, que a gestão do único Museu de Arte Sacra do Piauí, situado em Oeiras, está a cargo da Fundac e que, portanto, de direito, era à Fundac que eu devia dirigir esta carta. No entanto, tendo em vista que tenho sido tachado de crítico impiedoso daquela Instituição (até deixei de ser merecedor de uma camiseta por conta disso), houve por bem escrever a todos quantos, em Oeiras, se preocupam com a Cultura e o Turismo para lhes propor que, juntos, pressionemos positivamente aquela Fundação Cultural para fazer com que ocorram mudanças substantivas na gestão pública da já citada Casa de Cultura. Talvez, sentindo que se trata de uma aspiração legítima dos oeirenses e não de uma “birra” ou bandeira particular do Joca Oeiras, sejam tomadas providências neste sentido. Assim espero!
Cerca de um ano e meio atrás, em junho de 2008, escrevi um artigo, postado tanto no Portal do Sertão como no site nacional Overmundo. Tendo em vista a completa atualidade do referido texto (que também poderia ter sido escrito há seis meses, falando da 7ª Semana de Museus) – nada mudou de lá para cá – tomo a liberdade de reproduzir, abaixo, seus trechos mais significativos
Museu de Arte Sacra de Oeiras: o Elogio da Mesmice (junho/2008)
Joca Oeiras
Um tanto atrasada, a bem dizer, vencida, chegou em minhas mãos a programação da 6ª Semana de Museus (12 a 18 de maio de 2008). Tivesse chegado a tempo, no entanto, mesmo assim de nada adiantaria – a não ser que eu viajasse a Picos ou a Teresina, ou saísse do Piauí e fosse a Caxias no Maranhão ou a Sobral, no Ceará, por exemplo – pois, para o Museu de Arte Sacra de Oeiras a Semana passou em brancas nuvens: nenhuma atividade foi programada!
(...)
Sem pretender rivalizar-se com os museus de Arte Sacra da Bahia, de Minas Gerais e, mesmo, o de São Paulo, o acervo do Museu de Oeiras é – como não poderia deixar de ser – consentâneo com as igrejas que deram origem a ele, o que lhe confere, inclusive, maior autenticidade. Trata-se, tanto pelo espaço físico onde está instalado – o sobrado João Nepomuceno é um dos poucos monumentos no Piauí tombado em nível federal – como pelo acervo que preserva, um Museu digno do maior respeito e que tem potencial para despertar o interesse de tantos quantos o visitem, mesmo de pessoas acostumadas a freqüentar este tipo de memorial.
Param aí, no entanto, e infelizmente, os elogios que se podem fazer a ele. Não me admira que, na 6ª Semana dos Museus, formatada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em parceria com a ABM (Associação Brasileira de Museologia) nada fosse programado para ocorrer. Pois nada ocorre nunca lá. Trata-se de um Museu desvitalizado, embora não desvalido, como vimos. ....o que lá existe hoje é a mesma disposição do acervo que havia 5 anos atrás quando eu o visitei pela primeira vez. Não há exposições temáticas, nenhuma atividade museológica, nenhuma publicação referente a seu acervo, nenhuma possibilidade de se adquirir qualquer souvenir. Trata-se da política de se fingir de morto; quanto menos gente aparecer, melhor, suja menos, dá menos trabalho. Uma lástima!
A gente tem a tendência de crucificar a pobre da moça que toma conta do Museu já que ela é a única cara visível para se bater. Não que ela não tenha a sua parcela de culpa, seu conformismo é evidente, não tem amor ao que faz, não rema contra a maré. Sabe, no entanto, cumprir regras burocráticas absurdas, como a proibição de se fotografar o acervo, sem sequer saber o porquê de tal proibição ridícula. Mas é evidente que os principais responsáveis estão alhures, na FUNDAC (Fundação Cultural do Piauí).
Se você conversar com qualquer gestor da FUNDAC, se compulsar seus documentos publicados ouvirá e lerá que, para a instituição, é palavra de ordem prioritária a DESCENTRALIZAÇÃO DA CULTURA. Em Oeiras, ... o Museu de Arte Sacra constitui-se na negação de tudo o que prega a moderna museologia, como podemos ver neste pequeno trecho do texto de apresentação da 6ª Semana Nacional de Museus:
“Os Museus estão em movimento, estão em mudança e desenvolvimento e são, eles mesmos, agentes de movimento, de desenvolvimento e mudança social...Entre em sintonia com o nosso tema gerador, descubra o mundo de possibilidades que os museus oferecem” Pode ser verdade em outros lugares, mas não aqui no Museu de Arte Sacra de Oeiras. Isso precisa mudar!
Proponho, então, que nos organizemos, órgãos públicos, instituições religiosas e Sociedade Civil para elaborarmos uma pauta mínima de reivindicações para o funcionamento do nosso Museu de Arte Sacra.
Para finalizar, transcrevo, abaixo, a definição de Museu adotada, em 2005, pelo Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN-MinC
O museu é uma instituição com personalidade jurídica própria ou vinculada a outra instituição com personalidade jurídica, aberta ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento e que apresenta as seguintes características:
I - o trabalho permanente com o patrimônio cultural, em suas diversas manifestações;
II - a presença de acervos e exposições colocados a serviço da sociedade com o objetivo de propiciar a ampliação do campo de possibilidades de construção identitária, a percepção crítica da realidade, a produção de conhecimentos e oportunidades de lazer;
III - a utilização do patrimônio cultural como recurso educacional, turístico e de inclusão social;
IV - a vocação para a comunicação, a exposição, a documentação, a investigação, a interpretação e a preservação de bens culturais em suas diversas manifestações;
V - a democratização do acesso, uso e produção de bens culturais para a promoção da dignidade da pessoa humana;
VI - a constituição de espaços democráticos e diversificados de relação e mediação cultural, sejam eles físicos ou virtuais.
Beijos e Abraços
Do Joca Oeiras, o anjo andarilho