
Cine Teatro Oeiras: patrimônio cultural do povo!

*Por Joca Oeiras
Hoje, 25 de janeiro de 2011, na minha TL* do twitter, houve muitas congratulações: aos 457 anos da capital de São Paulo, aos 81 anos do grande escritor oeirense OG Rego de Carvalho, ao maestro Antônio Carlos Jobim e à Bossa Nova, entre outras menos votadas. Houve, também, várias manifestações de pessoas que gostaram do programa da TV Cidade Verde sobre Oeiras (aquela emissora de TV comemora, este ano, 25 anos de inaugurada). Falou-se, muito, e de forma sempre lastimosa, do fato de o Cine-Teatro Oeiras encontrar-se, há um ano, fechado, depois de pomposamente inaugurado em 24/01/2010 (foi comparado à procissão do fogaréu: só ocorre uma vez por ano) e da triste perspectiva de continuar desse modo.
Sobre o Cine-Teatro, a manifestação que, a meu ver, enfiou mais fundo o dedo na ferida foi a do professor Stefano Ferreira. Ele perguntou por que o Cine-Teatro Oeiras passou um ano parado sem que os artistas da terra organizassem um único protesto coletivo. Que eu saiba, até agora, a pergunta quedou sem resposta, inclusive, talvez, porque seria impossível tentá-la nos marcos do twitter.
Sem dourar a pílula, nem falsear os fatos, vou ensaiar uma resposta ao caro amigo.
A bem da verdade, embora possa parecer que estou puxando a brasa para a nossa sardinha, seria injusto não lembrar da campanha encetada pela FNT, em janeiro de 2010, quando pedimos aos nossos colaboradores que falassem sobre “seu filme inesquecível”, uma tentativa de salientar, pelo lado positivo, a importância da reabertura do Cine-Teatro. O próprio professor Stefano escreveu, na época, sobre o filme “Tomates Verdes Fritos”; o cronista Rogério Newton lavrou um contundente libelo em favor da utilização democrática daquele espaço público e o Sr Francisco de Assis de Deus Barbosa (o Chico do Padre) relatou, com minúcias, como se deu e em que consistiu a antepenúltima reforma do cine Teatro, ocorrida no final da década de sessenta.
Vale lembrar, por outro lado, não para justificar, mas para dar um enquadramento circunstancial, o ano de 2010 foi marcado por eleições gerais (presidente, governador, senadores e deputados federais e estaduais); pela traumática cassação do prefeito B. Sá, eleito em 2008 e, ainda, por eleições suplementares. Houve, também, embora muita gente deva ter esquecido, o episódio das denúncias, até hoje não esclarecidas, acerca do superfaturamento que, ao que tudo indica, ocorreu no VI Festival de Cultura de Oeiras (2009) e o consequente e profundo desgaste da imagem da Secretária de Cultura e Turismo do Município, Carla Martins.
É necessário ressaltar, porém, que houve sim, embora isoladas, manifestações de inconformismo, principalmente as do grupo IPA de Teatro, encabeçada pelo bravo ator e jornalista Lameck Valentim. Contemplado com o apoio do MinC, ainda assim, o grupo teatral viu-se impedido de apresentar-se no Cine Teatro Oeiras.
Por fim devo declarar que não sei o que faltou para que os oeirenses (e não apenas os artistas) se manifestassem contra a não reabertura do reinaugurado Cine Teatro. Penso, no entanto, que águas passadas não movem o moinho e que trata-se, daqui para frente, de nos organizarmos para pressionar a municipalidade. É bom que se diga: a reabertura do Cine-Teatro é uma decisão política e cabe, sim, ao Prefeito Portela Sobrinho decidir e arcar com os ônus ou os bônus dessa decisão. Prefeitos servem para isso! Esse é um patrimônio cultural de alta relevância para povo oeirense.
Saliente-se, a bem da verdade, que a Secretaria de Cultura e Turismo do município publicou, em meados deste ano, uma Edital estabelecendo regras, aliás complicadíssimas e bastante restritivas, para pautas do Cine-Teatro a partir de 2011. Mas, até agora, desconhece-se que tenha sido divulgada qualquer agenda o que nos leva a concluir que tudo permanecerá como antes no quartel de abrantes. Por isso, proponho que, desde já, comecemos a preparar uma grande mobilização no dia 27 de março de 2011, dia internacionalmente consagrado ao Teatro.
Em tempo: em conversa com a Bid Lima, novel presidente da Fundac, ela declarou-se indignada – não enquanto agente público, mas como atriz que é – com o que vem ocorrendo com aquela importante Casa de Cultura.
*TL minha Time Line (local onde os meus “seguidos” postam suas observações no twitter)