
Grupo Arte Sertão apresenta “A Paixão de Cristo” nesta quarta-feira, 16, em Oeiras
15/04/2025 - 17:22Espetáculo será encenado também em Várzea Grande e Colônia do Piauí nos dias seguintes
Neste carnaval, os blocos de matriz africana, como o Filhos de Gandhi, que completou 60 anos, foram reconhecidos oficialmente como pa-trimônio imaterial da Bahia. No Piauí, afoxés e grupos similares são bem poucos e nem de longe prezam do prestígio de seus similares. No entanto, a dança afro é praticada em alguns locais da cidade, muitos deles ligados a terreiros de umbanda como forma de pres-tigiar e preservar as origens locais da mais brasileira das religiões.
Um entusiasta dos grupos de dança afro em Teresina é o professor Antônio da Cruz, que há décadas trava uma luta um tanto anônima e solitária, não só por esta manifestação, mas também pelas religiões de matrizes africanas no Piauí.
Ele conta que esta luta tomou novo fôlego no ano passado quando foi realizado o I Encontro de Religiões de Matrizes Africanas, em um espaço cedido pela Emater, em seu núcleo localizado na estrada para a cidade de Altos.
Desse evento foi instituída uma Rede que, segundo Antônio da Cruz, "serve para esclarecer sobre essas religiões", a saber: o candomblé, a umbanda, quimbanda, entre outras.
Todas elas têm na dança uma forma de manifestação. A ligação entre música, corpo e espírito é íntima. Um exemplo citado por Cruz é o grupo Ilê Axé Oxaguiã, que faz parte do terreiro de Mãe Eufrazina de Yansã, localizado na zona sul da capital.
BERÇO AFRO - O discurso do umbandista, formado em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí e um estudioso das religiões afrobrasileiras, quer chamar a atenção das autoridades para a legitimação do Piauí como um berço destas manifestações religiosas. "O Piauí também é um berço de cultura afro no Brasil. Não é apenas a Bahia e o Maranhão", assegura Antônio da Cruz.
E ele afirma ter dados suficientes para embasar sua afirmação. "A região do Grande Dirceu até o bairro Todos os Santos é uma verdadeira Codó", diz o professor, comparando a quantidade de terreiros na zona sudeste à da cidade maranhense.
Baseado nesse dado, Antônio Cruz sugere que naquela região da capital seja construída uma "praça dos orixás", uma espécie de monumento para sinalizar e homenagear a forte presença das religiões de matrizes africanas.
Desde 2008, quando foi comemorado o centenário da umbanda no Brasil, o professor vem sendo convidado para palestrar em eventos culturais de porte como os Folguedos e em faculdades na capital.
"Meu pedido é que as instituições de ensino ajudem a divulgar o conhecimento das religiões de matrizes africanas. Nós (adeptos) cultuamos a natureza e a vida", ressalta ele, lembrando que os fiéis do candomblé, umbanda e quimbanda são geralmente vítimas de preconceito ou intolerância religiosa não só no Piauí mas em todo o País.
Para Antônio da Cruz a saída é que os Governos invistam em políticas públicas para os terreiros. Segundo ele, já existe um projeto neste sentido sendo enviado para o Ministério da Cultura.
Diário do Povo