
Colônia do Piauí realiza etapa municipal da 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
02/05/2025 - 10:27Evento reuniu profissionais e sociedade civil para discutir propostas voltadas à saúde no ambiente de trabalho
Sempre envolvido, por vocação, em questões sócio-ambientais, o coloniense Francisco de Aguiar Sousa Filho (Nazareno), em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente – 05 de junho – elaborou, por iniciativa própria, um rico e construtivo texto de conteúdo educacional sobre o tema.
Nazareno, que, juntamente com a esposa, trouxe a APAE à Colônia do Piauí e é projetista ambiental neste município, declarou acreditar que desta forma está contribuindo com a propagação da educação ambiental, que é de primordial importância a todos, uma vez que temos nos deparado frenquentemente com diversos flagelos e catástrofes ocasionados pela resposta que a natureza tem dado aos maus tratos que tem sofrido ao longo dos anos. O projetista ministra palestras educativas sobre o tema nas escolas do município e afirma que ações dessa natureza constituem dever de todos os cidadãos.
Veja a última matéria elaborada por Nazareno, apaixonado pelo tema, que trata de forma globalizada das questões sócio-ambientais que envolvem o nosso planeta:
05 de junho - Dia mundial do Meio Ambiente
Meio Ambiente
Chegamos a um ponto de nossa trajetória de ocupação e de exploração da Terra, em que sua capacidade de suporte dá mostras inequívocas de esgotamento, sendo urgentemente necessário revermos as premissas do crescimento econômico, tendo em vista o alcance de índices satisfatórios de desenvolvimento humano e de conservação ambiental.
É preciso, para tanto, que a sociedade torne-se ciente de que o desenvolvimento não deve mais ocorrer apesar do ambiente, como se este fosse obstáculo, mas em concordância com ele, aproveitando-se adequadamente suas potencialidades, de forma a não exaurir os recursos naturais. Somente assim será viável a continuidade e a permanência de nosso processo civilizador.
Mudar radicalmente nossa concepção de desenvolvimento é o principal desafio do novo século. O conceito de sustentabilidade necessita ser urgentemente internalizado nos processos produtivos e nas condutas cotidianas da sociedade.
Crise civilizatória e o surgimento da questão ambiental
O ser humano, durante a sua trajetória histórica, estabeleceu a ocupação e o uso espacial da Terra, utilizando os recursos naturais renováveis e não-renováveis, basicamente interessados na sua própria sobrevivência. Ao longo dos tempos, passou a adotar um comportamento predatório em relação à natureza, legando-nos o mundo em que vivemos hoje: caótico, desarmônico, desequilibrado e ambientalmente doente. Dá para você perceber pelos noticiários, não é mesmo?
O que está ocorrendo é que estamos vivendo em meio a uma série crescente de problemas ambientais, gerados por um modelo hegemônico de desenvolvimento.
Na verdade, a história da humanidade mostra que a degradação ambiental já acontecia há muito tempo atrás. Só que, nessa época, a degradação detectada não representava um grande impacto na natureza, provavelmente não se configurando como um problema ambiental, nos termos como é entendido hoje. Na história humana, o comportamento predatório não é novo. O que é novo é a dimensão e extensão dos mecanismos de depredação, onde inclui-se, desde o surgimento das grande cidades e das imensas lavouras de monoculturas, até armas nucleares.
O crescimento populacional (explosão demográfica), a pobreza e a mortalidade infantil, a dívida mundial, a perda da biodiversidade, a escassez de água potável e todos os problemas de poluição do ar e degradação dos solos têm uma causa comum: o modelo de desenvolvimento da sociedade, vigente desde a Revolução Industrial, há 250 anos.
Considera-se, então, que os Problemas Ambientais só começaram a ser identificados como sendo impactantes a partir de dois fatos básicos:
- A revolução industrial, ocorrida a partir da metade do século XVIII, mais precisamente a partir do ano de 1750, produzida pela passagem do artesanato e da manufatura à fábrica, pela criação das máquinas de fiar (tear mecânico), ocasionando grande mudança no processo de produção.
- A organização urbana, representada pelas construções das grandes cidades originadas com a revolução industrial, a maioria delas feita sem nenhum planejamento e ordenamento.
Vamos ver, então, que Problemas Ambientais, presentes no século XX, decorreram dos fatos citados anteriormente, provocando o que a seguir relacionamos:
- Inchaço urbano, provocada, principalmente, pelo êxodo rural, devido a ausência de políticas públicas capazes melhorar as condições de vida e de fixar o homem no campo;
- Adensamento populacional próximo às regiões industriais;
- Ocupação urbana desordenada e sem nenhum planejamento;
- Crescente acúmulo de lixo urbano, industrial, atômico e até mesmo espacial (o espaço cósmico, hoje, tem mais de 10.000 objetos circulando, tais como: pedaços de foguetes e satélites abandonados, e mais de 100.000 fragmentos com até 10 centímetros);
- Poluição do ar, do solo, da água e dos mananciais, com todos os danos ambientais a ela associados;
- Assoreamento de rios e lagos;
- Grande desperdício de matéria-prima em geral, de água e de energia, que nos leva a viver, hoje, sob ameaça grave de escassez de energia e da água;
- Desertificação, perda da fertilidade e erosão dos solos cultiváveis devido a política econômica voltada para a exportação, ao nosso modelo agressivo de produção (ecologicamente predatório) e aos desmatamentos indiscriminados;
- Uso de agrotóxicos na agricultura (herbicidas, fungicidas, praguicidas e inseticidas), com riscos sérios de saúde para os trabalhadores mal treinados que lidam com esses insumos e para a população que consome os alimentos assim produzidos;
- Aceleração do processo de industrialização, com predominância de tecnologias poluidoras e de baixa eficiência energética;
- Práticas de mineração e de exploração de carvão vegetal altamente predatória, sob primitivas condições de trabalho subumanas;
- Buraco na camada de ozônio;
- Ampliação do efeito estufa, provocando o aquecimento global (aquecimento da Terra), devido a queima de carvão e derivados do petróleo, a prática das queimadas, as altas concentrações de gases lançados pelas indústrias na atmosfera e pelos escapamentos dos carros, como o metano e o dióxido de carbono;
- Formação da chuva ácida;
- Perda da biodiversidade;
- Ampliação da rede de usinas nucleares;
Além dos fatores acima apontados, vemos ainda outras conseqüências indiretas, ocasionadas pela falta de zelo aos aspectos humanos envolvidos na questão, quais sejam:
- Proliferação indiscriminada no mundo de: fome, desnutrição, altas taxas de analfabetismo, concentração fundiária, guerras, violência, corrupção, armas químicas e biológicas, narcotráfico, doenças psicológicas depressivas e esquizofrênicas, suicídios e criminalidade;
- Adesão à política de “limpeza” étnica, exploração do trabalho infantil, exploração do trabalho escravo, ausência da ética em todas as áreas do comportamento humano, falta de solidariedade.
Além de tudo, criamos um fosso entre ricos e pobres, devido a concentração de renda e de riqueza, agora fomentada por uma crescente e acelerada globalização econômica, e ampliamos as desigualdades sociais, ocasionando um crescente aumento de favelas totalmente insalubres, como as existentes nas grandes capitais brasileiras. Milhões de pessoas nascem e morrem literalmente nas ruas, perpetuando-se sem nenhuma expectativa e sem a mínima condição decente de vida.
Desertificação
Resultante do manejo inadequado das culturas, do uso indiscriminado de fertilizantes e da destruição da cobertura vegetal, a desertificação ocorre em extensas áreas do globo terrestre. Conforme o Worldwatch Institute, organização norte-americana que acompanha o estado atual dos recursos naturais do planeta, cerca de 15% da superfície terrestre está sob risco de desertificação em alguma intensidade, com conseqüências desastrosas para as populações que habitam estes locais.
Um dos exemplos do efeito da desertificação pode ser visto próximo de nós. No Brasil, a paisagem das regiões semi-áridas no Nordeste, onde vivem mais de 17 milhões de pessoas, é desoladora: crianças subnutridas, animais mortos e a terra se transformando barro. A área degradada já soma 574.362 km², área equivalente a 1/3 do território nordestino. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), há quatro áreas com intensa degradação, os chamados núcleos de desertificação totalizando uma área de 18.743,5 km².
São eles:
Gilbués – PI;
Irauçuba – CE;
Seridó – RN; e,
Cabrobó – PE
O Brasil possui 46% do potencial de água doce do mundo. Apesar da abundância, não significa que jamais teremos problemas. Estes problemas já existem, com grande concentração de água na bacia amazônica. Nas demais regiões encontram-se problemas sérios de poluição dos mananciais, falta d’água. Só para ilustrar o problema sério de poluição dos mananciais, no Brasil, rio é sinônimo de lixo, sendo que 63% dos 12 mil depósitos de lixo cadastrados são corpos d’água.
Na linguagem técnica, resíduos sólidos, são sinônimos de lixo e são representados por materiais descartados pelas atividades humanas, os quais podem ser reciclados e parcialmente utilizados, tendo, entre outros benefícios, proteção à saúde pública, à economia de divisas e recursos naturais.
Predomina em nossa sociedade atual a idéia de que todo material que foi utilizado, mas não tem mais utilidade é considerado lixo. Esse paradigma – um tanto ultrapassado – fundamentou a definição de lixo urbano, amplamente utilizada hoje, e interferiu de forma desfavorável nos conceitos de gerenciamento do lixo. Assim sendo, propõe-se que o lixo urbano seja definido como uma massa heterogênea de resíduos sólidos, resultante das atividades humanas, os quais podem ser reciclados e parcialmente utilizados, gerando, entre outros benefícios, proteção à saúde pública e economia de energia e de recursos naturais.
Lixo orgânico
Os resíduos domésticos mais destacados deste segmento são restos de alimentos, papel higiênico, carbono, plastificados; fraldas descartáveis, absorventes femininos, tubos de creme dental e de barbear, hidratantes, óleos bronzeadores; grande parte das embalagens longa vida; galhos, folhas e sementes.
Este tipo de lixo, normalmente, não recebe nenhum tipo de tratamento específico. Vai para grandes depósitos – os lixões – onde será deixado para a decomposição e servirá de alimentação para ratos e urubus durante cerca de sessenta dias. Após esse período será aterrado onde as reações envolvidas na fermentação irão gerar principalmente gás metano e o chorume. Chorume é o termo utilizado para se referir ao líquido escuro e turvo proveniente da junção de variados produtos, do armazenamento e repouso do lixo.
A chuva provoca constantemente uma “lavagem” do lixo aumentando assim o volume do chorume e, portanto, diminui a concentração de muitos íons ali presentes.
São pouquíssimos os municípios que contam com a coleta seletiva de lixo, reciclagem e/ou aterros sanitários adequadamente preparados para resolver este grave problema. Com isto, o chorume penetra diretamente no lençol freático, contaminando a água que consumimos. Por outro lado, o lixo enfeia a maioria das cidades de nosso país. Despercebidamente, estamos deixando de lado uma atividade lucrativa (seleção e reciclagem dos resíduos sólidos) e, também, buscando minimizar a problemática ambiental.
Francisco de Aguiar Sousa Filho (Nazareno)
E-mail: nazarenoaguiarsousa@bol.com.br