
Falece em Oeiras, Maria de Souza Feitosa aos 83 anos
01/05/2025 - 07:33Matriarca da família Feitosa enfrentava uma doença pulmonar e deixou filhos, netos e bisnetos
Polêmico, doce, firme, terno, às vezes duro, amigo, além de escritor, diretor teatral, DJ, cerimonialista, gerente e editor do seu próprio portal na Internet, dentre outras mil e uma atividades, ele ainda encontra tempo pra surpreender as pessoas com a sensibilidade demonstrada através de suas crônicas que tem conquistado um número cada maior de leitores fiéis. Num trabalho realizado com profundos sentimentos de amor, paixão, seriedade e comprometimento, em apenas 4 meses de existência, seu portal, o Mural da Vila, já bateu a marca de 100 mil acessos e conta com ascendente número de parceiros. Sempre entrevistando, investigando, noticiando, formando opiniões... chegou a hora de conhecer um pouco mais da história de Lameck Valentim. Hoje, o entrevistado, quase investigado e com certeza noticiado é ele.
Por Milena Palha
Milena - O 180graus foi o seu primeiro trabalho na Internet?
Lameck - Sim. Antes a minha experiência em Comunicação era apenas em Rádio e Jornal impresso. Trabalhei como diretor de jornalismo da Rádio Vale do Canindé, editor do Jornal “O Fogaréu” e apresentei o programa Check Up na Rádio Primeira Capital.
Milena - Como surgiu a idéia e como acharam você?
Lameck - Na Verdade eles não me acharam, eu os achei. Quando morava em São Paulo o 180 era o meio pelo qual eu me mantinha informado sobre o que acontecia aqui. Ao chegar coincidiu que a colunista Nayane Oliveira estava deixando o Portal. Então eu os procurei e falei da minha vontade de ser o correspondente e aí passei a ser colunista daquele Portal.
Milena - Quando você postava alguma notícia sobre a política de Oeiras, independentemente do que escrevesse, sempre surgiam polêmicas e alguns comentários agressivos, grosseiros, levianos... que tirariam qualquer criatura do sério. No 180 graus, nunca vi uma resposta sua a isso. Você conseguia "digerir" aquilo tudo numa boa?
Lameck - Sei bem como é essa questão política em Oeiras até por que já estive dos dois lados. Infelizmente aqui em Oeiras as pessoas só estão preocupadas em serem favorecidas, e a maior parte não sabe interpretar um texto. E como conseqüência dessa ignorância passam a atacar, a ofender. No início aquilo me doía, mas com o tempo aprendi a conviver com isso e confesso que me divertia, por isso não respondia.
Milena - Por que saiu do 180 graus?
Lameck - Ao contrário do que muita gente pensa, o meu trabalho no 180 não tinha nada político. Eu que fui atrás, e também contrariando o que muita gente imagina, nenhum colunista do 180 Graus recebe pelo trabalho que faz. Paralelo a isso, sempre quis montar o meu próprio portal. Quando surgiu a oportunidade de montar o Mural da Vila, deixei o 180 para cuidar desse projeto pessoal.
Milena - Como nasceu o Mural da Vila?
Lameck - As coisas de Deus na nossa vida são incríveis. Eu já estava insatisfeito com o tratamento dispensado lá pela equipe do 180 e quando o Mural da Vila era só um blog eu já cogitava deixar o 180. Daí numa tarde, no MSN fui adicionado por um rapaz chamado Patrick Hernandes que me propôs uma parceira na montagem de um portal. Vi ali a minha oportunidade e na mesma semana nasceu o Mural da Vila.
Milena - Você conseguiu parcerias, aparentemente, bem rápido, de onde vieram essas parcerias?
Lameck - Essas parcerias são frutos de um trabalho sério que sempre desenvolvi em Oeiras. Quando montamos o Mural entrei logo em contato com três parceiros que, sem perguntar nada, acreditaram no projeto e firmamos uma parceria. Essas pessoas são o João Augusto Angeline, Ediliane Freitas e Amor das Óticas Bela Vista, a quem sempre serei grato, e que sempre estão nos apoiando.
Milena - Como você gerencia a postagem das matérias vindas de tantos parceiros do Mural da Vila? É um voto de confiança e tanto não acha?
Lameck - Sempre foi característica minha acreditar nas pessoas. Creio que respeito e confiança são pilares de toda relação. E no Mural da Vila confio na equipe que conseguimos formar. Como editor verifico apenas se as matérias não fogem à nossa linha editorial. Fico feliz por termos conseguido montar uma boa equipe.
Milena - Suas crônicas tem tido uma repercussão maravilhosa junto aos leitores e pelo que pude perceber, algumas pessoas lêem e repassam para outras pessoas e isso tem crescido bastante. Há uma identificação imensa dos leitores com o que você escreve e descreve, principalmente no que diz respeito a sentimentos. Como você vê isso? A que atribui essa identificação?
Lameck - Fico feliz pelo fato poder chegar ao coração das pessoas através do que escrevo. Sempre escrevi para teatro, e tenho alguns poemas. A identificação das pessoas surge pelo fato que falo de coisas e sentimentos do nosso dia a dia que muitas vezes deixamos passar sem dar a verdadeira importância. Procuro colocar sentimento em cada palavra que escrevo, afinal, nada de verdadeiramente grande se faz sem uma parcela de amor.
Milena - E de onde vem tanta inspiração?
Lameck - Procuro sempre observar o que as pessoas têm de melhor e estou sempre cercado de pessoas boas. Também observo muito no dia a dia o que as pessoas falam, nas suas necessidades e carências. E o ser humano é a minha maior fonte de inspiração.
Milena - Você sempre cita Deus nas suas crônicas. Como é sua relação com Deus?
Lameck - Ele é o Senhor da minha vida, dono de tudo o que tenho e o que sou. Não consigo imaginar a minha vida sem a presença de Deus. Tudo o que faço, aonde vou Deus está sempre presente. Ele é o meu fôlego de vida.
Milena - Não tem como não falar da polêmica criada em torno da matéria da Paula Carvalho, "Enquanto isso em Oeiras...". Por que aquilo gerou tanta indignação em você, que sempre relevou esse tipo de atitude?
Lameck - Sou calmo, sereno, tranqüilo, procuro não ofender ninguém. Mas também sei ser duro e firme quando necessário. Infelizmente as pessoas não conseguem interpretar um texto da forma correta. E devido a essa ignorância, por que a ignorância é audaciosa, passam a ofender as pessoas; e ofensa é uma coisa que não aceito. Todos têm o direito e devem expor o que pensam e ninguém é obrigado a concordar com ninguém. Mas deve respeitar, e isso não estava acontecendo naquele caso. Fiquei de início apenas observando, e vendo até onde ia tudo aquilo. Quando percebi que já estava beirando a baixaria, resolvi intervir como editor e escrever um texto sobre tudo aquilo.
Milena - O que você diria a quem está começando nessa carreira e que, certamente, irá passar por situações semelhantes a essa (da pergunta anterior)?
Lameck - Nunca desistir, nem desanimar. Ser forte sempre. Por que em Oeiras, infelizmente tem pessoas que fazem de tudo pra ver o fracasso do outro. Se incomodam quando percebem que alguém está se dando bem. Desistir é dar a vitória a essa gente.
Milena - Em todo esse tempo, qual foi a matéria ou a crônica que mais doeu em você fazer? Por que?
Lameck - Amo tanto a vida, que não gosto de falar em morte. Todas as matérias de morte me angustiam. A última foi a morte do Marcelo Freitas, que me provocou uma tristeza muito grande, pois era um jovem cheio de vida e muito querido. Chegar ao local e ver o corpo naquela situação mexeu muito comigo. Ainda hoje aquelas imagens estão em minha cabeça e me entristecem.
Também não gostei de escrever o “Muito gelo em dois dedos d’água” por que tive que ser duro, e isso na verdade não combina muito comigo.
Milena - E a que mais fez você feliz? Por que?
Lameck - Creio que todas as minhas crônicas me deixaram feliz em escrevê-las, em especial “Querido Amigos”, pois fiz pensando em cada um daqueles que passaram e que estão presentes em minha vida.
Milena - Outro dia você disse, em relação a alguém morava em Teresina e que só conhecia de vista: " ele me cumprimentava e dizia que eu o mantinha informado sobre Oeiras". Como é pra você ser conhecido por pessoas que, em alguns casos você só conhece de vista e em outros casos você não conhece? Isso mudou seu comportamento social?
Lameck - Sou consciente da minha responsabilidade e do meu papel enquanto formador de opinião. Recentemente numa praia em João Pessoa um garçom ao me atender disse que era um prazer estar me atendendo. De início achei aquilo muito agradável e um bom atendimento. Somente no final foi que ele disse que era de Oeiras e que lia o Mural todo dia. Isso me deixa emocionado. Numa outra viagem a São Paulo, fui recebido por uma colônia de oeirenses de uma forma calorosa que me emocionou muito.
O jornalismo nos abre portas, nos torna conhecidos e em alguns casos até temidos. Sempre me comporto de forma que nada do que venha a fazer abale o conceito e a credibilidade conquistados.
Milena - Você tem, gerencia e alimenta um portal que vem crescendo a cada dia, é cerimonialista, DJ, diretor teatral, escreve crônicas, é professor... e é sempre cuidadoso e vaidoso com seus trabalhos conseguindo excelentes resultados. Como você consegue conciliar e administrar tudo isso? Isso interfere ou sacrifica sua vida pessoal?
Lameck - Sempre fiz muita coisa ao mesmo tempo, não consigo ficar muito tempo parado e gosto de todas essas atividades. O jornalismo surgiu cedo na minha vida, aos 16 anos, quase ao mesmo tempo que o teatro. Daí comecei a escrever peças, crônicas e poemas. O DJ surgiu meio que do nada. Morava em São Paulo com dois amigos que trabalhavam na noite e que foram fazer um curso de barmam, como não me identifiquei com este curso, optei pelo de DJ. Mas nunca toquei em festas grandes, mesmo estando sempre atualizado. Toco apenas em festinhas de amigos. Já o cerimonialista veio por causa do teatro, e a facilidade de organizar e promover eventos e festas.
Tenho um cuidado enorme com tudo o que faço, e procuro sempre fazer o melhor.
Aprendi a administrar meu tempo de maneira que nenhuma atividade interfere na outra e nenhuma interfere na minha vida pessoal.
Milena - O que representa o Mural da Vila hoje pra você? O crescimento do portal tem correspondido às suas expectativas? Como estão os acessos?
Lameck - O Mural da Vila representa uma realização, uma conquista. Estamos muito felizes com o resultado do nosso trabalho. Conseguimos em apenas quatro meses nos consolidar no web jornalismo da região centro sul piauiense. Hoje muitos portais da capital têm o Mural da Vila como referencia para essa região.
Em quatro meses conseguimos passar dos 100 mil acessos. Estamos muito felizes.
Milena - Quais são seus planos futuros pra o Mural da Vila? Existe alguma coisa que você mudaria no portal hoje?
Lameck - Expandir nossa atuação com colunistas em todas as cidades do centro Sul piauiense é a nossa meta. As mudanças no momento não ocorrerão. Estamos satisfeitos. Mas isso não impede que elas ocorram.
Milena - É verdade que você vai fazer um livro reunindo suas crônicas? Quando será o lançamento?
Lameck - Sim é verdade. Vou reunir todas essas crônicas publicadas no Mural e outras que ainda não postei e lançarei no aniversário de um ano do Mural da Vila em setembro.
Milena - Em uma das suas crônicas, você fala sobre arrependimento. O que você faria diferente se tivesse a oportunidade de voltar no tempo?
Lameck - Muita coisa seria diferente. Principalmente a forma de tratar as pessoas. No passado ofendi, até mesmo sem querer, algumas pessoas e isso me entristeceu muito. Mas tudo serviu como lição, como aprendizado.
Milena - Existe notoriamente um Lameck doce e terno que escreve crônicas lindas e que encantam e outro que escreve matérias polêmicas, incisivas e que dão o que falar. Como é que funciona isso? Você acha que isso torna as polêmicas em torno do que escreve ainda mais intensas, ou que torna ainda mais surpreendentes as suas crônicas?
Lameck - Sou muito camaleônico. Me adapto fácil às pessoas e às situações. Sou esse cara, doce, terno, mas também sei bater se for preciso. Sou como um cristal, se cair eu quebro, agora se me pisar eu corto. Consigo ir de 0 a 100 numa fração de segundos. Sou muito intenso em tudo que faço. Mas acima de tudo procuro sempre ser muito verdadeiro.
Milena - Quem é o Lameck Valentim repórter, profissional?
Lameck - Dedicado, que procura sempre fazer o melhor, e levar a informação de forma rápida, séria e que procura sempre a verdade.
Milena - E quem é o Lameck Valentim pessoa?
Lameck - Amigo, companheiro, atencioso, compreensivo, teimoso, chato, às vezes estranho, que procura sempre ser verdadeiro, honesto, sincero, que não faz média com ninguém, nem estende o tapete pra ninguém passar. Posso ser suave como uma brisa ou forte como uma vendaval.