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Fatos que marcaram a adesão do Piauí à Independência do Brasil
Por: Da Redação em 24/01/2011 - 03:54
Para preservar e valorizar a memória piauiense, o Governo do Estado iniciou neste sábado as comemorações do 188º Aniversário de Adesão do Piauí à Independência do Brasil. Em Piracuruca e Oeiras, celebrações religiosas e a solenidade de outorga do Mérito Renascença vão relembrar momentos históricos e decisivos para o nosso povo e o Brasil. Feitos importantes que precisam ser repassados de geração a geração.
O presidente do Conselho Estadual de Cultura, Manoel Paulo Nunes, disse que no movimento para a adesão do Piauí à Independência do Brasil há quatro fatos significativos a considerar: Primeiro foi o feito em Parnaíba, a 19 de outubro de 1822, quando os parnaibanos liderados pelo coronel Simplício Dias da Silva, juiz João Cândido de Deus e Silva, Joaquim Timóteo de Brito Miranda Osório e outras personalidades importantes proclamaram a Adesão do Piauí à Independência Nacional; o dia 22 de janeiro de 1823, em Piracuruca, com a leitura da proclamação à Independência feita pelo líder Leonardo Castelo Branco; a adesão definitiva do Piauí, a 24 de janeiro, liderado pelo brigadeiro Manoel de Sousa Martins, que destituiu e prendeu autoridades portuguesas, em Oeiras, e assumiu a presidência da Província do Piauí; e a Batalha do Jenipapo, a 13 de março de 1823, que consolidou a adesão do Piauí à Independência Brasileira e afastou definitivamente os militares lusitanos do território piauiense.
“O fato histórico de Parnaíba fez com que o major João José da Cunha Fidié, comandante português das Armas da Província do Piauí, sediado em Oeiras, então capital, subordinado à Corte de Lisboa, se deslocasse com sua tropa para sufocar o movimento libertário de Parnaíba, no Norte piauiense. Vale destacar, para compreensão da história, que D. João VI havia mandado o major Fidié para Oeiras (oficial que havia se destacado nas guerras contra Napoleão Bonaparte) com o objetivo de manter a Província do Piauí subordinada a Portugal para, com as províncias do Maranhão e Grão-Pará, manter o Estado do Brasil do Norte”, explica o presidente do Conselho Estadual de Cultura.
Manoel Paulo Nunes afirma que o brigadeiro Manoel de Sousa Martins, que já vinha articulando, com o apoio de simpatizantes, o movimento libertário, com a ausência de Fidié, se organizou e proclamou a 24 de janeiro de 1823 a Adesão do Piauí à Independência do Brasil e fidelidade ao 7 de Setembro de 1822 e a Dom Pedro I que, por meio do grito do Ipiranga, libertara a Nação do poder de Portugal. “O ato de Sousa Martins consolidou aquilo que os piauienses já esperavam”, ressaltou o presidente do Conselho Estadual de Cultura. “Fidié, que estava em Parnaíba, ao saber do ato de independência do brigadeiro Manoel de Sousa Martins e seus seguidores, deslocou-se de lá voltando a Oeiras para iniciar a repressão aos patriotas rebeldes”.
Na volta, de acordo com o escritor e pesquisador, Fidié enfrenta a resistência dos piauienses em Piracuruca e a mais decisiva, às margens do rio Jenipapo, em Campo Maior, na Batalha do Jenipapo, o que resultou na morte de mais de 400 patriotas piauienses e alguns portugueses.
Ele lembra que Fidié venceu a escaramuça, mas perdeu a carga de guerra, fato que o obrigou a se retirar para Estanhado, hoje União (PI), e atravessar o rio Parnaíba e se aquartelar em Caxias, no Maranhão, quando foi sitiado e preso pelas tropas lideradas pelo brigadeiro Manoel de Sousa Martins, então presidente da Província do Piauí, e recambiado para a prisão em Oeiras. Da Primeira Capital, foi enviado a Salvador (BA) e depois para o Rio de Janeiro e, de lá, deportado para Portugal. “Estava, então, consolidada a unidade territorial brasileira”, ressalta o professor Manoel Paulo Nunes.
Situação política
Manoel Paulo Nunes, com base em pesquisas dos historiadores Odilon Nunes, Wilson de Andrade Brandão e monsenhor Chaves, ressalta fatos históricos do dia 24 de janeiro, em Oeiras. Em dezembro de 1822, a política estava tensa no Brasil e algumas das províncias já haviam proclamado a sua adesão ao Grito do Ipiranga. Outras ainda estavam ligadas à Corte de Lisboa, entre essas províncias o Piauí, Maranhão e Bahia.
O brigadeiro Manoel de Sousa Martins acompanhava os acontecimentos e na efervescência dos fatos articulou a Adesão do Piauí à Independência. Nesse sentido, conforme os historiadores, manteve diálogo com fazendeiros, que eram as pessoas de posição social e econômica, convenceu a Junta Governativa, ganhou o apoio da população, expediu ordens e pedidos a grandes distâncias para conseguir animais e peões das fazendas, ganhou a adesão das tropas aquarteladas, contratou homens nas cidades cearenses de Crato e Icó para que colaborassem na defesa do Piauí.
O Visconde da Parnaíba
O futuro Visconde da Parnaíba havia sido substituído no comando das armas por seu irmão, o tenente-coronel Joaquim de Sousa Martins, mas não ficou muito tempo longe das altas posições administrativas e a 24 de janeiro de 1823 proclama, apoiado pelo irmão e pela população, a adesão do Piauí à Independência do Brasil e fidelidade ao imperador Dom Pedro I.
O brigadeiro Manoel de Sousa Martins - Visconde da Parnaíba, em sua passagem pela carreira militar, foi agraciado com honrarias reais e imperiais, como Hábito de Cristo (1811), Cavaleiro (1814) e Comendador (1830). Foi Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro (1823) e dignitário e Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial. Seu título de Barão data de 3 de junho de 1825 e o de Visconde - com honras de grandeza - de 26 de julho de 1841.
Durante o seu governo, entre outras realizações, foi realizado o recenseamento da Província do Piauí, criadas novas vilas, como Piracuruca, Jaicós e São Gonçalo do Amarante, e no ano de 1835 aconteceu a instalação da Assembleia Legislativa Provincial com 20 deputados e foi criado o Corpo da Polícia Provincial, hoje Polícia Militar do Piauí.
Unidade nacional
O presidente do Conselho Estadual de Cultura ressalta ainda que “no Piauí, de modo especial, a Independência se define como um pleito que dividiu fundamentalmente duas vertentes inconciliáveis do nosso pensamento político. De um lado, aqueles que, por inércia ou conservadorismo, preferiram ficar ao lado da metrópole portuguesa. Do outro lado, os que, aspirando a uma pátria livre, desejavam sustentar até mesmo com a força das armas o lema de D. Pedro, ao querer preservar-lhe também a unidade nacional”.