
Fui chamar minha filha de petistinha e me dei mal.ela tomou
Bença, pai!
Na minha casa, meu pai nos impôs o costume de pedirmos a bênção a ele todas as manhãs e à boquinha da noite. Eu fazia era me aborrecer com essa ladainha. Como somos sete filhos, e conosco ainda moravam quatro primos, era um tal de “bença, pai” e “bença ti Rufino” que faltava pouco era não acabar mais.
Pois bem. Dia desses, conversando com minha mãe, a propósito deste costume, ela disse que tinha assistido na TV Canção Nova, pela boca do hoje falecido padre Léo, que a bênção dos pais para os filhos era mais importante e mais forte do que a bênção do Papa. E me orientou a abençoar também os meus filhos todos os dias.
Petistinha 3
Passou o tempo, eu virei pai e o conselho de minha mãe caiu no esquecimento. Nos primeiros dias de vida da minha filha Maria Eduarda, que nasceu no final de novembro, em vez de abençoá-la e cobrir ela de boas palavras, escrevi foi um texto idiota dizendo que minha pequena, ainda nas primeiras fraldas, já demonstrava ser uma petistinha: quando não tava mamando, tava chorando ou tava cagada. Pra quê? Me arrependi demais! Além dos muitos emails reprovando a minha atitude, daquele dia em diante comecei a notar na menina algumas mudanças. Por exemplo: antes do malfadado texto que escrevi, ela mamava caladinha, arrotava e golfava naturalmente e dormia com muita facilidade, a qualquer hora e em qualquer lugar. Depois de ser chamada de petistinha, ainda que carinhosamente, ela inventou uma moda de só dormir andando de carro. E não pode ser um carro qualquer, não! No carro popular que eu tenho lá em casa, ela chora desesperadamente do começo ao fim da viagem. Mas é só botar ela no outro carro, com ar-condicionado, banco de couro, cd com MP3, GPS, teto solar, aerofólio na dianteira e na traseira, farol de milha e um motor potente e silencioso, ou seja, estes carros que caíram nos gostos dos petistas, que a menina dorme que escangota o pescoço.
Minha filha, me perdõe! Tá doendo, mas eu aprendi! Deus te abençõe, te cubra de fortuna e muita felicidade! Amém!
O cego da sanfona
No município de São Miguel da Baixa Grande, mora um primo meu, de nome Domingos. Cego de nascença, ele toca sanfona de 120 baixos taliqual o Sivuca. E tem mais: ainda conserta rádio. É, pra mim, uma prova viva de que a sensibilidade supera os limites dos sentidos. Vou ali e já volto!
A Bíblia ensina que a fé remove montanhas. O maluco beleza Raul Seixas foi mais longe. Na sua canção “Tente outra vez”, ele diz que o querer é capaz de sacudir é o mundo. Basta, pra isso, “ser sincero/ e desejar profundo”. Confesso que eu sou sincero e desejo profundo. Procuro e me esforço de todas as maneiras para evitar falar da política do Piauí. Mas não consigo.
Canteiro de obras
Nesta semana, vi o Kleber Eulálio dizendo, na televisão, que nunca, antes, na história deste Estado, se fez tantas e tão grandes obras públicas como estão fazendo agora no governo. Imediatamente, bati nos sentidos procurando as obras que de ele estava falando. Grandes obras no Piauí, que eu conheço, ainda são a Barragem de Boa esperança, o Albertão, o Verdão, o Lindolfo Monteiro, o Hospital Getúlio Vargas e a Poticabana. E, que eu saiba, nenhuma dessas foi feitas pelo governo do PT.
Apois. Talvez esteja me faltando a sensibilidade do meu primo que é cego e sanfoneiro. Porque só com estes dois zoim engatinhado que eu tenho, eu não tô enxergando estas obras que o deputado Kleber diz que existem.
Made in Piauí
Teresina entra, enfim, na rota dos shows internacionais. O publicitário Marcus Peixoto traz, neste final de janeiro, a canadense Alanis Morissete pra cantar aqui. Muita gente está orgulhosa por isso. Menos eu. Não tô achando a menor vantagem.
Vantagem seria se o Peixoto levasse para o Canadá ou para qualquer outro país um show da Maria da Inglaterra, do Xenhenhém, do Roraima ou do parnaibano Zé de Maria, com seu “Butiquins e Blues”. Ou mesmo o Dirceu Andrade e o Amauri Jucá pra apresentar no estrangeiro o “Jumento e o Bode”.
Já pensou, o Carnegie Hall, em Nova Iorque, a Maria da Inglaterra cantando:
“e peru rodou e rodou, rodou. E as meninas desta terra querem meu amô...” e o público, lá embaixo, delirando diante da Madonna piauiense e fazendo coro, aos gritos: “ And the turkey twisted, and twisted and twistes, and the girl from this land wants my love.”
Ai, papai!