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Motoristas usam arrebite para cumprir metas no interior do p
Por: Giselle Silva em 29/10/2008 - 00:00
Trinta anos de profissão e uma história de vida cheia de aventuras para contar. Desde que começou a trabalhar como caminhoneiro, Antônio Luís da Silva, 55 anos, tem um desafio diário: entregar a mercadoria na hora certa.
Para cumprir o prazo estabelecido pela empresa, ele revela o segredo: “Só tomando arrebite”, conta. “E não é só isso não. A gente tem que “apertar o pé” para chegar no horário”, completa.
Apesar de proibido por lei, o uso do medicamento não é nenhum segredo entre os caminhoneiros que trabalham com a chamada “carga de horário”. Eles tomam o remédio para cumprir metas e chegam a passar dias e noite acordados na direção.
No entanto, a alternativa encontrada pelos caminhoneiro é um dos principais fatores que causam acidentes entre estes profissionais.
Aliado ao excesso de velocidade, o uso de medicamentos para inibir o sono é relatado pelos próprios caminhoneiros como um ‘decreto de morte”. “Já tirei muita gente debaixo de carga”, relata Antônio Luís ao destacar que já presenciou vários acidentes.
Um exemplo claro das conseqüências de substâncias para combater o sono foi o trágico acidentes a na BR 316, que liga o município de Timon a Caxias no Estado do Maranhão. Há suspeita de que o motorista da carreta envolvida no acidente fazia o uso desse tipo de medicamentos. A tragédia deixou 6 mortos e vários feridos.
Mais do que trazer de volta a questão do uso dessas substâncias, a tragédia na estrada de Caxias levantou outra questão: a pressão que as transportadoras de cargas exercem sobre os caminhoneiros.
De acordo com relatos dos motoristas, o prazo estabelecido para a entrega das mercadorias é muito curto e exige o uso de arrebites.
De acordo com o professor do curso de capacitação para motoristas do sistema Sest/ Senat, Jucenildo Pereira, é comum esse tipo de reclamações entre os motoristas. “Além disso, alguns caminhoneiros relatam que as próprias empresas fornecem os comprimidos aos funcionários”, conta.
Na opinião do professor, a realidade é alarmante. Isso porque o uso dessas substância, além de provocar acidentes, causam dependência química, problemas de saúde e impotência sexual.
Nas disciplina de Relacionamento Interpessoal alertamos para os perigos do uso desse tipo de medicamento.
Mas, a pressão que as empresas fazem aos motoristas é tão grande que eles se submeterem a qualquer risco para manter o emprego”, finaliza.
Fonte: Jornal Meio-Norte