Geral
Nos Caminhos do Bom Jesus
Por: Da Redação em 26/03/2010 - 01:58
* Por EMANUEL VITAL DE SOUSA
Como em poucos lugares, uma reverência a Jesus Cristo é tão fervorosamente celebrada como na procissão de Bom Jesus dos Passos em Oeiras.
Na quinta feira dita de Passos, a via sacra começa com a fugida do Cristo, representada pela ida da imagem santa em procissão, da Catedral de Nossa Senhora da Vitória em destino á doce colina, onde a imagem do Bom Jesus fica na Igreja de Nossa Senhora do Rosário durante toda a noite da quinta, e todo o dia da sexta feira.
No início da manhã de sexta feira, é celebrada a missa do Bom Jesus. Após a celebração, acontece a visitação ao Santo pelos romeiros de todas as partes do Piauí e algumas do Brasil. Ao meio dia, acontece o ofício dos passos; Igreja do Rosário completamente lotada de fiéis.
O reinicio da via sacra acontece por volta das dezessete horas, quando uma multidão que se forma dentro e fora da Igreja do Rosário segue em procissão pelos passos e becos da velha cap. Descendo do andor negro, a imagem para no primeiro “passo” para ouvir o bonito lamento de Maria Beú. Seguindo o trajeto, uma parte de chão batido não é obstáculo para os pés descalços de sandálias, mais calçados da fé que anima o sertanejo, e só para no “passo” do Sobrado Major Selemérico, a aguardar pela oportunidade de adquirir a impar flor do Bom Jesus.

Rua da cadeia, ponte sobre o Pouca Vergonha e Rua do Fogo. Nesta a aglomeração é tamanha que praticamente fica-se inerte. Mais um “passo”, mais flores, e o ponto alto acontece com o encontro das imagens do Bom Jesus e de Nossa Senhora das Dores.
Nesse momento, a Praça das Vitórias completamente tomada de pés, cruzes, pedras, velas, flores, de roxo e de muita fé, acompanham a homilia do sermão do encontro. Terminado esse momento único, segue-se da Vitória ao passo do engano. Três voltas dá a imagem do Bom Jesus dos Passos, num gesto que lembra á tentativa do Cristo de escapar dos seus perseguidores.
Após essa bela evolução, mais romeiros, mais flores, e mais uma vez o canto de Maria Beú, é o “passo” da Praça da Bandeira. A procissão agora entorna os casarões e prédios históricos de tão belo acervo arquitetônico, até chegar ao entorno da Matriz primeira dessas terras mafrensinas, onde esse último passo não representou o fim, mais renovou a fé e esperança da Semana que se inicia no Domingo de Ramos.
*EMANUEL VITAL DE SOUSA, é professor de Geografia em Oeiras.