
O gentleman Theódolo

 (*) Por Ferrer Freitas
É comum ouvir-se que o ser humano é ou não educado. Alguns acrescentam. Ser educado é sempre retribuir um cumprimento. Agradecer aos que lhe prestam um serviço. Nunca virar as costas aos que o procuram. Enfim,é saber conviver de forma lhana e harmoniosa com seus semelhantes. Pra mim, é uma condição inerente à pessoa. Nasce com ela. Vem do berço, como se diz comumente.
Pois bem, conheci alguém assim desde que me entendo como gente. Seu nome, Theódolo Tristão de Freitas Tapety, que, lamentavelmente, deixou-nos , para tristeza de muitos, parentes e amigos. Não sei precisar o por que do prenome Theódolo. Tristão, sim! Era um dos cavaleiros da Távola Redonda.
Reencontrá-lo aqui em Teresina era uma alegria mútua. De minha parte, com certeza. Da dele, não tenho dúvida, pela abordagem. Estava sempre arrumado, ou seja, bem vestido, dando a impressão que se trocara há pouco, além do cabelo nunca desalinhado.
Foi o principal responsável pela edição da obra póstuma de seu tio Benedicto (o "c" é de registro) Francisco Nogueira Tapety, o grande bardo oeirense, de tÃtulo ARTE E TORMENTO, lançado por ocasião do centenário de seu nascimento, em 1990. Para alegria de parentes e intelectuais oeirenses, guardara, anos a fio, os originais do que o poeta escrevera intitulado ESCRIPTOS, resgatados na cidade de ParnaÃba, onde trabalhou e estudou. Nogueira ali estivera, na sua curta existência, por conta da ligação com um grande parnaibano de nome Mirocles Campos Veras, médico que veio a se tornar polÃtico de prestÃgio, tendo sido prefeito, de 1934 a 1936 e de 1937 a 1945.
Pois em ParnaÃba o gentleman Theódolo terminou descobrindo os originais do que restou da obra póstuma de seu tio, em poder de alguém, viabilizando sua editoração pelo Instituto Histórico de Oeiras e Academia Piauiense de Letras. Não fora isso e teriam sido consumidos pelo fogo, com pertences outros do jovem poeta, logo após sua morte.
TaÃ, pois, um breve relato do que penso do oeirense Theódolo Tristão de Freitas Tapety, primo, em segundo grau, do meu pai João Burane. Sua mãe, dona Salomé, era prima legÃtima do meu avô Burane. Não me lembro de ter ouvido, até hoje, nenhum comentário desairoso sobre ele. Viveu sua vida, de quase oitenta e quatro anos, de bem com ela, a vida, e, o que é melhor, sem inimigos. Era um esposo amoroso e um pai dedicado, que o digam a esposa Zildete e seus filhos. Que os santos da devoção ardentÃssima dos oeirenses, Bom Jesus, Divino EspÃrito Santo e Nossa Senhora da Conceição o tenham.
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras.