
O piauà tem o remédio pra curar a gripe suÃna. agora só falt
Luto Folia
O historiador Hobsbawn chamou o século passado de "breve Século XX". Outra não foi a razão. As mudanças ocorreram e continuam ocorrendo num piscar de olhos. E quando se fala em comportamento, elas não esperam nem as pestanas baterem uma nas outras. Tem sido assim na tecnologia, no vestir, no sexo e no relacionamento com o próximo.
Não faz tempo, a morte de um parente enlutava a famÃlia e vizinhos. Se morria o marido ou a mulher, o cônjuge sobrevivente guardava religiosamente um ano de luto fechado. Se morria um filho, eram seis meses vestindo preto. Se morria um neto, eram três. Além de usar roupa preta, o enlutado não podia ir a festas, nem dançar e nem participar de bebedeiras.
A tragédia da Barragem de Algodões, na cidade de Cocal, acabou de completar dois meses. Dados oficiais atestam que uma dezena de pessoas perderam suas vidas. Outras tantas perderam tudo. O que faz a prefeitura? Está preparando para os próximos dias uma grande festa com cinco bandas de forró, inclusive a famosa Aviões. Pra quem não respeita a memória nem a dor dos outros, tá feito o convite, na letra de uma das músicas mais conhecidas da banda: "Vamos simbora, prum bar/Beber, cair, levantar!"
Medicina matuta
Quem quiser mangar de mim, que mangue. Mas não acredito na medicina tradicional. O fato deu tá vivim hoje devo à medicina matuta. Tão aà minha mãe e meu pai que não me deixam mentir sozinho. Quando menino, eu só vivia adoentado. A primeira doença séria que peguei foi a papêra.
Como eu não me aquetava, a papêra desceu. O remédio foi entrar num curral urrando, de quatro pé, pra ela voltar pro pescoço.
Depois, fui acometido de sarampo. Tomei de tudo! Mas o que deu jeito foi chá de bosta seca de cachorro. Como funciona: é enrolar a merda num pano, botar pra ferver num papêro de esmalte branco e tomar o chá. É pêi e búfu!
Mãe de leite
Uma doença que quase me tira a vida foi a tosse braba, que chamam por aà de coqueluche. Comecei tossindo aqui e ali, uma febrezinha de vez em quando, um escorrido no nariz... E aà piorei duma vez! A minha respiração assobiava tanto que parecia que eu tinha engolido era uma rabeca. Tossia que doÃa a caixa dos peito e vomitava mais do que urubu novo. Foi quando minha mãe obrigou meu pai a ir no interior de São Félix e a trazer, a qualquer custo, a minha cura: leite de jumenta preta. Como ele sempre foi bem mandado pela minha mãe, não trouxe só o leite. Um dia estávamos na porta de casa e, quando demos fé, lá vinha ele com uma jumenta preta parida amarrada na carroceria de uma caminhoneta C-10.
AÃ, passei a tomar um copo de leite de jumenta de manhã, um ao meio-dia e outro à boquinha da noite. Com capucho e tudo. Tanto fiquei bom da tosse braba como nunca mais em mim doeu nem uma unha. Aquela jumenta foi minha mãe de leite!
E o que é que jumenta tem a ver com minha coluna? Peraà que eu vou bem ali e volto jazim!
Idéia de jerico
O mundo se debate com uma nova pandemia: a gripe suÃna. Com contágio rápido, ela tem se alastrado com uma velocidade bem maior do que a capacidade dos governos de fornecerem remédios e atendimento. Todos os dias sobe o número de vÃtimas fatais da doença.
A minha leitora e o meu leitor sabem que este amigo que vos escreve entende de tudo, tudo. E mais um pouco! Mesmo sem ser consultado, e ainda por cima com o risco de pegar a pecha de inxirido, vou dar uma idéia, na base do 0800, para o Assis Carvalho. Se ele tiver a humildade de aceitar, pode inclusive saltar da Secretaria de Saúde do Piauà para o cargo de Ministro da Saúde. E tanto faz ser do governo da companheira Dilma quanto do Serra. O lugar dele vai ser o primeiro a ficar garantido.
Dr. Assis, pela hóstia, o senhor não tem nada a perder. É melhor ser fanhoso do que não ter nem venta. Apresente à comunidade cientÃfica internacional o poder medicinal e milagroso do legÃtimo leite da jumenta preta piauiense. Se ele é bom pra tosse braba, espinhela caÃda, regra de mulher, reumatismo, afinamento de sangue e, ainda por cima, serve de alimento pra menino injeitado, sem dúvida é o remédio que falta pra curar esta gripe suÃna.
Tiração de leite
Com o leite da jumenta, vamos matar dois coelhos com uma pedrada só. O vÃrus da gripe suÃna vai se acabar. Além disso, os jumentos que o Assis vai ter que manter num cercado vão sair do meio das Br´s, evitando acidentes.
A badalada Emgerpi, que já cuida de combate a dengue, construção de casas, escolas e estradas, compra de passagens aéreas e de campanhas polÃticas, deve criar um de-partamento especial só para laçar jumenta, outro só pra enchiqueirar jumenta e o terceiro só pra tirar leite de ju-menta. Quem sabe, com tanta teta de jumenta, dêem uma folguinha para as tetas véa surrada da vaca leiteira que é o Governo do Estado!
damasio.danilo@yahoo.com.br