
Oeiras : sinopse histórica
Oeiras é o mais antigo núcleo populacional do Piauí. Suas origens remotam há mais de três séculos. Segundo alguns historiadores foi um arraial de índios domesticados, estabelecido por Julião Afonso Serra, em 1676. Outros querem o início do povoamento com a mais importante fazenda do português Domingos Afonso, versão mais aceita pela maioria dos historiadores, levando-se em conta que a colonização do Piauí deu-se com o gado e os primeiros currais.
Sobre esses tempos primeiros, assim se expressa o historiador da cidade, Dagoberto Carvalho Jr.: “Lá pelos anos setenta do século XVII, as trilhas sem medo dos vaqueiros românticos da Casa da Torre esbarraram aqui. E aqui se plantou, ‘do Mocha a corrente a mirar cristalina’ - como no verso bonito de Expedito Rêgo – o mais audaz desses vaqueiros, Domingos Afonso, um português de Mafra, chamado também pela bravura, Domingos Afonso Sertão. É por isso que ainda hoje esta terra e esta gente se dizem de Mafrense, apelido do bravo sertanista.”
Em 1696 criou-se, em terras da fazenda primitiva, uma freguesia com capela dedicada a Nossa Senhora da Vitória. Seu território foi, no espiritual, desmembrado da freguesia pernambucana de Cabobró, jurisdição eclesiástica a que estava então sujeito. A ereção canônica do primeiro templo do Piauí deve-se a Dom Frei Francisco de Lima, Bispo de Olinda, em atitude de transcendente interesse histórico, pois que, a bem dizer, definiu o povoamento, que já recebera o nome de Mocha, riacho que banha a localidade.
Por Carta Régia de 30 de junho de 1712, o povoado foi elevado à categoria de vila, conservando o nome. Criou-se, então, a Vila da Mocha, cuja instalação ocorreu em 26 de dezembro de 1717. E o 26 de dezembro, pela importância de que se reveste para a cidade, passou a ser o Dia de Oeiras, através da lei municipal nº 1.147, de 16 de agosto de 1979.
Criada a Capitania do Piauí, independente do Maranhão, por Carta Régia de 29 de julho de 1758, foi a Vila da Mocha designada para sede do novo governo, capital, portanto, antes de elevada à categoria de cidade, o que somente se deu em 19 de junho de 1761, com a denominação de Oeiras. Homenageou-se assim o ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e futuro Marquês de Pombal. O primeiro governador, João Pereira Caldas, em honra de El-Rei, Dom José I, impôs à capitania o nome de São José do Piauí.
A esse tempo já a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória, primeiro templo regular do Piauí, ostentava feição definitiva, construída no local da primeira ermida e inaugurada em 1733. Oeiras foi capital da província até o ano de 1852, quando o Presidente José Antonio Saraiva transferiu o predicamento para a Vila do Poti, depois Teresina, denominação dada à nova capital em homenagem a Dona Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II.
(*)Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras. Este texto está inserido na revista da instituição nº 6, de 1984.