
Opinião: Algumas inquietações sobre a UESPI em Oeiras

*Por Arlam Marques
A Universidade Estadual do Piauí chegou a Oeiras na segunda metade da década de 1990 e desde que chegou tem contribuído com a formação de muitas pessoas. Todos sabemos que a mesma nunca funcionou nas condições que desejamos, mas funcionou como pôde. Com a ajuda de um aqui e de outro ali, vem se mantendo da maneira que lhe é possível. Atualmente, junto com vários setores do estado do Piauí, atravessa uma crise, que compromete ainda mais o seu funcionamento e o cumprimento de sua missão.
Nos últimos anos, o Governo do Estado do Piauí realizou concurso para contratação de professores e, da mesma forma, realizou concurso para a contratação de Técnicos de Apoio Administrativo para os quadros da Universidade Estadual do Piauí. Houve quem acreditasse, e seria até uma questão de lógica, que a Universidade fosse dar um salto para melhor no cumprimento de seu papel. Para o campus de Oeiras foram disponibilizadas várias vagas para professor, bem como para Técnicos de Apoio Administrativo, pois anteriormente, em seu funcionamento nessa cidade, a UESPI contava apenas com professores e funcionários contratados. Os docentes entravam como substitutos por meio de um teste, no sistema de rotação em que os mesmos trabalhavam dois anos e ficavam outros dois impedidos de fazer parte do quadro de professores da Universidade. O pessoal de apoio administrativo, quando não era cedido pela Secretaria Estadual de Educação - SEDUC, era contratado de outra forma, a qual não vou me deter aqui.
O que me surpreende é que nos últimos anos sempre foram oferecidos mais de um curso pela Universidade Estadual do Piauí para o campus de Oeiras - sempre Licenciaturas, é claro – Que fosse! Contudo, tínhamos mais de uma opção. Este ano, porém, com a crise enfrentada pela UESPI, foi oferecido apenas o curso de Licenciatura Plena em História, este com quarenta vagas, no horário da noite e para o segundo semestre. Até ai, tudo bem! A Universidade atravessa uma crise com falta de professores, noticiada em vários jornais e portais de notícias, inclusive afirmando que a instituição correria risco de não ofertar em torno de “quinhentas disciplinas por falta de aproximadamente duzentos professores”, o que é de assustar, é claro! Mas o que me espanta é que mesmo com a contratação de professores com formação adequada e exigida para o ensino superior, com a contratação de pessoal de apoio administrativo para auxiliar na condução administrativa, o campus de Oeiras não avança como merecemos.
Fiquei, de certa forma, preocupado, pois faço parte dos quadros dessa instituição como Técnico de Apoio Administrativo desde novembro de 2013 e a acompanho desde 2006, quando ingressei ainda como estudante do curso de Licenciatura Plena em Letras/Português. Questionei a amigos e colegas de trabalho se não estamos fazendo a nossa parte. Por que motivo esses estudantes se inscreveram e não compareceram para efetuar suas matrículas? Será que conseguiram aprovação em outros cursos? Tomara que sim! Pois do contrário, fico me perguntado até que ponto temos culpa de não despertar o interesse do alunado da nossa cidade e de cidades vizinhas para os nossos cursos e para o nosso campus. A meu ver, deveria estar acontecendo o contrário, uma vez que agora temos professores preparados e com a formação que exige a docência no ensino superior, e também disponibilizamos de pessoal para setor administrativo, capazes de agilizar certas burocracias. O que está errado? Por que não estamos tão atrativos como deveríamos? Será total desinteresse pela formação para o magistério, desvalorizado dia após dia nesse país? Não sei ainda responder. O que sei é que alguma coisa está errada e que precisamos urgentemente descobrir o quê. Do contrário, estaremos contribuindo para que a Universidade não enfrente essa crise com a hombridade que deve e deixe de ser o que sempre foi: motivo de orgulho desse povo tão aguerrido do meu Piauí.
Com esses questionamentos, tenho pensado comigo: o que devemos fazer para que a nossa universidade se torne mais atrativa para os alunos que todos os anos saem da educação básica e buscam espaço na educação superior? Inicialmente acredito que se pudéssemos oferecer um número maior de cursos, a procura aumentaria. Mas como? Se nem um espaço próprio temos? Como pretender tal crescimento, se o que tivemos ao longo dos anos são mais e mais promessas? Também desconfio grandemente que a nossa Universidade, pelo menos em Oeiras, está um tanto afastada das questões do nosso povo. Mas isso é apenas uma impressão minha. Quem sabe eu esteja sendo pessimista. E pessimista eu sou por opção. O que não posso e nunca vou fazer é deixar de apontar, quando acreditar que devo, alguns questionamentos sobre qualquer questão.
*Arlam Marques é formado em Letras/ Português pela UESPI – Campus Professor Possidônio Queiroz e funcionário lotado neste campus.