
OPINIÃO: Bolivarianismo e Impeachment

(*) Por Ferrer Freitas
Não saiu, evidentemente, da cabeça do Maduro (Nicolás), presidente da Venezuela, e sim da do seu antecessor, Hugo Chávez, que faleceu no exercício do mandato, a primeira palavra do título deste texto, o que me permite, de pronto, transcrever o que pesquisei sobre o assunto: “O termo bolivarianismo provém do general venezuelano do século XIX, Simón Bolívar, libertador que liderou a luta pela independência em grande parte da América do Sul, especificamente nos países historicamente bolivarianos (Bolivia, Colômbia, Peru, Equador e Venezuela).”
Pois bem. À exceção do Peru que, até onde sei, não se manifestou, os demais não reconhecem o impedimento da presidente Dilma Rousseff (a propósito, inexiste a palavra “presidenta”, como certifiquei-me: “os substantivos e adjetivos terminados em –ente não apresentam flexão de gênero terminado em –a. Por isso não dizemos ‘gerenta’, ‘pacienta’, ‘clienta’...”). Outros países, como é o caso do Uruguai , El Salvador e Cuba emitiram nota desaprovando. Este último, no meu entender, por dever de gratidão: ganhou dela, financiado pelo BNDES, um porto de mão beijada na cidade de Mariel. Sabe-se que o aporte de recursos foi da ordem de R$ 3,1 bilhões. Já El Salvador, acho que não merecia nem resposta, mesmo chamando a embaixadora para conversa sobre o assunto. Não sabem (ou não querem saber) os mandatários dos países citados, que o afastamento se deu com o aval do Supremo, ampla maioria do Congresso e, mais importante, o apoio considerável do povo brasileiro.
Mas, de tudo mostrado pela televisão, não posso deixar de ressaltar algo que me impressionou sobremodo, o semblante de profunda tristeza do ex-presidente Lula ao lado da presidente a discursar na solenidade de saída do Palácio do Planalto, como sempre muito suado e com bem menos cabelo. Devo dizer, de passagem, que sufraguei seu nome nos dois pleitos em que saiu candidato à presidência. Via nele a pessoa ideal para levar o país a dias melhores. Sua origem nordestina, a luta insana pela sobrevivência na grande cidade, tudo me encantava. Esteve em Oeiras na primeira campanha em que disputou a presidência. Na oportunidade foi entrevistado, se não estou enganado, pela sempre querida, saudosa e inesquecível Rita Campos. Lamentavelmente deixou-se levar por tipos ordinários que viam nele a saída para o enriquecimento ilícito. O resto é o que se sabe.
Tomo agora conhecimento do que ocorreu no Festival de Cinema de Cannes, encabeçado pelo cineasta Kleber Mendonça e a consagrada atriz Sônia Braga. Ao tomarem conhecimento de que na reforma administrativa proposta para seu governo de transição o presidente Temer resolveu extinguir o Ministério da Cultura, transformando em órgão (secretaria) do Ministério da Educação, artistas brasileiros protestaram com placas contendo a palavra “golpe”. Foi uma estultice o que fizeram!
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras