
OPINIÃO: O que ninguém mais esperava (EUA/Cuba)

(*) Por Ferrer Freitas
Como gostava de dizer um querido amigo dos meus tempos de Rio, quando ocorria algo surpreendente, inesperado: “para o mundo que eu quero descer.” Faço uso da frase justo no momento em que está prestes a se dar o que muitos achavam impossível, o reatamento de relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba. Pois não é que os irmãos Castro, já decrépitos (Fidel, 88; Raul, 83), ante proposta de Obama chegaram à conclusão, passado mais de meio século, que uma retomada não seria de todo descartável!
Por outro lado, não senti entusiasmo de parte do presidente da bolivariana Venezuela, o Madurão, ao opinar sobre o assunto em recente reunião da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas), mesmo não tendo se manifestado de todo contrário. Já nossa reeleita presidente, como não poderia deixar de ser, pareceu-me ver com bons olhos, até porque do jeito que as coisas andam por aqui não dá mais para construir portos e obras outras de vulto na ilha caribenha, pois como diz Chico no antológico choro “Meu Caro Amigo”: “mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta.” Seus assessores socialistas vão ter que se conformar, o que não é mais o caso do Gilbertinho que, como o Botafogo, foi rebaixado, o que acredito também ocorra com o aspone Marco Aurélio Garcia. Por falar nestes, ainda não vi a opinião do ex-presidente Lula, cada dia mais mal-humorado (embora alguns tolos não acreditem, votei nele duas vezes para presidente). Tenho pra mim que aprova, naturalmente se assentirem o comandante e seu irmão-presidente, sendo que este já antecipou que o país continua comunista, chova ou faça sol. .
A se confirmar o reatamento, acredito que esquerdistas de plantão (Frei Beto, quem diria, em recente artigo afirma: “esquerdista e direitista são perfeitos idiotas. O primeiro padece da doença senil do capitalismo. O outro, como afirmou Lênin, da doença infantil do comunismo.”) passem a tratar com lhaneza os favoráveis à ideia e não o que fizeram ano passado (fevereiro) com a blogueira e jornalista cubana Yoani Sánchez, que esteve por aqui e foi maltratada em determinados locais por onde passou. Em São Paulo então nem se fala. Alguém chegou até a puxar seu cabelo, agressivamente. Por conta disso registrei minha indignação em crônica da qual transcrevo o seguinte parágrafo: “Foi profundamente lamentável e triste a falta de civilidade e educação para com a blogueira e jornalista Yoani Sánchez, cubana de 37 anos que esteve em visita ao Brasil depois de uma luta insana para fazê-lo. Licenciada em Filologia, alcançou fama internacional pelos seus textos criticando a situação social em Cuba. Em 2007 criou o blog Generación e de lá para cá vem sendo acusada por movimentos sociais ligados a partidos de esquerda, como ficou constatado agora no Brasil, mesmo sendo contrária ao embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba.”
Ainda bem que o senador petista Eduardo Suplicy saiu em sua defesa, lamentando a maneira grosseira como a jornalista estava sendo tratada. Lembrou que Yoani descreve o cotidiano de Cuba em textos na Internet sem usar palavras ofensivas.
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras