
Opinião: Quanto custa um carinho?

*Por Leidiane Ferraz
Receber e dar carinho é tão básico como comer e respirar. Carinho é como uma fonte de “combustível” que nos dá energia para nos relacionarmos com as outras pessoas em harmonia. O carinho oferece uma informação importantíssima, ele nos diz que somos aprovados, que nos querem por perto, que somos aceitos e amados.
Todos os anos me deparo com algumas ações sociais, especialmente agora no final de ano e este ano minha entidade de classe, a OAB, inclusive organiza uma na minha cidade pelo seu segundo ano “Natal Solidário”, sendo que a ação social irá atender crianças da comunidade rural “Canto Fazenda Frade” com várias atividades no dia 18/12/14.
Porém o que me traz aqui é mostrar ainda o quanto não damos nenhum valor para o próximo ou que está raro este valor, pois me chamou atenção uma ação social promovida pela Secretaria de Assistência Social também da minha cidade, campanha esta: “Adote uma Família neste Natal 2014”. Há uma lista nesta Secretaria com exatamente e apenas cem famílias enumeradas que pedem vestimentas, brinquedos, alimentação, medicamentos, fraldas, lazer. Das demandas basicamente estas são as que mais são solicitadas. Nestas famílias possuem várias pessoas com problemas depressivos, pessoas com deficiência mental, casos de alcoolismo e outros problemas que foram detectados pela equipe da Secretaria que visitaram estas famílias.
Mais uma família me chamou atenção, quer dizer, será que podemos considerar família? Esta pessoa que solicita uma coisa tão simples e rara mora só e família alguns consideram como um “grupo de pessoas”, assim é essa definição para família? Ou família é de um só? Pessoa sozinha pode ser considerada "família", como a justiça considera essa questão? Neste último caso a justiça já considerou que pode sim o caso de uma pessoa morar só, ser família. Porém estamos falando de um contexto que não é só jurídico e sim solidário, que precisamos um do outro para poder viver, sobreviver, estamos num campo que raramente a justiça interfere, vê, percebe, sempre digo e repito o que falta em todas as instituições e em nossa espécie é a “humanização”.
Voltemos para esta família, para esta pessoa, este ser humano que pede simplesmente CARINHO, isso mesmo senhoras e senhores: CARINHO. Aonde tem este item para vender? Será que não dá para você gastar menos na roupinha do natal, do ano novo, no brinquedinho de última geração do seu filho? Será que não dá para comprar menos peru e sobrar um pouquinho para comprar um bocadinho de carinho para esta pessoa? Não só para esta pessoa, mas para uma “lista” que possui bem próxima de você. Há bem aí no seu bairro, na sua rua, pessoas precisando de tão pouco e você aí preocupado apenas com seu “EU” e “TER”.
Temos uma cidade ainda com pessoas muito pobres, inclusive na lista há famílias em situação de extrema pobreza. Vamos sair pelas ruas de nossa periferia, de nossa zona rural, vamos à casa de nossa doméstica para ver de perto uma realidade que muitas vezes não conhecemos ou que simplesmente ignoramos, indago porque é tão difícil para a maioria das pessoas ajudarem o próximo? Muitos falam e não fazem, não praticam, sejamos mais humanos “senhoras e senhores”.
Adote uma família, faça alguma atitude valiosa em sua vida, não coloco isso apenas por que é NATAL, quem realmente me conhece sabe que sempre tento compartilhar o bem e sempre pondero e enfatizo que o que falta no mundo é a humanização, humanizar é torna-se humano, adquirir novos hábitos mais apropriados sob o prisma da ética e da moral distanciando-se da ignorância, estupidez, desamor... É educar-se sendo mais benévolo, enfim, evoluir o “eu espirito”.
Há um provérbio chinês: "O perfume das flores fica nas mãos daquele que as oferece aos outros". Senhoras e senhores humanizem-se, faça parte integrante do futuro promissor e feliz do planeta, seja um espelho do bem para os que estão a sua volta, vamos começar por aqui, pelo nosso contexto social.
*Leidiane Ferraz, advogada e filha de Oeiras.