
Mais de 60 mil eleitores do Piauí podem ter título cancelado em maio; veja como regularizar
28/04/2025 - 08:43Em todo o país, mais de 5,1 milhão de pessoas ainda precisam regularizar o documento.
Depois de muitas tratativas e até manifestação da Procuradoria da República, enfim a imagem primitiva de Nossa Senhora da Vitória estará de volta a Oeiras, nos festejos da padroeira de Oeiras e do Piauí no próximo mês de agosto.
A imagem primitiva há décadas era parte do acervo particular da família do senhor Leopoldo Portela Barbosa, ficando na residência da senhora Valdênia Barbosa, viúva do antigo pároco da cidade de Oeiras.
Em agosto de 2009, o historiador Júnior Vianna, foi o primeiro a se manifestar sobre a volta da imagem primitiva para Oeiras. Em artigo publicado no MURAL DA VILA e periódicos da capital, sob o título de Nossa Senhora da Vitória do Sertão do Piauí, o historiador afirmava que “Por bom senso, mesmo que a imagem não fosse reposta no altar-mor da Catedral, que fosse ao menos exposta, em destaque no Museu de Arte Sacra da cidade, algo que massagearia o ego dos oeirenses e sanaria a repetida pergunta dos visitantes: “onde está a imagem primitiva?”.
Júnior Vianna também disse em seu artigo, que “Sem ufanismo, a imagem primitiva de Nossa Senhora da Vitória é herança de todos os oeirenses e nada mais sensato que ela estivesse em Oeiras, para que tantas gerações que a desconhecem pudessem dar o devido valor a ela como uma das peças fundamentais para a concretização da formação social, política e cultural do estado do Piauí.”
A imagem primitiva de Nossa Senhora da Vitória deverá chegar a Oeiras no próximo dia 14 de agosto, véspera da festa da padroeira que acontece no domingo, 15, onde anualmente é celebrada missa campal no morro do Leme.
“O retorno da imagem primitiva a cidade de Oeiras, é prova que mesmo que pareça difícil, é possível valorizar o patrimônio histórico que ainda resta da primeira cidade do Piauí. Fui o primeiro a se manifestar, quando todos ainda convenientemente se furtavam a falar o que pensavam. Esse é o oficio do historiador: não deixar a poeira aveludar a passado”, disse Júnior Vianna ao Mural da Vila.
CONFIRA O ARTIGO DO HISTÓRIADOR JÚNIOR VIANNA:
Nossa Senhora da Vitória do Sertão do Piauí
“Trezentos anos de História/ De Resistência e Vitória/ Um povo unido que espera/ Raiar uma Nova Era.”
( A marcha De Um Povo Que Espera. Pedro Guimarães )
Sob o orago a Virgem Maria nasceu a Freguesia brejeira da Mocha, no sertão do Piauí, uma investida não muito contemplativa aos olhos dos curraleiros da Casa da Torre. O que se fazia nessas terras, no findar do século XVII, era um misto de evangelização e ousadia, mistificado na proeza Miguelina, sob a batuta de Dom Frei Francisco de Lima, que da Cátedra de Olinda – PE, em invocação ao Senhor Salvador do Mundo, desejava que se efetivasse a criação de um novo núcleo eclesiástico em terras sertanejas, algo audacioso para a época, mas, acima de tudo, uma vitória para aqueles poucos homens que moravam em solo piauiense. Uma vitória sob as bênçãos de Nossa Senhora da Vitória, representada através de uma imagem simplória e de uma beleza quase que implícita. Um ícone seiscentista, que de acordo com informações de Dagoberto Júnior, teria a sua origem em alguma oficina baiana.
Assim, diante da ermida simplória, a freguesia se transformou em vila, não tardando em ser elevada a condição de cidade, ao tempo que o Templo era custodiado por homens, ditos bons, que deram ao orago uma “Casa Forte” de pedra. Sobre o retábulo da capela-mor, aos pés da imagem, eram feitas rezas e benditos em honra a vivos e defuntos e, seguindo a medieval tradição, enterravam seus parentes dentro da igreja. A imagem primitiva de Nossa Senhora da Vitória tronou na matriz até meados do século XIX, quando foi substituída por outra imagem de mesma invocação. Posta a nova imagem, o que teria sido feito com a imagem primogênita?
Foi recolhida à sacristia com a alcunha de velha, mas, mesmo assim, era usada nas procissões que anteriormente realizavam-se no terceiro domingo da Trindade. Com o decorrer dos anos, passou as ser hospedada, segundo Dagoberto Júnior, na residência da Família Campos, tutelada pela Senhora Joaquina Piauilino de Holanda Campos. Sem delongas, o que ocorria em Oeiras naquela época era que, durante as reformas nas igrejas, as imagens eram levadas à casa das famílias abastadas e quase nunca voltavam ao seu lugar de origem, destino esse que teve a imagem primitiva de Nossa Senhora da Vitória, como herança passou por diversas mãos. Na década de 70 do século XX inúmeras imagens dos idos coloniais foram vendidas a custos insignificantes a colecionadores que adquiriram tais peças de famílias oeirenses.
Assim, evitando que a imagem de Nossa Senhora da Vitória tivesse o mesmo destino que tantas outras, a peça foi comprada pelo então pároco Leopoldo Portela das mãos do senhor popularmente conhecido como Amorim. Uma aquisição que a tlongo prazo passou a ser uma das imagens prediletas do acervo sacro particular da família Portela, visto que o senhor Leopoldo deixara o sacerdócio. Atualmente, a peça está sob o auspício da viúva do mesmo, na cidade de Teresina. Em 1997, Nossa Senhora da Vitória foi proclamada como padroeira do Piauí, título concedido pelo Papa João Paulo II, evidenciando três séculos e muitas gerações de devoção mariana, porém, a controvérsia é que a imagem primitiva não faça parte do acervo sacro oeirense.
Por bom senso, mesmo que a imagem não fosse reposta no altar-mor da Catedral, que fosse ao menos exposta, diga-se de passagem, em destaque no Museu de Arte Sacra da cidade, algo que massagearia o ego dos oeirenses e sanaria a repetida pergunta dos visitantes: “onde está a imagem primitiva?”. Sem ufanismo, a imagem primitiva de Nossa Senhora da Vitória é herança de todos os oeirenses e nada mais sensato que ela estivesse em Oeiras, para que tantas gerações que a desconhecem pudessem dar o devido valor a ela como uma das peças fundamentais para a concretização da formação social, política e cultural do estado do Piauí.
Júnior Vianna, 12 de agosto de 2009