
Mais de 60 mil eleitores do Piauí podem ter título cancelado em maio; veja como regularizar
28/04/2025 - 08:43Em todo o país, mais de 5,1 milhão de pessoas ainda precisam regularizar o documento.
A Cruz Vermelha do Haiti anunciou nesta quinta-feira (14) que estima entre 45 mil e 50 mil o número de mortos pelo terremoto que devastou o país na terça-feira.
Segundo a entidade, há pelo menos três milhões de feridos ou desabrigados.
"Ninguém sabe com precisão, ninguém confirma um número. Nossa organização acredita que entre 45.000 e 50.000 pessoas morreram. Nós também achamos que há 3 milhões de pessoas afetadas no país, ou feridas ou desabrigadas", disse Victor Jackson, coordenador-assistente da Cruz Vermelha no Haiti.
Os números de vítimas no país centro-americanos ainda são difíceis de confirmar, por conta da situação caótica e da destruição da infraestrutura de telecomunicações.
VÁRIOS DRAMAS EM TORNO DA GRANDE TRAGÉDIA:
Família no Rio procura carpinteiro que mora há 18 anos no Haiti
A família do carpinteiro Inaldo Castro da Silva, de 43 anos, vive o drama de não ter informações sobre ele desde terça-feira (12), quando um terremoto atingiu Porto Príncipe, no Haiti. Casado com uma dominicana, ele mora há 18 anos no Haiti, onde é funcionário de uma empresa francesa.
A irmã, a comerciária Josenilde Castro da Silva, que mora no Rio com outra irmã, contou que o último contato de Inaldo com a família foi na segunda-feira (11), quando ele telefonou para informar que tinha voltado ao Haiti com a mulher, Isa Maria Santos Munhoz. Ele estava retornando da folga de fim de ano na República Dominicana.
“Não sabemos de nada que está acontecendo. Não consigo contato com o celular dele nem com o hotel onde ele morava, o Palm Inn, no Centro de Porto Príncipe. Como as comunicações estão ruins em todo o país, não sabemos se ele não consegue falar com a gente ou se aconteceu algo com ele e a mulher”, explicou Josi.
Ela também não conseguiu contato com a cunhada nem com a família dela, na República Dominicana. Josi tem apenas o endereço da construtora francesa para qual o irmão trabalhava.
“O Itamaraty também não tem informações sobre ele. Pediram mais dados do Inaldo para tentar localizá-lo. Meus pais, que moram no Maranhão, estão muito preocupados. Vivemos angustiados, sem saber se ele está vivo, se precisa de ajuda. O terremoto aconteceu justamente no horário em que ele costumava sair do trabalho. Seria o primeiro dia de trabalho dele depois da folga de fim de ano”, disse a irmã.
Segundo Josi, o carpinteiro não pôde vir passar as festas de fim de ano com a família no Maranhão e no Rio como planejava. Devido a problemas na documentação da mulher, ela só poderia ficar duas horas em solo panamenho. Como a conexão do voo para o Brasil obrigaria o casal a permanecer pelo menos seis horas no Panamá, eles resolveram viajar para a República Dominicana.
Brasileiro que era o segundo homem da ONU no Haiti continua desaparecido
Luiz Carlos da Costa estava na sede da Minustah no momento do tremor.
A Organização das Nações Unidas ainda não sabe o paradeiro do brasileiro Luiz Carlos da Costa, segunda maior autoridade da ONU no Haiti e que está desaparecido desde que um tremor de 7 graus na escala Richter atingiu o país, na última terça-feira.
De acordo como o centro de informações das Nações Unidas para o Brasil, Costa estava na sede da Minustah (Missão da ONU para a Estabilização do Haiti, na sigla em francês), que fica em um hotel em Porto Príncipe que foi destruído pelo tremor.
Juntamente com ele, estava o chefe da missão da ONU no país, o tunisiano Hédi Annabi, que também está desaparecido.
Na última quarta-feira, o presidente do Haiti, René Préval, chegou a afirmar que Annabi teria morrido em consequência do tremor, mas a ONU não confirma a informação.
O brasileiro e o tunisiano estão entre os mais de 200 funcionários das Nações Unidas que ainda estão desaparecidos no Haiti, de acordo com informações atribuídas a uma porta-voz da organização divulgadas pela agência de notícias Reuters nesta quinta-feira.
Segundo homem
Luiz Carlos da Costa tem o cargo de vice-representante do secretário-geral da ONU no Haiti.
Na última quarta-feira, durante uma entrevista coletiva no Itamaraty, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que Costa era o brasileiro que ocupa o mais alto cargo nas Nações Unidas em todo mundo atualmente.
"É uma dor compartilhada. O número dois da chefia da representação civil continua desaparecido. Oficialmente, ele está desaparecido, assim como o chefe da representação, Annabi", disse Amorim.
Nascido em 1949, Costa assumiu o cargo no Haiti em novembro de 2005, após ser indicado pelo então secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Antes disso, Costa já havia servido em missões da ONU na Libéria. Ele trabalha nas Nações Unidas desde 1969, de acordo com o site da organização.
Ainda de acordo com a ONU, ele teria duas filhas.
Brasileiros
Segundo o Itamaraty, Costa é o único civil brasileiro desaparecido após o terremoto no Haiti. Há ainda quatro militares brasileiros cuja localização é desconhecida.
Ao todo, foram confirmadas as mortes de 14 militares brasileiros e uma civil, a médica sanitarista Zilda Arns.
A Minustah atua no Haiti desde 2004, e conta com 6,7 mil militares, 1,6 mil policiais, 548 civis estrangeiros, além de 154 voluntários.
Dentre os militares da missão das Nações Unidas, 1.266 são brasileiros.
Leia a seguir alguns relatos, diretos e indiretos, de pessoas que testemunharam o abalo, o pior na região desde 1770:
"No momento do terremoto que eu tinha acabado de chegar em casa, eu estava no segundo andar da casa, tirando as coisas da mala, quando começou a sacudir a casa em um nível, que eu fui jogado de um lado pro outro", lembra o representante do movimento Viva Rio André D’Ávila. "As pessoas que estavam na parte de baixo da casa correram para fora. Por dez segundos eu não consegui me mexer, eu estava como se estivesse num barco à deriva”, conta André.
"É o fim do mundo", cinegrafista amadora que registrou Porto Príncipe logo depois do tremor.
"Não sobrou um prato", brasileira Wanda Stupf, segundo relato de sua filha, que mora no Haiti.
"Foi horrível. O Palácio Nacional caiu, a catedral, o Hotel Montana, o hospital de Pétionville", professor brasileiro Omar Ribeiro Thomaz.
"A região onde está o escritório da embaixada teve muitos danos, mas os militares brasileiros estão em uma planície onde não construções altas. Então, ali não há tanto perigo. A área onde está a chancelaria sofreu estragos", Igor Kipman, embaixador do Brasil no Haiti.
"Quando olhei para o lado, vi um prédio desabando", Marcos Antonio da Silva, da Minustah.
"Ficamos assustados e agora estamos preocupados, pois não conseguimos falar com nossos familiares. Não sabemos como estão, se ficaram feridos, como se socorreram", estudante haitiano Fevry Israel, 35 anos, que vive em Porto Alegre.
"Ouvir a voz do meu filho foi um alívio", Rosa Godoy, mãe de soldado brasileiro da missão da ONU
"Foi um choque", João Espíndola, sogro de militar brasileiro morto.
"Eu fui jogado de um lado pro outro, as pessoas que estavam na parte de baixo da casa correram para fora", André D’Ávila, coordenador de projetos da ONG Viva Rio.
Wagner Carlos Detimermani, pai do soldado Tiago Anaya Detimermani, de 23 anos, uma das vítimas brasileiras do terremoto, contou que o filho morreu no último dia de trabalho no Haiti e que "honrou a farda".
“O que nos resta é torcer para que os nossos homens que ainda estão lá consigam voltar para o Brasil a salvo”, diz o coronel Cardoso Martins, comandante de batalhão que está no Haiti.
Fonte: G1