
Falece em Oeiras, Maria de Souza Feitosa aos 83 anos
01/05/2025 - 07:33Matriarca da famÃlia Feitosa enfrentava uma doença pulmonar e deixou filhos, netos e bisnetos
Em dados divulgados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de DomicÃlios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE) o Piauà aparece em segundo lugar no ranking de trabalho infantil do Brasil. Tocantins lidera na incidência de trabalho de menores de idade enquanto que o Rio de Janeiro tem o menor Ãndice.
Cerca de 4,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalham em todo paÃs, de acordo com o IBGE - cerca de 10% de toda a população na faixa etária.
No Tocantins, o percentual da população entre 5 e 17 anos ocupada é de 15,71%, no Piauà o indice é de 15,07 % .No Rio, o Ãndice é 3,9%.
A legislação brasileira permite o trabalho na condição de aprendiz a partir dos 14 anos e em qualquer caso acima dos 16, mas muitas crianças e adolescentes começam a pegar no batente mais cedo. Dados da PNAD mostram que 141 mil das crianças ocupadas têm menos de nove anos de idade e 1,3 milhão menos de 14.
Acima dos 14 anos, o IBGE aponta que são R$ 2,99 milhões de ocupados. Mas, dados de 2008 do Registro Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam que apenas 360 mil jovens de 16 e 17 têm emprego com carteira assinada. Outros 160 mil jovens acima dos 14 trabalham como aprendizes. Isso significa que 2,47 milhões de adolescentes trabalham sem ter seus direitos trabalhistas respeitados.
O coordenador do Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho no Brasil (OIT), Renato Mendes, diz que o trabalho infantil está sempre atrelado a outros indicadores e à desvalorização da mão-de-obra adulta. "O trabalho infantil nunca vem sozinho, vem com outros indicadores de desenvolvimento humano, educação básica, pobreza."
Segundo Mendes, tradicionalmente os estados do Nordeste e Norte estão no topo do ranking por conta dos indicadores econômicos. Os estados do Sul, porém, ficam em evidência por conta do aspecto cultural, que muitas famÃlias educam os filhos, principalmente no campo, por meio do trabalho.
A responsável pela Coordenadoria da Infância do Ministério Público do Trabalho, procuradora Mariane Josviak explica também que nas capitais é mais comum o trabalho nas ruas, na venda de produtos, exploração sexual e trabalho doméstico. No interior, segundo ela, as crianças atuam mais na agricultura.
PETI
Uma das formas de combate ao problema no Brasil é o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) do governo federal. Nele, os pais recebem benefÃcio de até R$ 200 pelo Bolsa FamÃlia para que as crianças e adolescentes em situação de risco participem de ações educativas fora do horário escolar.
O Peti e o Bolsa FamÃlia foram integrados em 2005 e a unificação é alvo de crÃticas. Especialistas da área alegam que muitas famÃlias passaram a receber benefÃcios menores e, por isso, abandonaram as atividades do Peti complementares à escola. Com isso, podem ter voltado ao trabalho.
De acordo com a diretora de Proteção Social Especial da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Tocantins, essa pode ser uma das explicações para o estado estar no topo do ranking dos estados com maior incidência de trabalho infantil. "Nenhum fenômeno novo ocorreu no estado para que houvesse aumento do trabalho infantil. Temos um programa de proteção básica que atende 45 mil crianças com transferência de renda e programa socioeducativo."
Trata-se de um programa estadual que dá benefÃcio de R$ 45 para os participantes que têm recreação e reforço escolar.
Algumas cidades do estado têm o Peti, mas Aurora afirma que muitos deixaram de aplicar o projeto desde a unificação. "Inclusive o governo federal está reformulando (o Peti). Com a integração com o Bolsa FamÃlia, o programa ficou enfraquecido. Algumas famÃlias que recebiam duas bolsas, passaram a receber uma única bolsa e como não entendem, não frequentam mais as atividades do Peti."
Mesmo estando em último lugar do ranking, o estado do Rio de Janeiro também não atribui os dados positivos somente ao Peti.
"Temos projeto de atendimento à s famÃlias em todas as cidades do estado e piorizamos as que têm crianças em condição de risco. Claro que a criança não faz opção de ir para o trabalho precocemente. Uma das causas é a condição socioeconômica precária da famÃlia. O Peti tem desenho interessante, mas faz intervenção na consequência, não trabalha a causa do problema", afirmou Telma de Azeredo, subsecretária de Assistência Social e Descentralização da Gestão do estado do Rio de Janeiro.
Telma afirma ainda que o estado tenta mostrar aos pais a importância da educação. "Tem a questão cultural dos filhos ajudarem na roça, que o trabalho enobrece e que filho de pobre precisa trabalhar cedo para não fazer coisa ruim. Mas o filho do rico não precisa, o filho do rico já ocupa o tempo com inglês, balé. Essa mentalidade precisa mudar."
De acordo com o Renato Mendes, da OIT, o trabalho infantil no Brasil vem diminuindo e o Peti contribuiu muito - em 1995, o Ãndice de crianças e adolescentes entre 5 a 17 anos no trabalho era de 18,7%. No entanto, Mendes também vê prejuÃzo para o Peti na integração com o Bolsa FamÃlia.
"O Peti nasceu de experiências de sucesso promovidas pela OIT e a Unicef, projetos de transferência de renda condicionada com participar do turno de atividade escolar e de atividades socioeducativas. Quando se integrou no Bolsa FamÃlia em 2005, o Peti não evoluiu como se havia esperado, não conseguiu mais avançar", avalia Renato Mendes.
Fonte: G1