
Por que maria fininha é "a cara de oeiras"?!
Bem, primeiramente, acredito ter sido uma sacada legal do Mural da Vila idealizar tal concurso, uma vez que a cidade de Oeiras possui tantas caras peculiares e, cada qual, especialmente importante, que, ainda que de longe, uma delas poderia ser capaz de representar o “espírito” da cidade. O bom desse concurso é que, mesmo que muitos participem com intuitos politiqueiros e passando por cima de certas “regras de bom senso” e da própria consciência (como, por exemplo, votar mais de uma vez), é possível fazer um exercício crítico sobre quem melhor poderia identificar Oeiras, em amplos termos.
Por um lado, por mais que seja deveras difícil – talvez infelizmente impossível – fazer ou esperar que a maioria das pessoas votem com unanimidade e o mínimo de bom senso crítico realístico possível, talvez isso transmita, ainda que relativamente pouco, um pouco do sentimento do oeirense em relação a suas personalidades. Por outro lado, e de qualquer modo, espera-se que, obviamente, cada qual irá votar no candidato com quem melhor simpatiza.
Sendo assim, eu simpatizo com Maria Fininha, e irei dizer por que, para mim, ela é “A Cara de Oeiras”. Acredito que o sentimento maior é aquele está impregnado com sentido e razão de existir. Quando eu era pequeno, ninguém fez mais parte da minha infância do que João Rapadura, Maria Fininha e Coló. Digo, não no sentido de estar presente fisicamente, ao meu lado, mas no meu imaginário, nas estórias que pairavam ao meu redor, na imaginação e nos contos e dizeres de papai e mamãe e dos mais velhos: “Israell, se não fizer isso, João Rapadura vem e te carrega dentro de um saco!” ou “Cuidado com Maria Fininha que ela gosta de menino que só anda descalço!”. Era de admirar... e de apavorar.
O interessante (por mais cruel que possa ser) é que eu realmente passei praticamente toda a minha infância sentindo medo desses três, passando por longe deles quando os via, me desviando de sua direção, evitando-os constantemente. Assim, mesmo que dessa forma relativamente ruim, eles fizeram parte de minha vida com um teor expressivamente valoroso. Hoje, reconhecidamente, assumo sua importância para mim, da presença simbólica e mesmo física dessas pessoas, mais do que muitas outras que tenham passado pela minha vida.
Tive (e tenho) muitos amigos. Conheço muitas pessoas. Mas confesso que já esqueci de muitos que passaram por minha vida, justamente pelo fato de não terem plantado sentimento tão forte ou maior como me foi plantado por Maria Fininha, ainda que de maneira e casos completamente diferentes. E o mais importante do que digo agora é que, o que falo aqui é provavelmente o que a maioria dos oeirenses pensa e sente. Talvez até mesmo oeirenses que estejam concorrendo agora ao título sintam isso e, realmente, tenham tido Maria Fininha como figura fortemente presentes em seu imaginário, durante boa parte de suas vidas, e que, agora, está incorporada ao imaginário coletivo da cidade.
Assim, a meu ver, não se trata das obras materiais que estas pessoas proporcionaram. Na verdade, todos os concorrentes certamente fizeram e/ou fazem coisas boas pela cidade, sem sombra de dúvidas, tendo conquistando um espaço especial entre os oeirenses. Mas, mais do que obras materiais, creio que seja mais importante o sentimento construído com o sentido e a naturalidade maior do tempo e da história, sob um determinado curso e significado cultural, longe de configurações que possam obstruir a essência da verdade ou interferir na naturalidade dos acontecimentos. De qualquer modo, cada qual sente o que sente por quem quer que seja, e não estou aqui para sugerir que seja feito o contrário.
O poder simbólico de Maria Fininha, João Rapadura, Coló, para os oeirenses, transcende qualquer sentimento meramente político, artístico ou o simples desejo, talvez cru e eufórico, de muitos em gerar, a qualquer custo, fama para indivíduo Y e X, por afinidade parentesca, ou fraternal, ou mesmo política. O que posso dizer é que, dos que concorrem, ninguém fez mais parte de minha vida do que Maria Fininha, ainda que ela, muito provavelmente, nem mesmo saiba quem eu seja. Talvez ela não seja "A Cara de Oeiras" (e na verdade creio que pouco, ou melhor, nada importa a ela tal coisa). Mas, não sendo Cara, é sentimento. E como já diz o ditado: "quem vê cara não vê coração!". Não ganho nada defendendo isso... mas também não perco nada!