
Porque o autor do 'É feliz quem vive aqui' mora em Brasília?

Arrependimento
Olá, minhas amadas leitoras e queridos leitores! Semana trasada, escrevi sobre a farta distribuição de medalhas no Piauí. Disse que se medalha fosse chocalho, por aqui ninguém dormia. Só esqueci foi de dizer que eu fui um dos primeiros a ganhar uma delas. Só que a minha é das originais. Da primeira fornada! Dada pelo Mão Santa! Não é dessas a granel que foram distribuídas pelo PT e que agora voltam a ser jogadas pelas janelas do Karnak pelo Wilson Martins, não! Mas eu não deveria ter escrito aquilo.
A coluna foi veiculada na sexta-feira e, no domingo bem cedo, por volta das 6 e 30 da manhã, o interfone do meu apartamento tocou. Era o porteiro avisando que lá em baixo estava sabe quem? Hein? Era o Mão Santa em pessoa, mais a Dona Adalgisa. Não deu nem tempo eu inventar uma mentira dessas que eu gosto e tenho costume e dizer que não estava. Já foram logo foi subindo!
O doido
Quando a campainha tocou, me desesperei. Valei-me meu Jesus, Maria e José! E agora? Na minha cabeça, junto com o agonei veio logo uma certeza: se educação ele tivesse, não chegava na casa dos outros nesta hora. E deve ter vindo pra tomar o café, calculei logo!
Respirei fundo e abri a porta: o que não tem remédio, remediado está. Ele, daquele jeito de sempre: camisa pra dentro da calça, óculos raiban na cara, babando pelos cantos da boca feito cachorro com calazar e um envelope na mão. A Dona Adalgisa vinha logo atrás, ataiando ele.
Ao me ver nem bom dia deu, foi logo invadindo a sala. Disse que estava ali especialmente para me dar uma nova medalha. A da Rádio Igaraçu de Parnaíba, que tá completando 30 anos. Foi o jeito eu aceitar!
Lá pelas tantas, depois de cuspir minha casa quase toda e comer tudo que tinha na geladeira, me perguntou: “E aí bicho véi, a gente acaba com este PT ou este PT acaba com a gente?” Eu pensei: “Ninguém contraria doido”. E disse: “Senador, acho que o PT acaba com a gente primeiro”. Ele bateu na mesa e disse: “Rapaz, hein, eu enfrentei estes bacuraus tudim. Eles eram uns tomador de uísque, tinha um ou outro batedor de carteira, mas era um povo feliz. Tudo gente boa! Mas este PT que tomou minha eleição aí é diferente. Eles são capaz é de tudo. Jogam pedra nos outro, invadem casa, repartição pública, tomam terra alheia, tocam até fogo...” Vejam meus leitores, que isso foi naquele domingo.
Coincidência ou não, na segunda-feira de noite o prédio da Secretaria de Saúde, alvo de investigações no Ministério Publico Federal e Policia Federal, pegou fogo.
Saudade!
Aos 38 anos de idade, às vezes me pego me perguntando: será que eu sou feliz, tô ficando velho ou tô ficando mesmo é doido? Repare bem!
Eu tive a felicidade de ter vivido algumas coisas que os jovens de hoje não vivem mais. Morando na Vila Operária, cansei de ir a pé para os shows no Verdão. Eram os anos 80 e o roque nacional agitava a juventude. E eu, mesmo sem ter uma banda no bolso, ia aplaudir as bandas que tocavam por estas bandas e curtir os grandes sucessos da época. Lá no Verdão se apresentaram Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, RPM, Titãs, Roupa Nova, Paralamas do Sucesso, Nenhum de Nós...e eu dentro!
Também ia ao Albertão assistir a jogos do River, do Piauí, do Flamengo piauiense...era ter jogo e eu tava lá!
Tanto as peças quanto os shows de qualquer natureza que eram apresentados no Teatro 4 de Setembro não passavam batidos sem que este humilde escriba estive sentado numa das primeiras filas daquela casa. E sempre ia pra lá, fosse a hora que fosse, no di a péis. Segurança total!
Convenção no Centro de Convenções eu não vou mentir e dizer que fui a muitas. Pra falar a verdade, na minha adolescência eu não fui nem a poucas. Mas dia de sábado lá tinha um forrozim bem bonzim que eu apreciava por demais. A começar pela entrada, que era franca. Pelo lado de dentro o que não faltava era uma ou outra vistosa e bem vestida coroa que me franqueasse um guaranazim pra cá, um filezim com fritas mais pra cá, uma dancinha por ali assim, e coisa e tal e tal e coisa. E, no final da noite, sempre tinha os pés de manga da Praça Edgar Nogueira pra me servir de apoio logístico.
Outra do meu tempo de cambirote, era o Domingão da Potycabana. Eiiiiiita! Mulher lá tinha de todo modelo. Até de um ôi só, feito lambreta. E eu dentro! Ora dançava um forrozim, ora dava um tibungo na piscina de ondas do Alberto Silva, ora mordia um espetim de carne... Era bonzim demaiiiis!!!!
Ei, psiu, não desista da leitura! Eu volto já pra acabar. Vou bem ali e volto!
Daqueles dias até estes Dias!
Contam que, na Revolução Cubana, uma mãe desesperada ajoelhou-se aos pés do líder Che Guevara: “Comandante, acabe com minha aflição. Meu filho irá para o paredón daqui a uma semana”. O comandante, piedoso, chamou um revolucionário dos seus, e ordenou: “Acabe com a aflição desta pobre mãe. O filho dela vai pro paredón na próxima semana. Matem-no logo hoje!”
O mundo assiste alarmado a agonia econômica do bravo e valente povo grego. Um terremoto com ondas sísmicas, sentidas em toda a economia global, ameaça sepultar mais de 3000 anos de uma cultura que é o berço de toda a nossa civilização ocidental.
No Piauí, bem aqui em nossa Terra Querida, implacáveis e infalíveis como Che Guevara, os estrelados petistas cansaram de nos assistir com a boca escancarada e cheia de dentes esperando a morte chegar. E acharam de abreviar o que pensavam ser nosso sofrimento. Em apenas 7 anos, de janeiro de 2003 a abril de 2010, acabaram com o Verdão, com o Centro de Convenções, com a Potycabana, com o Teatro 4 de Setembro e com o Albertão. Isso falando apenas dos retratos da minha juventude, como eu falei ali em cima. Muitas outras coisas o governo vermelho não esqueceu de jogar pelos ares, entre elas o cofre do estado.
Mas é assim mesmo! Só nos resta a resignação, como bem ensinou Jesus. Não o petista. O Nazareno! O da Bíblia!
Não foi sem razão que o cidadão que criou a frase “É feliz quem vive aqui” foi morar em Brasília, que ele não é besta!
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