Guia prático sobre traumas e uso de substâncias será lançado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Oeiras
12/12/2025 - 13:18Material escrito por Elizandra Ferreira oferece roteiro estruturado para encontros de grupo
Na noite de 9 de dezembro, a praça de eventos do Centro Histórico de Oeiras passou a ser ocupada por outro ritmo. O espaço, acostumado ao trânsito apressado do cotidiano, abriu-se para sons de violão, teclado, percussão e vozes que se encontraram em coro. Ali aconteceu a culminância do projeto Música para Todos, desenvolvido pela Associação Amor e Fé (ASAFE), aprovado no edital PNAB 03/2024.
O projeto nasceu com a proposta de ocupar espaços culturais da cidade com atividades permanentes, abertas ao público e voltadas para a formação humana. Ao longo do ciclo, crianças, jovens e adultos participaram de aulas de violão, guitarra, contrabaixo, teclado, bateria, percussão e canto coral, sempre acompanhados por orientação técnica e pedagógica.
Além das aulas individuais, o percurso coletivo ganhou forma na criação de um coral e de um grupo instrumental. Na apresentação final, os participantes dividiram com o público um repertório construído ao longo do processo, com músicas ensaiadas em conjunto, fruto do convívio, da escuta e do tempo dedicado à aprendizagem.
Para a coordenadora da ASAFE, professora Luzia Saldanha, a música foi o caminho escolhido para promover encontros. “O projeto não foi pensado para formar artistas, mas para formar pessoas. A música entra como linguagem de cuidado, de convivência e de reconhecimento de si e do outro”, afirmou. Segundo ela, o espaço público foi parte essencial dessa proposta. “Estar na praça é dizer que a cultura pertence a todos.”
O Música para Todos também abriu espaço para diálogos que atravessam o cotidiano de muitas famílias. Roda de conversa sobre acessibilidade atitudinal, uso abusivo de substâncias psicoativas e violência contra a mulher integraram a programação. As atividades foram conduzidas por pessoas com experiências diretas nesses contextos, como uma representante da Patrulha Maria da Penha e um ex-dependente químico que hoje atua em ações de prevenção.
A pauta da inclusão contou com a participação da psicopedagoga Érica Najara, pessoa com deficiência (PCD) e especialista em práticas de acolhimento para pessoas com autismo. Em sua fala, a escuta apareceu como ferramenta central para a construção de ambientes mais acessíveis e humanos.
Ao ocupar a praça, o projeto transformou o espaço em sala de aula, palco e ponto de encontro. Para Luzia Saldanha, a culminância não encerra o sentido do trabalho. “O que fica não é só a apresentação, mas o caminho percorrido. A música ensina a ouvir, a esperar o tempo do outro e a reconhecer o lugar que cada um ocupa.”
Naquela noite, Oeiras ouviu mais do que canções. Ouviu histórias, silêncios, tentativas e aprendizados que seguem para além da praça, acompanhando cada participante no ritmo da própria vida.













