
Santa Cecília, rogai pela Banda!

(*) Por Ferrer Freitas
A Banda Santa Cecília foi criada por decreto de 3 de setembro de 1940 do então prefeito de Oeiras (3 de dezembro de 1937 a 22 de novembro de 1945) Orlando Barbosa de Carvalho. A apresentação oficial se deu em 10 de novembro, inaugurando o coreto da Praça da Bandeira. Antes, foi oferecido aos músicos e convidados banquete na residência do alcaide, com discursos deste, do Sr. João Benedito (Joca Ribeiro), seu primo e cunhado, espécie de Secretário Municipal de Cultura, além de editor do jornalzinho FANAL, e do professor e músico Possidônio Queiroz. Logo após, tocou em área aberta da residência. O primeiro regente foi o sargento-músico João Andrade, de Teresina, e da formação original faziam parte os irmãos Joaquim e Indé Copeiro, André Holanda, Sebastião Cardoso, Francisco (Chiquinho) Barros, Zé da Guia (pai) e Santo Polidoro, entre outros músicos, alguns vindos de fora. Desta formação primeira somente está vivo Joaquim da Silva Copeiro, que, posteriormente, por mais de 30 anos, veio a ser coordenador e maestro, e está com 92 anos. Chamado por amigos íntimos de Merrequim, apelido saído da cabeça de um quase músico, pela vocação e amor à banda, meu primo Péricles Portela, que, de tanto ouvir os músicos chamarem-no de mestre Joaquim, terminou fundindo o “me” e o “re” (acrescido de mais um “r”) de mestre com o “quim” de Joaquim, dando no apelido carinhoso Merrequim.
Já há alguns anos a Santa Cecília vem resistindo a duras penas. E nunca é demais repetir quão importante é para Oeiras. Arrisco dizer até que faz parte da vida da cidade. Já pensou as procissões sem seu acompanhamento, sobretudo a de maior apelo religioso, Passos? Tornam-se necessários incentivos para que os músicos se sintam motivados e prestigiados. Conheço bandas de cidades menores, sem tradição musical, bem melhores. Estava em Oeiras por ocasião da festa do Divino (Coroação) do ano passado e achei a banda com poucos integrantes e sem harmonia. Ouvi de alguns queixas de pouco caso do poder público municipal, pelo que me permito sugerir que se constitua, com certa urgência, uma "Associação dos Amigos da Banda Santa Cecília", com estatuto que permita aos oeirenses ajudarem-na a voltar a ser o conjunto harmonioso e afinado de tempos atrás. O oeirense-sócio contribuiria com, digamos, R$ 5,00 (cinco reais), mensalmente. Se mil pessoas assim procedessem, apurar-se-ia valor razoável que contribuiria para um melhor desempenho da velha banda. É comum isso ocorrer com orquestras, bandas, além de instituições culturais de indiscutível importância, como é exemplo o Museu do Piauí, a Casa Odilon Nunes.
Uma coisa é certa, e nunca é demais repetir, Oeiras depende da Banda Santa Cecília, que merece todas as homenagens que se lhe possam prestar. É de muito bom alvitre, e já se faz até tardia, a programada para ocorrer no VII Festival de Cultura. Mas, não pode ficar só nesta.
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras