
Quando a máquina apita: IA e os novos rumos da arbitragem esportiva
17/06/2025 - 13:21Por Aline Gonçalves Jatahy
(*) Ferrer Freitas
O grande Noel Rosa, cujo centenário de nascimento foi comemorado em dezembro de 2010, mereceu crônica minha, quando esforcei-me ao máximo para fazer o que disse Torquato, em belíssima parceria com Gil, “a louvação do que deve ser louvado.” Não sei se consegui! Volto a ele, poeta da Vila, justo por ser de sua autoria, dividindo com Heitor dos Prazeres , um dos maiores sucessos do carnaval de 1936, “Pierrô Apaixonado”, e ser esta, no caso específico da fantasia, a lembrança mais presente em minha mente de Antônio Celestino Franco de Sá Neto , o muito conhecido e querido Celé Sá. Nunca esqueço dele (não perdia um carnaval de Oeiras), fantasiado de pierrô no ano de mil novecentos e tantas lembranças, como gostava de referir-se ao tempo de passagens marcantes da velha cidade outro poeta, Gerson Campos, no caso em tela o novenário de N. S. da Conceição da rua da Feira. Lembra até do seminarista Geraldão de Natividade, embatinado, respondendo um “ora-pro- nobis” cheio de clausura, ali empregado no sentido de total recolhimento. E conclui: “êta mundão velho enganador!”
Pois não é que esse quase-oeirense (é natural de Teresina), descendente, pelo lado materno, da família Sá, chegou, em 12 de maio, a 80 anos! Ora, dirão alguns, não é tão difícil, hoje em dia, chegar a esta idade. E costumam acrescentar, basta procurar levar uma vida regrada, sem exageros e praticar exercícios. Só que isso não ocorreu, pois o que ele aprontou, aqui no sentido de viver intensamente, não está no gibi. Foi festeiro como ninguém, bom de copo (vale frisar que só bebia cerveja) e namorador contumaz, aspecto que, ao contrário do que muitos pensam, faz é bem à saúde. Talvez os brotos (agora é gatinhas) não resistissem aos seus “blues eyes”, lembrando aqui o velho Frank, “the voice”. Imagine se cantasse! Tempo que passa, família criada, aposentado da assessoria jurídica do DNOCS, recolhe-se - e não precisava tanto, para muitos parceiros - à casa de calçadas com o escudo do Botafogo, formados, de forma espaçada, em pedra portuguesa, situada na Honório Parentes com Av. Dom Severino. Em 1958, após a copa da Suécia, certamente com seu incentivo, o primo-empresário, Sizoca, trouxe a Teresina o alvinegro, com Garrincha, Didi, Nilton Santos e craques outros que formavam a base de nossa seleção. Quase morri de tristeza em Oeiras por não poder vir.
Ano seguinte, 1959, vim morar aqui em Teresina, na casa de tia Lélia, prima de minha mãe, pra fazer o científico. A casa, que continua com o número 1719 da rua Benjamim Constant, era uma espécie de república (pensãozinha) pra muitos oeirenses amigos, inclusive moçoilas da “velha-cap”. Pois foi aí que começou minha ligação com o caro Celé. A presença das meninas era o que bastava pra ele, via-e-mexe, estar por lá. Minha tia, como acostumamos a tratar a saudosa dona Lélia Feitosa, dedicava-lhe especial carinho, pois sempre contou com seu apoio e orientação, bem relacionado que sempre foi em Teresina. Por conta da amizade, cheguei, mais de uma vez, a ir à casa de sua avó paterna, dona Maria Augusta, com quem morava na Lizandro Nogueira, pois a mãe, dona Socorro Franco, ou melhor, dona Maria Aída (está com 96 anos, segundo soube) morava em Oeiras. Celé sempre tratou-me com especial carinho e deferência. Daí oferecer-lhe esta crônica, por não ter podido ir à sua casa no sábado último. Vai aqui meu abraço, meu afeto, que estendo à sua esposa, Antônia Maria, e aos filhos, Jesus, Marcelo, Ricardo e a bela Maria Augusta, que, para minha alegria, é amiga da filhota Juliana. Viva Celé!!!
(*) Ferrer Freitas é do Instituto Histórico de Oeiras