
Grupo Arte Sertão apresenta “A Paixão de Cristo” nesta quarta-feira, 16, em Oeiras
15/04/2025 - 17:22Espetáculo será encenado também em Várzea Grande e Colônia do Piauí nos dias seguintes
Desde que lançou o primeiro álbum, Vanessa
da Mata alimentava a ideia de realizar um DVD. Mas nunca era como ela queria. Ago-ra deu certo e ficou bem bom o resultado de seu "Multishow ao Vivo" (Sony Music, R$ 42,90), que difere do padrão de outros da série, por diversos motivos. Primeiro que o show foi gravado ao ar livre em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro. Além do belíssimo cenário da cidade, o ambiente e a situação são propícios ao relaxamento. E neste primeiro registro ao vivo, Vanessa canta para um público favorável, diversificado e interessado, participativo, mas não inconveniente.
Havia também a possibilidade de Vanessa realizar a gravação em outra cidade histórica, Mariana, no interior de Minas, mas a distância e a dificuldade maior de acesso aumentaria muito o custo. "Tínhamos como opção também fazer no Rio ou em São Paulo, em casas convencionais, que era uma coisa que eu tinha bode. Por isso mesmo demorei tanto tempo pra fazer um DVD. Queria um lugar que remetesse à minha infância e que deixasse o Brasil à mostra. Que não tivesse a cara de muita maquiagem. Que fosse um DVD em que você se sentisse num domingo de sol." Além de fãs locais, outros foram de Rio e São Paulo, havia estrangeiros em férias, gente que nunca tinha ouvido falar dela, pescadores em barcos, o padre local, crianças brincando. "Coisas do cotidiano que numa casa de show não teria", diz a cantora.
O curioso é que choveu só no momento em que ela cantava "Ai, Ai, Ai" (em que canta "e tomar um banho de chuva"). "Estou brincando com essa situação, mas é verdade: Deus participou desse DVD. Teve gente que veio perguntar pra mim onde estavam as mangueiras, mas não era efeito. Caiu um toró só naquela música. Se continuasse a gente ia ter de parar."
É nítido como Vanessa está cantando melhor, porque vem fazendo aulas de canto. "Senti necessidade de estudar porque de repente estourou uma música, depois outra, o volume de trabalho aumentou tanto que se eu não me cuidasse e não conhecesse mais meu 'aparelho vocal' ia ficar numa situação em que uma hora ia perder a voz", explica. "Tirei meu preconceito de fazer aula de canto, porque dizem que você fica muito frio. Percebi que daria pra conciliar a emoção com a técnica."
REPERTÓRIO - O show faz um bom apanhado do material de seus três discos, com ênfase maior no mais recente, Sim. O grosso do repertório é de sua autoria, mas até as interpretações de canções alheias, como "Eu Sou Neguinha?" (Caetano Veloso) e "História de Uma Gata" (Luiz Enriquez/Sergio Bardotti/Chico Buarque) são melhores do que as que registrou no segundo CD, "Essa Boneca Tem Manual". "Não cabia mais ter um canto só in-trospectivo para músicas tão extrovertidas. Tinha de aprender a mudar a entonação pra cada música e saber o que fazer para não machucar a voz."
Nos extras do DVD "Mul-tishow ao Vivo", Vanessa da Matta fala da infância, das influências da avó baiana, da relação com o palco, de Chico César. Há trechos de apresentações em diversas cidades, com cenas da turnê europeia. "Viajar, andar pelo mundo me alimenta muito." Ela também aparece cantando "Boa Sorte/Good Luck" com Ben Harper, além de "Um Dia, Um Adeus" (Guilherme Arantes) e "As Rosas Não Falam" (Cartola), escolha óbvia e desnecessária, de resultado duvidoso, durante a qual se emociona.
Diário do Povo