
13 de maio: onde está a liberdade?
* Pe. Francisco Barbosa
Em 1987, há exatamente 28 anos, iniciei a militância no Movimento Negro, no Grupo de União e Consciência Negra e no Grupo dos Religiosos Negros, em Fortaleza-CE. Há exatamente 10 anos, comecei a escrever sobre o Dia 13 de Maio. Pequenos textos, reflexões sobre o real significado dessa data que encontra-se no calendário.
Depois de todos esses anos decorridos, vamos perceber em uma breve análise e sem grandes esforços que somos chamados a trabalhar para que a liberdade à qual se reporta a data supra mencionada seja vivida na sua plenitude. Liberdade, respeito e dignidade não só em relação aos afrodescendentes bem como em relação às demais “minorias sociais”, que ainda sofrem por conta da intolerância ora manifesta de forma velada, explícita; ora de forma tácita, simbólica: as mulheres – duplamente discriminadas: por serem mulheres e por serem negras, idosos, crianças, jovens, portadores de alguma necessidade especial etc.
Nesse sentido, a mídia tem veiculado dia após dia episódios que nos fazem refletir sobre a real necessidade de estarmos sendo cada vez mais comprometidos com o exercício da liberdade, com a atenção à dignidade humana tantas vezes ignorada.
Sabendo que a superação do racismo e toda forma de racismo e discriminação começa com o nosso agir. Desde o nosso modo de falar, a linguagem que tantas vezes é pejorativa, com os gracejos de mal gosto e as piadas com as quais depreciamos o jeito de ser do outro, a sua maneira.
Lembro nesse sentido Santa Teresa de Calcutá que certa vez, chegando à Europa, foi interrogada por um jovem jornalista que teria perguntado-lhe: Madre Teresa, o que é necessário mudar no mundo? Madre Teresa olhou nos olhos daquele jovem jornalista, como se olhasse para o seu coração e respondeu-lhe: Meu jovem, no mundo temos que mudar duas pessoas: eu e você.
Portanto, uma realidade diferente, sem as amarras do racismo e de tantas outras “patologias sociais” terá início mediante a nossa práxis, o nosso modo de ser: eu que escrevi esse texto, você que agora está lendo o mesmo.
Para a reflexão pessoal ou em grupo:
1. Você se lembra do último episódio, notícia que viu sobre racismo, discriminação?
2. Há no Brasil a “Democracia Racial”?
3. Você sente que, de algum modo, precisa trabalhar a aceitação das pessoas que são “diferentes” de você?
Por toda forma de discriminação!
Continuemos na luta!
*Pe. Francisco Barbosa, Presbítero da Diocese de Oeiras, Pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus – Simplício Mendes-PI, Militante do Movimento Negro, e-mail: pebarbosa1965@bol.com.br, 2015