
A melhor idade

A mocidade, como tudo na vida, é passageira. A melhor idade, tão alardeada, é aceita por uns com resignação. Por outros, com indignação! Chamar alguém, ou tratar, embora de forma carinhosa de ”velho”, traz contrariedade e o inoportuno passa a figura indesejada por quem é alvo.
Com o advento dessas pílulas “milagrosas”, os setentões deitam e rolam, literalmente falando, nas paqueras e nas camas. Os bailes da melhor idade, tão benéficos para a autoestima dos que ainda se iludem com a mocidade, são terapias aceitas. Muitos, no entanto, acham “a velhice é uma miséria”, frase aqui posta decretado por ser a maneira como meu avô Ferrer (que não é o mano Ferrerzinho) se referia à chamada terceira idade. Estes, não querem nem saber das matinais promovidas por entidades voltadas para o bem estar social.
O outro mano Tadeu tem uma casa lotérica aqui em Teresina, ponto de encontro, evidentemente que em rodas na calçada do estabelecimento, de vários amigos dessa ostentada melhor idade. Brincalhão e boa praça cuida de dar atenção a todos. De vez em quanto por lá alguém exibe um “verdinho”, como é mais conhecido o estimulante sexual Pramil, fabricado no Paraguai e, por isso mesmo, bem mais em conta que os nacionais, como Viagra e Cialis. Como na roda são contadas estórias de grandes aventuras, muitas fruto da imaginação, chegam, por vezes, a causar inveja a certos ouvintes. Dia desses, presente, testemunhei uma. Martinho, 7.5, com sua aparência de freqüentador de academia, conta que precisava se cuidar mais, pois em ida recente ao “Chão de Estrelas”, iniciou paquera com garota presente e, convidou-a pra dançar, justo quando a orquestra emendou uma série de músicas românticas de seu tempo de rapaz. De repente, o “crooner” anuncia “intreval”, o que levou nosso jovial encantador a convidar a jovem para uma “merenda”. Pegou-a pela cintura e nem ultrapassou o portão que dá acesso aos vendedores de churrasquinho da calçada, quando sentiu a vista escurecer e ali mesmo caiu.
O locutor, aflito, até por já conhecê-lo há muito tempo, anuncia aos gritos. “atenção, amigos do Martinho, corram aqui! Ele teve uma “sapituca” (piripaque) e não ta dando fé de nada!” Socorrido, Martinho é levado para o pronto socorro mais próximo onde permaneceu desacordado por mais de quatro horas. Ao abrir os olhos verifica que a sua conquista permanecia junto ao seu lado, o que o levou a fazer o seguinte comentário: “minha filha, você é uma mulher fé, irmã, camarada. Não me abandonou”. E arrematou: “acho que exagerei, antes de ir para o “Chão de estrelas” comi uma “mão-de-vaca”. Questionado por amigo que o acompanhara se havia usado Viagra, respondeu meio irritado “não estou ainda precisando disso não, cara!”.
(*) Benedito Amônico é bancário aposentado do BNB.